Opinião sobre «Alice: Madness Returns»

«Alice no País das Maravilhas», mas com um twist.

Todos, ou quase todos — uma vez que tive de revisitar o mundo de Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll — nos lembramos da história em que uma menina, Alice, se perde por um mundo de fantasia ao seguir o Coelho Branco.

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Martina Mendes

É a curiosidade que leva Alice a segui-lo e a entrar num mundo de sonhos ou, pelo menos, é o que aparenta.

Confesso que todos os contos infantis me passaram um pouco ao lado enquanto criança. Lembro-me vagamente de Alice e dos seus vestidinhos e da Rainha de Copas, que eu sempre odiei.

Do que me recordo é de jogar American McGee’s Alice, o videojogo lançado em 2000 — dessa versão, lembro-me. Uma Alice adolescente que também segue o Coelho Branco, mas, desta vez, em sonhos — um sonho em que as regras não são as mesmas. Todas as personagens, que conhecíamos por serem não só estranhos, mas excêntricos, são agora escravos. Alice tem a missão de os libertar.

Munida da sua enorme faca de cozinha — a minha preferida de todas as armas —, enfrenta os diferentes monstros e, ao fazê-lo,  pequenos pedaços da realidade vão descodificando o porquê de Alice estar naquele mundo.
Mas é em Alice: Madness Returns que, para mim — talvez por já ser mais velha —, as peças do primeiro jogo começam a fazer sentido.


A família de Alice está morta, todos vítimas de um incêndio. A única sobrevivente? (É preciso o rufar de tambores?) A nossa querida personagem. No entanto, ao contrário do primeiro jogo, aqui somos levados pela história através de pequenas memórias, ora da sua família, ora do psicólogo que a acompanha na casa de acolhimento.


Tudo está fragmentado, mas vamos conseguindo unir as peças e entender que Alice no País das Maravilhas é, afinal, a representação do estado fragmentado da mente. Quase como se se tratasse de uma proteção contra o trauma que sofreu. Existe só um detalhe: Alice é uma badass — ou assim se representa no mundo distópico que criou para si própria —, tornando-se não só a heroína como, também, a criadora da sua própria queda. Literalmente.

Não, não vamos à psicologia da coisa. Mas… belo detalhe.

O sarcasmo no discurso é fenomenal, e a violência com que enfrentamos os diversos monstros dá-nos vontade de ainda dar mais porrada nuns quantos — incluindo no raio do psicólogo.

Os gráficos melhoraram significativamente quando comparados ao primeiro — também se passaram anos, eu sei —, mas toda a essência e ambiente se mantêm. Alice está apenas um pouco mais… louca. Acredito que o mais correto é que, de facto, crescemos todos, o mundo está louco e nós vamos atrás. A forma como Alice o enfrenta (será que enfrenta mesmo, uma vez que o mundo foi criado por ela?) é a melhor forma que encontrou de sobreviver. Neste caso, com uma faca (atenção, existem mais armas, mas o facalhão é realmente o meu preferido), vamos cortando caminho à medida que avançamos. Um caminho que aumenta de dificuldade.
(Não se conta a ninguém que fiz beicinho e pedi ao namorado que passasse uma certa parte. Ou a parte em que o chat gozou comigo por cometer uma e outra vez o mesmo erro.)

Agora, o que fica a faltar: Alice: Asylum, o terceiro jogo desta série — quando provavelmente conheceremos não só o pior estado da loucura em que Alice se encontra, mas também toda a verdade sobre o incêndio que dizimou a sua família. Será que há alguma justificação para se sentir culpada? Seria um clichê, mas todos sabemos quão bem os clichês funcionam…


Podem comprar o jogo no Steam e, ao comprar Alice: Madness Returns, têm acesso ao primeiro jogo: American McGee’s Alice.


Também podem ver-me a jogar (ou a tentar) no meu canal da Twitch, onde as segundas-feiras são dedicadas ao terror!

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Martina Mendes

Habituada ao terror desde nova, Martina via filmes assustadores para adormecer. Até hoje, não consegue terminá-los. É por isso que escreve sobre terror e que, mais recentemente, joga dentro do género. Com os jogos, definitivamente, não adormece!

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