O Céu do Destino

de Cristóvão Correia

 

A epidemia espalhou-se como fogo em palha seca. Um a um, todos os conhecidos de Leonardo deixaram de falar, tornando-se estátuas de olhar vazio. Nada nem ninguém os acordava. Aterrorizado e impotente, Leonardo acabou por ficar sozinho na cidade. Entrou em desespero. O que faria agora?

No dia seguinte, a multidão de infectados ganhou vida.  Em passos lentos, dirigiram-se às montanhas. Leonardo seguiu-os, a medo.

A multidão silenciosa estacou no sopé da cordilheira. O céu escureceu, transformando-se num redemoinho de muitas cores.

— Vem, Destino Final! — entoou a multidão a uma só voz. — Estamos à tua espera!

O céu abriu-se numa bocarra circular e gigantesca, a aproximar-se vertiginosamente, com dentes que cresciam até ao tamanho de prédios.

Leonardo ficou imóvel, estarrecido. E o seu último pensamento foi o de como era irónico que o seu filme favorito fosse O Tubarão.

 

*Este texto foi redigido segundo o Acordo Ortográfico de 1945

 

SOBRE O AUTOR

Cristóvão Correia

Cristóvão Correia (Santarém, 1982) é, desde sempre, um apaixonado por histórias, reais ou inventadas. Gosta especialmente de literatura, cinema e séries de televisão. O seu género preferido é o fantástico.

Escreve desde os doze anos e decidiu que estava na hora de partilhar as suas obras com um público mais vasto.

Não sabe de onde lhe vem o fascínio pelo terror. Talvez dos contos tradicionais que a avó lhe contava, em criança, ou de ver os Ficheiros Secretos, na adolescência.