Maio no Passos no Escuro

Quentin Tarantino, Robert Rodriguez e uma estreia nacional.

From Dusk Till Dawn, o primeiro projeto colaborativo de Tarantino e Rodriguez, é exibido a 8 de maio. O filme perdido New York Ninja é exibido pela primeira vez em Portugal, depois de ter feito as delícias das plateias internacionais.

O Passos no Escuro volta com mais um mês dedicado ao cinema de terror e de culto. No dia 8 de maio (quarta-feira), é exibido o filme From Dusk Till Dawn, o primeiro projeto colaborativo de Quentin Tarantino e Robert Rodriguez, ainda antes de embarcarem no trabalho Grindhouse, que originou Planet Terror e Death Proof.

No dia 22 (quarta-feira), está preparada uma exibição muito especial, já que se trata de uma estreia nacional de um filme com 40 anos, recentemente descoberto, restaurado e montado, pronto a fazer as delícias dos amantes do «tão mau que é bom»: New York Ninja.

From Dusk Till Dawn surge na carreira de Quentin Tarantino imediatamente a seguir ao êxito de Pulp Fiction dois anos antes, e um ano após Desperado, a segunda longa-metragem para cinema de Robert Rodriguez. Os dois cineastas decidem aqui prestar homenagem ao cinema de ação e terror da fase exploitation dos anos 70 norte-americanos, caracterizada por excessos e transgressão. Neste filme, encontramos dois irmãos fora da lei, interpretados por Quentin Tarantino e George Clooney, que decidem sequestrar uma família com o intuito de facilitar a sua passagem na fronteira com o México. Uma vez lá chegados, devem esperar num bar pela manhã seguinte, para se encontrarem com os seus comparsas. As coisas no bar não correm como esperado e todos vão ter de enfrentar algo para o qual não estavam preparados. Tarantino assina o argumento e Rodriguez realiza esta obra que atravessa géneros e universos, partilhando personagens com Tarantinoverso. No elenco, encontramos ainda Juliette Lewis, Harvey Keitel, Salma Hayek, Danny Trejo e uma mão-cheia de outras participações dos filmes ao qual este presta homenagem.

New York Ninja é um daqueles raros objetos cinematográficos que ganha uma vida enorme quando partilhado numa sala de cinema. Em 1984, o ator de artes marciais John Liu decidiu tentar a sua sorte e fazer um filme nos Estados Unidos. Munido apenas da sua experiência de ator em Hong Kong, fez o melhor que pôde — uma história que envolve um ninja decidido a acabar com a criminalidade de Nova Iorque e um vilão com misteriosos poderes, a quem chamam o Assassino de Plutónio. Algures na produção, o financiamento acabou, o projeto foi abandonado e todas as filmagens ficaram perdidas num armazém durante 35 anos. Em 2019, a editora Vinegar Syndrome, dedicada a restaurar filmes de género, encontrou as latas desta curiosidade e, após alguns visionamentos das fitas, viram que tinham encontrado ouro. A película foi restaurada, mas não tinha quaisquer elementos de som, nem vinha acompanhada de guião para poderem montar de acordo com a intenção do realizador. Num trabalho que demorou dois anos, o realizador Kurtis Spieler montou o filme e construiu o som a partir do zero, convidando alguns atores míticos do cinema de ação dos anos 90 para dar voz às personagens (Don «The Dragon» Wilson, Cynthia Rothrock, Michael Berryman, Ginger Lynn e Linnea Quigley). O resultado final é um filme hilariante, que tentou ser um ambicioso filme de heróis e artes marciais, mas que acabou como sendo um dos melhores exemplos do género «tão mau que é bom». Depois de várias sessões um pouco por todo o mundo, o filme chega ao Passos Manuel, como um digno sucessor de The Room, que também já por lá passou.

Todas as sessões decorrem às 22 h do dia marcado, e o projeto pode ser seguido através da conta de Instagram.