O Fogão

de Paula Estêvão

 

Ele lembrava-a que tinha solução para o problema. Apesar de nunca mais ter encontrado o Melquisedeque, já lá vão para mais de 15 anos, recordava que ele sabia construir um fogão em qualquer casa.

Era, portanto, apenas uma questão de o encontrar.

― E se ele morreu? — perguntou ela.

― Essa agora! Tu e essa percepção negativa da realidade! Caramba, até me assustas!

― Estou só a ser advogada do Diabo! É preciso ter um plano B! Ou mesmo C!

― Se ele morreu, há sem dúvida mais alguém que saiba fazer!

― Mas demora tempo, com certeza!

― Tu pões-me fora de mim! Se não tivermos fogão, fazemos um churrasco! Pronto, tá resolvido!

― O fumo pode atrair curiosos! E tu sabes que já andam à procura do miúdo há uns dias!

Ele ficou em silêncio. Ela tinha razão.

 

*Este texto foi redigido segundo o Acordo Ortográfico de 1945

SOBRE A AUTORA

Paula Estêvão

Economista, contista e novelista. O seu sangue possui emoção, hemoglobina, terror, mar, plasma, saudade, e tantos mais sons e cores… Gosta de escrever, ler e mergulhar no oceano. Em 2022, publicou o seu primeiro conto, integrando uma antologia intitulada Nem Sempre os Pinheiros São Verdes II, da editora Poética Edições.

Transporta dentro de si todas as palavras que ainda não escreveu.

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