Aberturas
de Miguel Santos Teixeira
É nas abissais profundezas do oceano que se escondem as mais terríficas aberturas. Nas escarpadas montanhas subaquáticas, a coberto de um manto gélido e asfixiante, onde tudo o que se move e ousa respirar o faz na total ausência de luz. Quem se atreve a entrar nestes hostis cenários segue que nem cego de sentidos, tendo o medo como único guia. Percorre este gigante assustador, que nos suga qualquer esperança, num vazio de tudo, numa angústia que se cola à pele. Segue, sem muito pensar, pois tudo são incertezas. Até que, de uma fenda na rocha, algo enorme e inimaginável se lança voraz à sua presa. E num ápice, tudo igual. Silêncio. Mortal. Na mais negra das noites. Ali, de onde coisa alguma retorna, para sempre ausente num indistinto, embora cruel, destino.
SOBRE O AUTOR
Miguel Santos Teixeira
Data de 24 de fevereiro de 1966 a sua primeira aparição neste planeta. O mesmo que haveria de assistir ao seu crescimento no campo das Letras, numa primeira fase na área da Comunicação, enquanto redactor publicitário, vulgo copywriter, e, desde que se lembra, como romancista, prosador, poeta, u name it. Muitos concursos, alguns contos selecionados pelo caminho, alguns livros editados e uma vontade sempre crescente em deitar cá para fora o que não cessa de lhe surgir na cabeça. Diz que é criatividade. Que seja, desde que alguém goste.