50 autores de terror nacional
A Fábrica do Terror já publicou meia centena de autores portugueses no género de terror.
Em pouco mais de um ano, a Fábrica do Terror não só prova que existe terror português — um facto, sim, embora pouco conhecido do público-geral — como vem mostrar que o talento literário neste género é abundante e extremamente diverso.
Foi com muita satisfação — embora não tanta surpresa — que, ao darmos vida a este portal, vi chegar vários contos de terror à nossa caixa de submissões.
Julgo que as pessoas que gostam de terror acabam sempre por se encontrar — talvez haja uma força gravitacional, uma estrela negra como centro, que nos atrai para o mesmo espaço. É também este o caso da escrita, parece-me. Os autores que apreciam a exploração do macabro, do desconfortável e do assustador sabem que há verdade no que escrevem, que as suas palavras são parte do mundo, por mais fora dele que possam por vezes parecer.
O mesmo talvez não se pudesse dizer dos escritores sem apetência por este género, que não gravitam em torno dessa estrela negra. Mas a verdade é que um escritor é um escritor, independentemente do género em que decida expressar-se e contar a sua história. Assim, também esses autores sentiram algo — um chamamento, uma curiosidade, uma necessidade de exploração.
Foi esta mescla que, durante pouco mais de um ano de existência, nos foi chegando: autores novos, experientes, aventureiros, entusiastas, decididos ou resistentes. Autores de todo o país e fora dele, de todas as idades e dos mais diversos contextos literários. Uns com contos praticamente finalizados, outros que precisariam de bastante edição, e que não puderam, por isso, ser selecionados, e ainda aqueles que, não sendo escolhidos, voltaram a tentar com novos textos, persistindo, melhorando, acreditando na sua escrita. Todos estes autores tiveram a coragem de expor o que escreveram, de sair de si e de dar esse passo rumo ao desconhecido. Todos estão de parabéns por essa intrépida decisão.
À data deste artigo, a Fábrica do Terror já publicou um espantoso número de 50 autores, muitos deles com vários contos, onde se exploram múltiplas e aterrorizantes premissas. Estes são os seus nomes, para a posteridade:
A. M. Catarino
Alcides Cunha
Álvaro Oliveira
Ana Catarina Rodrigues
Ana Loura
André Moreira
Andreia Azevedo Moreira
António Bizarro
Carlos Correia Brandão
Catarina Pinto
Catarina Prata
Cláudio André Redondo
Cristóvão Correia
Diogo Lopes
Francisco Horta
Giuseppa Giangrande
Goataçara
Guilherme Berjano Valente
Joana Amores
Joana Santos
José Maria Covas
Júlia Pinheiro
Liliana Duarte Pereira
Maria d’Anciães
Maria Varanda
Marisa Fontinha
Marta Nazaré
Martina Mendes
Miguel Gonçalves
Nelsenstein
Nuno Amaral Jorge
Nuno Gonçalves
Patrícia Lameida
Patrícia Sá
Paulo Fernando
Pedro Lucas Martins
Raquel Fontão
Ricardo Alfaia
Ricardo Figueira
Rita Santos
Sandra Amado
Sandra Henriques
Sandra Martins
Sebastião Maia
Sónia Cebola
Susana Silva
Telma Cebola
Tiago Ferraz
Tiago Rodrigues
Vanessa Barroca dos Reis
Foi pela extensão desta lista, e por percebermos a enorme qualidade do que nos era enviado, que decidimos publicar uma antologia para agrupar o melhor do que nos foi submetido em 2022. A coletânea englobará 37 autores e será lançada em 2023.
Esta decisão vem na sequência de uma outra antologia já publicada pela Fábrica do Terror, em 2022, pela época natalícia — Onze Contos de Natal (que podem ler aqui).
É com um enorme orgulho que acolhemos esta missão de divulgar a literatura nacional de terror, mas também de a fomentar, de a ajudar a crescer. É esta, aliás, a razão pela qual lançámos os vários níveis da oficina de Escrita de Terrorr (todas as informações aqui), para guiar novos escritores e proporcionar-lhes referências e ferramentas dentro do género, bem como as oficinas Via do Medo (todas as informações aqui), onde os participantes partilham os seus textos e tecem comentários sobre os mesmos, num processo de melhoria contínua. Por estas oficinas, já passaram, e continuam regularmente a passar, autores já publicados pela Fábrica do Terror.
Não tenho dúvidas de que ainda terei a possibilidade de conhecer muitos mais autores que gostam ou querem escrever terror neste país — ou além-fronteiras. Assim, encaro estes 50 autores como um começo. Certamente, com tempo, serão uma centena. E muito mais. Porque sei que aquela força — aquela estrela ou buraco negro — continua a puxar. E nós, aqui no centro, estamos à espera para vos receber.
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Pedro Lucas Martins
Pedro Lucas Martins nasceu em 1983, em Lisboa. Desde aí, não se lembra de uma altura em que não gostasse de terror.
Com estes gostos, preocupou toda a gente à sua volta. Naturalmente, insistiu e venceu-os pelo cansaço.
Agora, entre outras coisas, escreve e edita ficção de terror, tendo sido esta reconhecida com o Prémio António de Macedo (2018) e com o Grande Prémio Adamastor da Literatura Fantástica Portuguesa (2020). Em março de 2022, cofundou a Fábrica do Terror, onde desempenha a função de editor literário.