A Fábrica fez parte de um culto, mas saiu com vida.
Alguns elementos, pelo menos…
A Seita é uma produção do Projecto Casa Assombrada.
Fomos ver A Seita, a última experiência do Projecto Casa Assombrada, e é possível que tenhamos entrado num culto.
Mas vamos por partes. A Seita é uma experiência de teatro imersivo onde várias pequenas histórias decorrem em espaços diferentes.
Os espectadores podem deslocar-se livremente por todos os espaços e seguir as histórias que mais lhe interessam. Isto permite ir apanhando fragmentos do que está a acontecer e, no final, tentar juntar os pedaços para se perceber o que aconteceu naquele local. Esta opção é muito interessante, sendo impossível não ficarmos com a sensação de não sabermos tudo, apenas partes, tal como na vida real.
Esta é uma peça de pessoas desajustadas da sociedade, pessoas que caíram no desespero, ou que nunca encontraram paz no meio dos seus demónios. São personagens ostracizadas pelo mundo que se foram afastando do mesmo até encontrarem na figura da mãe Helena o conforto de alguém que os aceita e ama como eles são. É uma mãe que lhes promete o mundo se a seguirem cegamente. Nesse mundo, deixarão de ser estranhos para passarem a ser a norma, basta que a profecia se conclua com a chegada da sua filha.
Apesar de ser uma peça onde o propósito é observar, por vezes é pedido aos espectadores que participem nas ações, tornando-se também eles parte do culto.
As personagens são magistralmente representadas pelos atores, havendo vários momentos em que o desconforto das suas histórias é elevado, seja por tocarem em temas sensíveis ou pelas próprias situações, que mostram o quão violento e ao mesmo tempo frágil o ser humano pode ser.
Não iremos revelar o final da história, mas podemos dizer que nos surpreendeu pela forma brilhante como foi executado. No fim, fica a sensação de que aquelas personagens se tornaram um pouco uma família. Talvez também nós sejamos um pouco desajustados, tendo encontrado ali alguém que nos entende.
As experiências do Projecto Casa Assombrada esgotam sempre num piscar de olhos. Mas ainda encontras alguns bilhetes à venda aqui.
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Cláudio André Redondo
Apaixonado pelos livros desde os oito anos. Desde essa idade que sempre se aventurou pela escrita e foi acumulando histórias na gaveta, mas só recentemente começou a contar histórias de terror. É nesse género que encontra, atualmente, o maior prazer de escrever, sentindo por vezes que abriu uma porta para um lugar sombrio de onde figuras negras procuram sair. A gaveta abriu-se, resta saber o que de lá vem.