Sustinhos — «Contos de Arrepiar», de Altea Villa

Dez adaptações juvenis dos clássicos de terror mais memoráveis.

A autora Altea Villa reuniu histórias icónicas de autores consagrados, adaptou-as para os mais novos e apresentou-as de uma forma simples e apelativa. Com a ajuda do ilustrador Víctor Medina, não se pouparam esforços para envolver o leitor no nevoeiro do horror. 

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Marta Nazaré

Recomendado para 7+

Confesso que o slogan da contracapa me desmoralizou. «Terás a coragem de ler este livro?» já é algo tão batido no terror que não teria despertado em mim curiosidade suficiente para abrir esta obra.

Numa primeira análise, o que me fez virar a primeira página foram as ilustrações assombrosas de Víctor Medina. Com uma paleta de castanhos, cinzentos e laranjas em fundo negro, o ilustrador arrebatou-me. As figuras bem desenhadas prometiam conduzir-me novamente por caminhos que eu mesma já tinha trilhado no meu estudo deste género literário, e deixei-me seduzir mais uma vez pela seleção soberba de autores que marcaram gerações — Oscar Wilde, Mary Shelley, Bram Stoker, etc.
Comecei a ler.
Envolvi-me no fascinante terror psicológico de Edgar Allan Poe e de Robert Louis Stevenson, mergulhei na aura de misticismo gótico de Drácula e experienciei o horror existencial de Frankenstein. Foi uma boa surpresa encontrar os Irmãos Grimm nesta antologia e reviver Hänsel e Gretel, perdida na floresta juntamente com os dois irmãos.
Cada adaptação de Altea Villa respeita o espírito dos contos originais. Num ambiente controlado — que já se espera do terror infantojuvenil —, aborda-se o medo, a culpa, a loucura e dilemas morais, sem intimidar (muito) os jovens mais sugestionáveis. O ritmo de leitura é bastante ágil, sempre com uma introdução envolvente e esclarecedora no início de cada história, uma espécie de enquadramento (ou advertência) ao leitor sobre o imaginário em que está prestes a entrar.


Esta antologia bem conseguida é, sem dúvida, uma excelente introdução ao género do terror, capaz de despertar interesse pelos clássicos nos leitores mais pequenos.


Vejo-a como um convite irresistível para o universo dos grandes «mestres do medo», povoado de antigas sombras, personagens atormentadas, todas as características que os mais crescidos identificam nas histórias destes autores conhecidos. A atmosfera permanece perturbadora e as emoções impactantes.
A edição é visualmente atrativa, com capa dura e ilustrações a complementar o tom sombrio das histórias sem cair em exageros. O design gráfico contribui para a imersão nos vários mundos, tornando o livro uma experiência estética e enriquecedora.
Contos de Arrepiar, traduzido por Igor Lobão e lançado em Portugal pela Nuvem de Letras, da Penguin Random House, é um item de colecionador. Promete assombrar as prateleiras de qualquer fã de terror clássico.

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Marta Nazaré

Marta Nazaré, nascida em Lisboa, a 5 de março de 1981, é formada em Letras e Tradução de Inglês. Dedica-se a tempo inteiro à tradução de livros infantojuvenis e à legendagem de filmes e séries.
Descobriu o terror em tenra idade na papelaria do bairro que vendia a coleção «Arrepios», de R. L. Stine. Ainda hoje, o terror infantojuvenil é o seu género preferido.

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