«The Ugly Stepsister» (2025)

Um filme de Emilie Blichfeldt.

Uma mistura de The Substance e Cinderella num contexto de época.

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Maria Varanda

The Ugly Stepsister foi o filme escolhido para a sessão de apresentação à imprensa da 19.ª edição do MOTELX, no dia 16 de julho [2025].


Com o charme do humor negro nórdico, o cinema norueguês faz chegar ao mundo inteiro uma nova versão do tão famoso conto de fadas. Todos conhecem a história de Cinderela, mas, com Emilie Blichfeldt como responsável pelo argumento e pela realização, desta vez a história é sobre a meia-irmã da gata borralheira.

Passado nos anos 1880, The Ugly Stepsister foca-se no ponto de vista de Elvira, uma jovem de 18 anos cuja mãe se casa com um viúvo nobre e conhece a sua nova irmã. Com a morte súbita e quase imediata do padrasto, Elvira e a sua família encontram-se à beira da penúria e há apenas uma solução: casar Elvira com um homem rico. O problema de Elvira não corresponder aos padrões de beleza da época é solucionado quando a jovem e a sua família embarcam numa tortuosa escolha de dor, ganância e futilidade no caminho da beleza.

Apesar de ser um filme de época, para mais baseado num conto de fadas, The Ugly Stepsister consegue abordar temáticas que, infelizmente, se mantêm atuais (e cada vez mais presentes) nos dias que correm.

Tendo a beleza como mote, o filme mostra toda a fealdade por trás, desde o processo doloroso de procurar corresponder a padrões de beleza irrealistas ao baixar da cortina que revela o homem básico que se esconde na máscara de príncipe e cavalheiro. Até a Cinderela tem a sua imagem de pureza manchada, distanciando-a da inatingível princesa da Disney e tornando-a mais humana.


The Ugly Stepsister é uma longa-metragem de quase duas horas que faz um jogo interessante de estética e simbolismo entre o aprazível e o desprezável, e que nos relembra que o mundo fútil em que vivemos se move em redor de duas coisas: beleza e dinheiro.


As críticas têm sido bastante generosas, o que certamente é uma recompensa pelo empenho de todos aqueles envolvidos no filme, em particular do elenco, que representa com uma crueza real os seus papéis fictícios.

Juntando-se à longa lista de terror moderno femininista, sem o final feliz típico do cinema norte americano, The Ugly Stepsister não estará na minha lista de favoritos de 2025, mas é relevante o suficiente para não cair no abismo sobrelotado de filmes que devem ser esquecidos.

As datas de estreia nos cinemas portugueses são pouco de fiar este ano, com a chegada ao grande ecrã de The Ugly Stepsister a ser protelada para agosto de 2025.


Para aqueles que gostam de terror corporal que suporta a história, e não uma história feita para suportar terror corporal, The Ugly Stepsister poderá ser uma opção viável para uma noite bem passada.



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Maria Varanda

Diz-se que nasceu em Portugal em 1994, pelo menos nesta reencarnação. Quando a terceira visão está alinhada, brotam ideias na sua mente que a inquietam e tem de as transcrever para o papel para sossegar o espírito. Chamam-lhe imaginação, mas se calhar as ideias vêm de outro lado, e Maria serve apenas de meio de transmissão. Procura-se quem queira ouvir a mensagem.

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