«Desaparecer por Completo»

Um filme de Luis Javier Henaine na Netflix.

Entre fotografias e mortos, Desaparecer por Completo traz um novo twist ao mundo do terror fotográfico.


Maria Varanda

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Para aqueles que se perguntam como raio é que eu tenho tempo para ver tantos filmes de terror, informo que tenho por hábito aproveitar a hora do jantar para pôr as visualizações em dia.


Ultimamente, o desespero já era grande, e as refeições já eram insonsas, com tamanha ausência de bons filmes de terror em streaming. Mas às vezes até eu falho, e a Netflix tinha esta pérola escondida: Desaparecer por Completo.


Estou a falar-vos de um filme mexicano, e só isso promete logo muito. Para aqueles que discordam: pensem melhor, porque claramente não pescam nada disto.

Fartos de saber estão vós, que tão abençoadamente seguem a Sessão da Noite, que aqui a vossa redatora tem muitas pancadas. Recordo-vos de uma: mitologias, bruxarias e costumes tradicionais, particularmente aqueles que fogem ao meu quotidiano (inserir demoniozinho a franzir sobrolho). Um dos meus gostos particulares (porque, segundo os ensinamentos do tio Stephen King, o meu osso sinistro é um bocado maior do que o dos outros) é a bruxaria mexicana e as proporções hardcore que ela pode atingir. E este é o único spoiler que vos vou dar.

Desaparecer por Completo segue Santiago, um fotógrafo cuja arte faz recordar a essência de Louis Bloom em Nightcrawler, e que se encontra numa situação que desafia não só as suas crenças como os seus limites.


O filme está cheio de maravilhosos cenários, com cenas de morte arrepiantes e ainda mais arrepiantes cenas sem escrúpulos nenhuns que nos fazem ficar colados ao ecrã e pensar «sou capaz de ter um problema».


Com a maravilhosa atuação de Harold Torres (Santiago) e do elenco de suporte, em conjunto com uma incrível gestão de… bem… tudo, Desaparecer por Completo é o primeiro filme em muito tempo que me fez esquecer o jantar. É o primeiro filme, em muito, muito tempo, que me fez esquecer que era só um filme. A forma como as sensações, além da visão, passam de forma tão real que são completamente sentidas pelo espectador devia ser considerada uma forma de arte.

O filme em si não é assustador no sentido clássico da palavra, mas traz novas sensações que, se nos pusermos no lugar das nossas personagens, são mais aterradoras que qualquer susto, suspense, demónio ou monstro.

Aconselhando alguma discrição por parte dos espectadores, dado as cenas de morte que podem incomodar algumas mentes, entre violência animal, Desaparecer por Completo está disponível na plataforma de streaming Netflix.

Vemo-nos na próxima Sessão da Noite e, até lá, cuidado com aquilo que fotografam.


Maria Varanda

Diz-se que nasceu em Portugal em 1994, pelo menos nesta reencarnação. Quando a terceira visão está alinhada, brotam ideias na sua mente que a inquietam e tem de as transcrever para o papel para sossegar o espírito. Chamam-lhe imaginação, mas se calhar as ideias vêm de outro lado, e Maria serve apenas de meio de transmissão. Procura-se quem queira ouvir a mensagem.