23 de abril — Dia Mundial do Livro

Que livros de terror andas a ler?

Para celebrar esta data importante, perguntámos aos operários da Fábrica do Terror e aos alunos das oficinas de escrita quais os livros que lhes andavam a tirar o sono (porque não conseguem parar de ler, claro).

As sugestões que partilhamos a seguir são bastante diversificadas, mas, se ainda quiseres mais títulos para a tua pilha de livros a ler, espreita as nossas recomendações e a coluna da Marta Nazaré, Sustinhos, dedicada ao terror infantojuvenil.

Nuno Gonçalves

A Coisa, Stephen King

«Bem-vindos a Derry, no Maine. Uma cidade vulgar: familiar, ordeira e, na maior parte das vezes, um bom sítio para viver.

Mas há um grupo de crianças que sabe que há algo de tremendamente errado com Derry. É nos esgotos da cidade que a Coisa se esconde, à espreita, à espera… e às vezes sobe ao solo, tomando a forma de todos os pesadelos, do maior medo que se encerra dentro de cada um de nós.»

Patrícia Sá

A Estranha Morte do Professor Antena, Mário de Sá-Carneiro

«Neste conto de ficção fantástica ao estilo de Edgar Allan Poe (com algo de Blackwood ou H. P. Lovecraft), Mário de Sá-Carneiro explora os limites da existência, da vida e da morte na solução de um mistério aparentemente insondável.»

 

Francisco Horta

Billy Summers, Stephen King

«— É uma pessoa má?

Nick ri-se, abana a cabeça e olha para Billy com genuíno afeto.

— Fazes-me sempre a mesma pergunta…

Billy assente. Só se dedica a gente má. É o que lhe permite dormir à noite.
Billy Summers é um homem com uma arma. Assassino contratado, é o melhor naquilo que faz e só leva o trabalho a cabo se o seu alvo for um tipo realmente perverso — é a regra que não está disposto a quebrar.
Um veterano condecorado da Guerra do Iraque, é um dos melhores snipers do mundo e um verdadeiro Houdini quando se trata de desaparecer após a bala ser disparada. Mas agora Billy quer pôr as armas de lado e, para o fazer, há apenas uma última missão a cumprir. Uma proposta demasiado boa para ser recusada… Com este currículo, o que pode correr mal?
Talvez tudo. Quando Billy se instala numa pequena cidade americana — apenas um escritor que procura superar um bloqueio criativo, enquanto mantém a mira apontada ao seu alvo —, a verdade é que está longe de imaginar a teia de traição, perseguições e vingança que terá à sua espera.»

Cláudio André Redondo

Devil’s Rejects, vários autores

«O projeto deste livro nasce da experiência pessoal [do organizador da antologia] ao receber múltiplas rejeições dos [seus] contos, e tudo isto num curto espaço de tempo. Como escritor, compreende que a rejeição faz parte do processo, mesmo que seja uma experiência desagradável. Depois de acumular várias rejeições, e ao falar com vários amigos autores que tinham também bastantes contos rejeitados e não sabiam o que fazer com eles, surgiu a ideia: criar uma antologia de terror para onde os autores pudessem enviar os seus contos favoritos rejeitados e dar-lhes uma segunda oportunidade.»

(Sinopse traduzida pela Fábrica do Terror. Este livro não está disponível em português.)

 

 

José Maria Covas

Dublinenses, James Joyce

«Aos vinte e cinco anos, Joyce completou Dublinenses. As frustrações da infância, as desilusões da adolescência e o despertar sexual são narrados com clareza e sensibilidade. No conto mais famoso, “Os Mortos”, Joyce descreve uma festa natalícia atravessada por uma tensão oculta e um sentimento de desespero.»

 

Fernando Reis

Gateways to Abomination, Matthew M. Bartlett

«Transmissões de rádio bizarras atraem almas devassas para as florestas escuras do oeste de Massachusetts. Velhos sinistros de sobretudo reúnem-se em esquinas e em parques infantis. Um feiticeiro morto há muito tempo retorna à vida obscena na forma de uma velha cabra. Bem-vindo a Leeds, Massachusetts, onde os afogados andam, onde sanguessugas aladas explodem com estática enraivecida, onde a magia negra lança uma sombra sobre uma população retraída. Sintonizou WXXT. A fratura no pilar. A gota de sangue no seu leite matinal. A víbora nas veias de Pioneer Valley.»

(Sinopse traduzida pela Fábrica do Terror. Este livro não está disponível em português.)

 

Maria Varanda

Guerra Mundial Z: O Relato da Guerra dos Zombies, Max Brooks

«Trabalhando para a Comissão do Pós-Guera das Nações Unidas, Max Brooks teve acesso quase exclusivo aos arquitectos da vitória da Guerra Mundial Z. Se o relatório da ONU fornece um relato factual autorizado de tudo o que aconteceu, nesta obra, de um dos principais autores e investigadores que contribuíram para esse relatório, estão os testemunhos, feitos na primeira pessoa, dos que viveram o surto de epidemia/pandemia e que revelam o terrível custo humano deste conflito.
Do doutor Kwng Jingshu, o médico chinês que examinou o “Doente Zero”, a Paul Redeker, o muito controverso autor do Plano Laranja, Brooks falou com mais protagonistas fundamentais da Guerra dos Zombies do que qualquer outra pessoa. Ao longo deste livro, o autor revela a extensão integral das transformações sociais e políticas a que o surto deu origem. A natureza perturbadora destes relatos exige ao leitor alguma coragem. Mas, como diz Brooks, não podemos esconder-nos por detrás das estatísticas entorpecedoras dos relatórios oficiais. Chegou a altura de encarar o verdadeiro horror que foi a Guerra dos Zombies.»

 

 

Susana Silva

Hell House, Richard Matheson

«Rolf Rudolph Deutsch vai morrer. Mas quando Deutsch, um rico editor de revistas e jornais, começa a pensar seriamente sobre sua morte iminente, contrata um físico e dois médiuns para comprovarem que há vida após a morte, oferecendo cem mil dólares a cada um.

Dr. Lionel Barrett, o físico, acompanhado pelos médiuns, viaja para a Casa Belasco no Maine, abandonada e fechada desde 1949 após uma década de drogas, alcoolismo e devassidão. Por uma noite, Barrett e os seus colegas investigam a casa e descobrem exatamente por que razão os habitantes da cidade se referem a ela como Hell House.»

(Sinopse traduzida pela Fábrica do Terror. Este livro não está disponível em português.)

 

Sandra Henriques

Histórias d’Assombração, Luiz Fagundes Duarte

«Um dia, por acaso, um adolescente encontra um estranho documento que contém um pedaço de história perfeitamente crível, mas igualmente desconhecido, que explica algo que nunca ninguém conseguira explicar.
Depois disso, uma série de casos que lhe haviam contado em pequeno — com bruxas, almas penadas, esconjuros, santas milagreiras e outras coisas assombrosas à mistura — ganha um novo sentido.»

 

Pedro Lucas Martins

O Corpo Dela e Outras Partes, Carmen Maria Machado

«Histórias terrenas e surreais, excêntricas e sensuais, alegres e cáusticas, cómicas e profundamente sérias, em que o corpo pode ser inconsequente, os humanos podem ser monstros, e a raiva pode ser erótica. O Corpo Dela e Outras Partes é uma visão simultaneamente sombria e luminosa, simples e extravagante, sobre o mundo no feminino, estendendo ao leitor um espelho ligeiramente distorcido do mundo que conhecemos e um convite a repensarmos as escolhas e relações que nos definem.»

Sandra Amado

O Horla, Guy de Maupassant

«O doutor Heraclius Gloss era um homem sábio. Ainda que nas livrarias da cidade nunca tivesse aparecido o mais pequeno opúsculo assinado por ele, todos os habitantes da douta cidade de Balançon olhavam o doutor Heraclius como sendo um homem sábio.»

 

Vanessa Barroca dos Reis

O Intruso, Stephen King

«Um rapaz de onze anos é encontrado morto. Todas as evidências apontam para que o assassino seja Terry Maitland, um dos cidadãos mais queridos de Flint City, professor de inglês, marido exemplar e pai de duas meninas. O detetive Ralph Anderson dá-lhe voz de prisão. Maitland tem um álibi forte, estava noutra cidade quando o crime foi cometido, mas os indícios de ADN encontrados no local confirmam que é ele o culpado. Aos olhos da justiça e da opinião pública, Terry Maitland é um assassino e o caso está resolvido.
Mas o detetive Anderson não está satisfeito. Maitland parece ser uma boa pessoa, um cidadão exemplar, terá duas faces? E como era possível estar simultaneamente em dois lugares?
Por ser um romance de Stephen King, quando conhecemos a resposta, arrependemo-nos de ter formulado a pergunta.»

 

Marta Nazaré

O Pequeno Livro Malvado, Magnus Myst

«Ei, tu! Sim, tu! Se estás farto de livros bonzinhos, abre-me e começa a ler-me. Rápido, vá! Por favor! Preciso de ti para me tornar um livro verdadeiramente malvado. Preciso que faças de cobaia, percebes?
Mas aviso-te desde já que não sou feito para medricas nem piegas! Os meus enigmas e histórias são de deixar os cabelos em pé! E, se não tiveres cuidado, ficarás preso nas minhas masmorras para sempre…
Mas tu pareces-me um leitor fixe! E, portanto, vais atrever-te a ler-me, não vais?»

 

 

Sandra Martins

O Retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde

«Dorian Gray é um jovem invulgarmente belo por quem Basil Hallward, um pintor londrino, fica fascinado. Determinado a eternizar a beleza de Dorian numa tela, Basil convence-o a posar para ele. Numa dessas sessões, o jovem conhece Lorde Henry Wotton, um aristocrata cínico e hedonista, que o desperta para a beleza e o seduz para a sua visão do mundo, onde as únicas coisas que valem a pena perseguir são a beleza e o prazer. Horrorizado com o destino inevitável que o fará envelhecer e perder a sua beleza, Dorian comenta com os amigos que está disposto a tudo, até mesmo a vender a alma, para permanecer eternamente jovem e manter a sua beleza.
Fortalecido pelo hedonismo, Dorian trata cruelmente a sua noiva, Sybil Vane, que se suicida com o desgosto. Ao saber do sucedido, o jovem começa a notar certas mudanças subtis na sua expressão no quadro, e constata que é o Dorian do quadro que envelhece e que sofre com a passagem dos anos, ao mesmo tempo que o Dorian real permanece com a juventude e beleza intacta. Um romance gótico de horror com um forte tema faustiano, O Retrato de Dorian Gray é considerado pela crítica como a melhor obra de Oscar Wilde.»

 

Martina Mendes

Os Medos da Cidade, vários autores

«De Coimbra a Tomar, de Lisboa ao Porto, uma coisa é certa: todas as cidades têm os seus mistérios. Os Medos da Cidade reúne dez contos de vozes únicas portuguesas que abriram a caixa de Pandora citadina e que nos mostram os seres que vagueiam pelas nossas ruas, as sombras que habitam as nossas calçadas. Afinal, que segredos guardam as cidades portuguesas?»

 

Madalena Santos

Sempre Vivemos no Castelo, Shirley Jackson

«“Chamo-me Mary Katherine Blackwood. Tenho dezoito anos e vivo com a minha irmã Constance. É frequente pensar que se tivesse tido um pouco de sorte poderia ter nascido lobisomem, porque o anular e o dedo médio das minhas mãos têm o mesmo comprimento, mas tive de me contentar com aquilo que tenho. Não gosto de me lavar, nem de cães ou barulho. Gosto da minha irmã Constance, de Ricardo Coração de Leão e do Amanita phalloides, o cogumelo da morte. Todas as outras pessoas da minha família estão mortas.”
Assim inicia Shirley Jackson o seu último romance, de 1962, considerado pela crítica uma das obras-primas da literatura norte-americana. Neste, atinge o auge a sua perícia narrativa de tornar real ao leitor um mundo inverosímil, conseguindo ao mesmo tempo convencê-lo de que a loucura e o mal habitam os cenários mais comuns.»