Recomendações de livros para ler em outubro
Opções diferentes em preparação para o Dia das Bruxas.
Desde contos bizarros de uma vencedora do Prémio Nobel, a um autor português reconhecido, ao mestre do terror.
Para o mês de outubro, venho recomendar três livros.
O primeiro é Histórias Bizarras, de Olga Tokarczuk,
vencedora do Prémio Nobel da Literatura em 2018, traduzido do polaco por Teresa Fernandes Swiatkiewicz. Este livro compila dez contos muito diferentes entre si e, de facto, muito bizarros. Desde assombrações e pesadelos, a pessoas verdes que existem para lá da periferia do mundo, à vida de um homem de 50 anos que ainda parece uma criança, à forma como o luto pode levar alguém a ver o mundo de uma forma diferente — ou até fazer dele algo estranho e irreconhecível —, a uma realidade onde uma pessoa pode ter vários «égonos» de si própria, que representam fisicamente várias facetas, a transições entre ser humano e animal, a clonagem de santos, e até à construção de mundos, rituais e crenças completamente diferentes daquelas a que estamos habituados.
É um livro que mistura o fantástico, o humor, o grotesco e que, acima de tudo, nos oferece histórias para refletir. Se, em determinados contos, o terror existe de forma evidente na história e como o seu ponto central, noutras chega-nos através das implicações e reflexões sobre o que acabámos de ler. É um ótimo livro tanto para quem procura vozes diferentes como para quem não costuma ler terror — e gostaria de se aventurar por histórias que podem inserir-se em vários géneros.
A minha segunda recomendação é O Físico Prodigioso, de Jorge de Sena.
É um livro estranho passado na Idade Média, que mistura pactos com o Diabo com cavaleiros, donzelas, padres, demónios, rituais, sexo e muito mais. Tem também uma estrutura muito particular onde, por vezes, uma mesma etapa da narrativa é descrita de duas formas, graficamente colocadas ao lado uma da outra na página: uma mais limpa e neutra e outra que se poderá dizer mais chocante e indecente. A história começa quando um jovem vende o corpo ao Diabo para, em troca, ganhar poderes, andando de castelo em castelo para ajudar a curar donzelas doentes. Sem querer revelar muito da história, depois de um incidente que envolveu uma rainha, é perseguido pelo facto de as suas técnicas de curandeiro não se alinharem com o que era aceitável na época e, em especial, com a Igreja. Foi certamente uma obra muito à frente do seu tempo, uma viagem como nenhuma outra e que surpreende até à última página. É um livro para quem gosta de uma mistura de estranho com terror, muito à volta da religião, e para quem procura livros fora do comum, especialmente escritos por autores portugueses.
No mês de outubro, em preparação para o Dia das Bruxas, não podia faltar também uma recomendação do Stephen King.
Dentro do tema das casas assombradas, The Shining é um dos meus livros favoritos. É um clássico para esta altura do ano e um livro que nos suga para dentro dele, criando um ambiente e uma tensão que quase parecem saltar das páginas. Jack Torrance, aspirante a escritor, aceita um trabalho como zelador de um hotel durante os meses de inverno e, por isso, vai viver para lá, só com a mulher e o filho de cinco anos. O hotel já se encontra num sítio isolado, pelo que conseguem imaginar o que acontece nos meses de inverno com a neve. Percebemos também que o zelador anterior acabou por enlouquecer e matar a família. Além disso, sabemos que o filho, Danny, não é uma criança normal: tem poderes psíquicos que começam como intuições e premonições, mas que se desenvolvem no hotel. É daqueles livros em que estamos constantemente a pressentir que algo mau vai acontecer, um pressentimento que vai aumentando a pouco e pouco, perfeito para quem gosta desta espera e deste tipo de terror.
Já leram algum destes livros?
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Madalena Feliciano Santos
Madalena Feliciano Santos nasceu em 2001, em Lisboa. A partir do momento em que leu The Shining, nunca mais largou o terror, estreando-se como autora na antologia Sangue Novo, em 2021, com o conto «Sonhei com uma Linha Vermelha». Frequenta o Mestrado em Tradução da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, a trabalhar, sobretudo, sobre a tradução de literatura de terror.