Desafio de escrita de terror

12 meses, 12 temas e 3 níveis de dificuldade

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Pedro Lucas Martins

O nosso livro está à venda!

Há vários conselhos que podem ser dados a novos escritores — ou a velhos escritores que nunca tenham pensado sobre o assunto e estejam dispostos a tentar coisas novas.


O primeiro é um clássico: «mostrar, não contar».


Este conselho não deve ser encarado como uma regra, já que há várias ocasiões onde é perfeitamente válido «contar e não mostrar». Ainda assim, há uma propensão entre novos escritores para adjetivar em demasia (nervoso, triste, assustado), sem permitir ao leitor perceber de que forma esta caracterização se manifesta na personagem (olhando repetidamente para o relógio, ficando em silêncio de olhos húmidos, sentindo arrepios pelas costas abaixo). O objetivo, assim, será tentar encontrar um equilíbrio, pintando uma imagem mais vívida ao leitor.


O segundo, e pegando na vividez, tem o objetivo de transportar o leitor para o texto, envolvendo-o, literalmente, em mais do que um sentido.


É para esse efeito que se usa a escrita sensorial. Podemos e devemos utilizar os vários sentidos para dar substância à descrição dos textos — não apenas a visão, cuja perspetiva terá sempre tendência a dominar a escrita.


O terceiro, mais óbvio, mas talvez também o mais importante, é o de ler muito, porque os bons escritores só se formam nos alicerces da palavra escrita.


Nem todos os leitores são bons escritores, mas todos os bons escritores são bons leitores. Não podemos esperar ser bons profissionais no ofício de escrita se ignorarmos um dos seus principais instrumentos de aprendizagem — não apenas para trabalhar o vocabulário e a gramática, ou para estar exposto a diversos estilos e construções frásicas,  mas para nos permitir desenvolver a principal ferramenta de todas: a imaginação.


É pegando neste ponto, e na imaginação como o grande motor de ideias, que ofereço um último — e igualmente importante — conselho: o de não pararem de escrever.


Parece também um lugar-comum, mas há coisas que se repetem por boas razões. Não há outra forma de formar bons escritores que não passe por ler muito e escrever muito.


É neste sentido que, em nome da Fábrica, vos venho propor este desafio, algo que vos dê uma pequena meta (ou várias), um recurso que vos possa ajudar a concentrar os vossos esforços na escrita, para que, ao fim de um ano, esperançosamente, possam fazer um balanço positivo do vosso trabalho em termos de produtividade.


O desafio está dividido em três níveis, para se adequar a diferentes objetivos e disponibilidades. O propósito, no entanto, é sempre o mesmo: escrever o máximo possível.

Nível inicial

Escolher, a gosto, um ou mais temas e escrever um microconto (até 150 palavras, sem contar com o título) sobre cada um.

Exemplo: escolher o tema de agosto, janeiro e abril.

Nível intermédio

Começar pelo primeiro tema e escrever um microconto (até 150 palavras, sem contar com o título) sobre o tópico proposto. Quando o texto estiver terminado, prosseguir com a escrita de outro microconto, utilizando o tema do mês a decorrer.

Exemplo: começar com o tema de agosto, terminar o microconto em outubro, começar um microconto com o tema de outubro.

Nível avançado

Escrever um microconto (até 150 palavras, sem contar com o título) para cada mês, utilizando o tema proposto. Aqui, a meta será ter sempre um microconto terminado em cada mês. (Para quem se quiser desafiar ainda mais, e aumentar o nível de dificuldade, basta escrever dois ou três microcontos, em vez de um, sempre com histórias ou ângulos diferentes.)

Instruções

O tema não tem de ser literal. Não tem de ser — nem deve ser — o título. A palavra ou frase pode até nem figurar no conto. Cada tema terá múltiplas interpretações e apenas pretende fornecer inspiração para o texto. Não há problema algum em fazer ligeiros desvios ou de só utilizar parte do tema. Vale sempre um pouco de batota criativa.

Lembrem-se de que um microconto não é um resumo ou um excerto de um texto maior, nem um episódio, é uma história com princípio, meio e fim, contada de forma precisa.

Se a história ultrapassar as 150 palavras, escrevam-na até ela estar terminada, quer venham a limá-la posteriormente ou a aceitar que precisa de uma extensão maior para ser contada. Ainda que o desafio seja para narrativas mais curtas, para treinar a capacidade de sintetização e cortar da história toda a «gordura», o importante é escrever.

Cada microconto (ou conto) concluído poderá, naturalmente, ser submetido à Fábrica do Terror para apreciação e eventual publicação – SUBMETER AQUI

Espero, sinceramente, que esta pequena lista vos ajude e incite a escrever. Quem sabe que histórias aqui aguardarão, só à espera de sair do escuro?

Quem sabe onde elas vos podem levar?

Temas

Novembro — O que a terra há de comer

Dezembro — Réplicas

Janeiro — Folclore e tradições

Fevereiro — Partilhas

Março — Ódios e maus afectos

Abril — Colheitas

Maio — Ilhas e travessias

Junho — Tártaro

Julho — Crianças e outros monstros

Agosto — Uma voz

Setembro — Transformações

Outubro — Fins anunciados