Mal Imundo

De Carlos Correia Brandão

 

Sou o mal, informe, negro, obscuro

Manhã gelada sem esperança

Coisa ruim, anjo caído, mafarrico

Fim de dia lúgubre, cor de chumbo

Tempestade!

Sou a vara que se jogou do penhasco

Ninho de demónios que se encobrem em raras belezas…

A mentira perfeita que ilude os tontos

O espinho que atravessa o dedo dos incautos

Sou estrela da manhã invertida e incalculada

Som áspero que sufoca a garganta

Acidente premeditado e mortal

Guerreiro da encruzilhada no bosque maldito

A corda da forca que te dará a morte eterna

Longa noite de inverno nórdico

Vento gelado das estepes

Quebra-gelo encalhado

Trago a perdição e o desespero

Por mil anos, reinarei

Pela invocação do mal supremo

Aniquilando espécie por espécie

Assombrando as noites sem Lua…

 

Encontra-te, atenta — espera

Em vão!

Pois cheguei já, invadindo os caminhos com devassidão

 

SOBRE O AUTOR

Carlos Correia Brandão

Nascido em junho de 74, cedo se colou à leitura e ao cinema como vigilância de outros mundos.

Fã de Drácula, contos obscuros e tudo o que tenha que ver com ficção especulativa e terror. Incondicional adorador de Hellraiser ou The Exorcist.

Escreve diariamente contos e alguma poesia.