«The First Omen» (2024)

Um filme de Arkasha Stevenson.

Esta Sessão da Noite, temos mais freiras, mas prometo-vos que estas são as melhores até agora.


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Maria Varanda

Já passou muito tempo desde os meus 14 anos de idade, mas as coisas que nos marcam na adolescência tendem a não nos abandonar com facilidade. Não estou a falar de eventos traumáticos, namorados nem piercings que correram mal, estou a falar de filmes, como é óbvio. E o filme é The Omen, na versão original de 1976, bestialmente traduzido para Génio do Mal (e acreditem que, em miúda, esta crise das traduções já me incomodava: «é óbvio que o puto é mau» — pois era, pequena Maria, pois era).

O original Génio do Mal de 1976 é um puro e inegável clássico que, podendo a alguns olhos envelhecer muito mal e a outros parecer uma ideia já gasta (agora, tanto tempo depois), continua a ter a sua marca na parte do meu cérebro que não saiu da adolescência. Não vamos discutir o quão grande ou não é essa parte.

Génio do Mal: o início (DEUS, PORQUÊ?!) pretende apresentar-se como a história de origem de Damien e traz-nos uma freira americana (sim, eu sei) que se muda para Roma (sim, eu sei) e vê a sua fé questionada por forças malignas inexplicáveis (eu sei, eu sei, ouçam-me um segundo).

O filme perde porque estreou em Portugal depois de Imaculada, isso é um dado que ninguém pode negar.


Génio do Mal: o Início é o verdadeiro filme de origem que nenhum de nós sonhava precisar.


A história bem construída consegue envolver o espectador e, até, nos seus inícios, distraí-lo do verdadeiro propósito da película: apresentar-nos a conceção e nascimento do Anticristo. Apesar de não conseguir entregar uma verdadeira e pura reviravolta — já sabemos para o que viemos e, ao longo do filme, percebemos o que vai acontecer (ou seja, qual é a reviravolta final), Génio do Mal: o Início está bem construído, com pequenas surpresas em toda a história.

Posicionando-se como um filme de terror de época, remontando a Roma nos anos 70, Génio do Mal: o Início consegue passar credibilidade nas personagens, no contexto histórico e no ambiente por vezes quase psicadélico, alusivo aos estados emocionais e espirituais das nossas personagens. Por trás? Uma conspiração de décadas, talvez séculos, que, embora pareça ter muito em comum com o seu primo filme de freiras e de terror mais recente, também em muito o supera.


Com um excelente uso de imagem, banda sonora, história estruturada e desempenhos fenomenais de todos os atores, Génio do Mal: o Início deveria ser o favorito de toda a gente dentro da categoria de terror com freiras de 2024. O meu é de certeza.



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Maria Varanda

Diz-se que nasceu em Portugal em 1994, pelo menos nesta reencarnação. Quando a terceira visão está alinhada, brotam ideias na sua mente que a inquietam e tem de as transcrever para o papel para sossegar o espírito. Chamam-lhe imaginação, mas se calhar as ideias vêm de outro lado, e Maria serve apenas de meio de transmissão. Procura-se quem queira ouvir a mensagem.

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