Recomendações de livros para ler em dezembro
Acabar o ano a relembrar o poder dos livros.
Duas obras que mostram como uma distopia e a realidade podem não ser assim tão distantes.
Para o mês de dezembro, trago duas recomendações que falam da censura de livros e que, por muito diferentes que possam ser, têm muito em comum.
O primeiro é Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, publicado pela primeira vez em 1953. É uma distopia em que seguimos um bombeiro, Guy Montag, cujo trabalho é queimar livros e as casas daqueles que ilegalmente os escondem. Guy acaba por passar muito da sua vida a fazer apenas o que é esperado dele, sem questionar muito a razão da lei. Isto até conhecer uma rapariga, Clarisse McClellan, que o faz ver o mundo de forma diferente, a questionar a sociedade onde vive e aquilo que tem feito toda a vida, começando a tomar um rumo que nunca achou que tomaria. Vemos essencialmente a evolução de uma personagem conformada, para alguém que começa a pensar sobre o que realmente está a acontecer, principalmente no motivo de o governo se esforçar tanto para eliminar livros. É uma história que, por mais distópica que seja, não está assim tão longe da realidade, o que também se reflete na próxima recomendação.
A Rapariga que Roubava Livros, de Markus Zusak, é um livro de ficção histórica passado na II Guerra Mundial, onde seguimos uma rapariga de nove anos, Liesel, a viver na Alemanha Nazi. É no tempo que vive com uma família de acolhimento que Liesel aprende a ler e a escrever, e que se confronta com a censura e opressão que existem fora de casa. Uma das características mais interessantes desta história é o facto de ser narrada pela Morte, pelo que nos surpreendemos com o carácter vivo e positivo de grande parte das descrições. É um livro que nos faz pensar sobre o passado através de uma perspetiva única: afinal, a Morte, que achamos sempre que se deverá contentar com o pior que existe, por a considerarmos a antítese da Vida, não é nada daquilo que pensamos, e é ao ver o mundo e a vida de Liesel pelos seus olhos que este livro nos leva a pensar.
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Madalena Feliciano Santos
Madalena Feliciano Santos nasceu em 2001, em Lisboa. A partir do momento em que leu The Shining, nunca mais largou o terror, estreando-se como autora na antologia Sangue Novo, em 2021, com o conto «Sonhei com uma Linha Vermelha». Frequenta o Mestrado em Tradução da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, a trabalhar, sobretudo, sobre a tradução de literatura de terror.





