«De uskyldige» («The Innocents», 2021)

No verão nórdico, Ida e Anna mudam-se para um novo lar onde travam amizade com duas outras crianças.

São três crianças e uma adolescente com autismo a brincar. O que é que pode dar para o torto?

Maria Varanda

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No verão nórdico, Ida e Anna mudam-se para um novo lar onde travam amizade com duas outras crianças, com quem exploram os seus poderes psíquicos no que é, inicialmente, uma brincadeira. São três crianças e uma adolescente com autismo a brincar. O que é que pode dar para o torto? Na realidade, tudo.


De uskyldige, ou Os Inocentes, é uma longa-metragem de terror cujo enredo é o epítome de corrupção da inocência — uma ovação a Eskil Vogt, argumentista e realizador desta obra cinematográfica.

Não há cenas paradas, só muitas cenas difíceis de ver sem ceder à vontade de desviar a cara. Todos os detalhes colocados na história são importantes ao seu acontecimento e não se usam temáticas com o simples propósito de chocar ou ser tema de conversa. Muito por outro lado, Eskil Vogt consegue perturbar o espectador desde o início da história até ao final, conseguindo fazer-nos sentir empatia por todas as personagens e que haja justiça no final do filme. Logo no início, uma brincadeira infantil toma proporções claramente desumanas (aviso: violência animal, pode causar náuseas persistentes no tempo); mas, se o espectador acha que sabe para onde a história se dirige, acredite: não sabe. Pelo menos, não completamente.

A escolha do elenco é igualmente certeira, com níveis de atuação que ainda mal acredito pertencerem a crianças, com um aplauso especial para Alva Brynsmo Ramstad, cuja estreia é nada mais nada menos do que marcante.


Ao longo de todo o filme, o espectador poderá sentir arrepios a elevar-lhe os cabelos da nuca, e as mãos poderão tomar vida própria, querendo tapar-lhe a vista para proteger a réstia de inocência que ainda reside em si.


Assim, sem desvendar mais sobre o filme a não ser a sua excelente história e execução, recomendo que os amantes de terror interessados dispensem as quase duas horas necessárias ao desenvolvimento e conclusão de De uskyldige.