Mas afinal o que é o Cuquedo?

De Clara Cunha e desenhado por Paulo Galindro. É um caso de sucesso nas escolas em particular, e no universo literário infantil no geral. O Cuquedo já vai na 16.ª edição e é um dos livros infantis mais vendidos em Portugal.

É recomendado pelo Plano Nacional de Leitura para crianças do pré-escolar, entre os 3 e os 5 anos. 

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Marta Nazaré

O nosso livro está à venda!

«Alto lá!» Que agitação é esta? Porque andam os animais da selva «de lá para cá e de cá para lá»? Do que fogem?

Alguma coisa anda à solta. Não é um pássaro, nem um avião. Garantimos que também não se trata de um bicho-papão ou de um outro monstro horrendo que nos tira o sono. Os animais da selva fogem de algo que «prega sustos a quem estiver parado no mesmo lugar», mas não acreditem em tudo o que ouvem.

Não se deixem contaminar pela onda de medo irracional que afetou a selva e obrigou os animais a agir de forma errática. Não há motivo para nos pormos já em movimento também. Mantenham-se calmos que aqui, no universo do terror infantojuvenil, exploramos o medo num ambiente controlado. Nada temam!

Vamos lá raciocinar. Nenhum animal da selva chegou a estar frente a frente com o objeto do seu medo. E sabemos bem que quem conta um conto acrescenta um ponto. Os meninos e meninas (e mesmo alguns adultos) que já leram o primeiro volume desta coleção reconhecem a tendência para demonizarmos o que desconhecemos ou não entendemos.


Do que estamos a falar, então? De uma criatura chamada Cuquedo.


Referimo-nos a uma bolinha preta peluda, com pernas e braços magrinhos, de olhos brancos esbugalhados sob umas sobrancelhas (bem engraçadas) às riscas. Este ser perfeitamente inofensivo ― inventado pela autora Clara Cunha e desenhado pelo ilustrador Paulo Galindro ― só tem um defeito: gostar de pregar sustos. Bem, ninguém é perfeito. E é esta a razão do alvoroço. O mau humor do pequenote também não abona muito a seu favor.

Sendo o Cuquedo uma criatura com um gosto tão peculiar, que desencadeia nos animais da selva uma reação tão adversa, era inevitável que o seu comportamento se virasse contra ele no futuro. Quem age assim, sempre a assustar a torto e a direito, acaba por se dar mal (e por se sentir sozinho também). Certo dia, os animais da selva foram encontrá-lo preocupado, «selva acima, selva abaixo».

«Quem quer, quem quer casar com o Cuquedo que se esconde no arvoredo e prega sustos que metem medo?», cantava o pequeno ser. Ficámos a saber, em O Cuquedo e um Amor Que Mete Medo, que, além de ser perito em pregar sustos, o bichinho também sabe cantar. Mas haverá alguém que, como ele, goste de assustar e lhe queira fazer companhia? Estará ele fadado a ficar sozinho para sempre? Neste segundo volume, a empatia pelo Cuquedo é maior, ao ponto de começarmos a torcer por ele. Todos merecem ser felizes, não é? Até aqueles com gostos esquisitos e uma fisionomia diferente.

Em O Cuquedo e os Pequenos Aprendizes do Medo, os leitores e os animais da selva são surpreendidos por um grupo de Cuquedinhos a dar os primeiros passos no mundo dos sustos. Afinal, existem muitos Cuquedos, e todos com a mesma vontade de assustar. Um «susto» nunca vem só, é caso para dizer. E quando um aparece, aparecem logo dois ou três. Ou um milhão!


Realmente, não é fácil assustar. É necessário adotar uma postura própria, o «bú» tem de ser projetado de uma certa maneira, e o local onde escolhemos esconder-nos também é determinante para o efeito. Só depois de dominada a técnica é que podemos tornar-nos especialistas de sustos.


Em Guia Prático do Susto, o Cuquedo decide revelar os segredos para pregar bons sustos, daqueles em que até o coração nos salta do peito e o ar nos parece faltar. Se conseguirmos ser bem-sucedidos, passamos a fazer parte da família Cuquedo e a pertencer ao Bando dos Cuquedinhos. A Fábrica do Terror pode adiantar que a técnica não é difícil de aprender, mas a prática leva à perfeição.

Recorrendo a linguagem simples, com o uso de repetição e lengalenga, e a ilustrações dinâmicas, a coleção Cuquedo (pensada por Clara Cunha e «gatafunhada» por Paulo Galindro) está a cargo da editora Livros Horizonte. É um caso de sucesso nas escolas em particular, e no universo literário infantil no geral. O Cuquedo já vai na 16.ª edição e é um dos livros infantis mais vendidos em Portugal.

Mais sobre o Cuquedo:

  • Este bichinho ensina mais do que pregar sustos. Temos livros de atividades e outros com jogos divertidos onde o objetivo é aprender a brincar. Procurem O Cuquedo – Livro de Atividades, O Cuquedo – O Dominó, O Cuquedo – O Jogo da Memória, O Cuquedo – Livro Puzzle e O Cuquedo: Jogos – Escreve e Apaga.
  • Espreitem, também, O Cuquedo – Livro de Autocolantes, que promete um «cenário assustador» no final. São mais de 150 autocolantes (tantos!) que podemos colar em qualquer lado (com permissão de um adulto, claro).

Atividades ao ar livre:

  • Na Quinta do Pisão, no Parque Natural de Sintra-Cascais, existe um pequeno trilho chamado Trilho do Cuquedo, onde as crianças e respetivas famílias podem, com a ajuda das personagens do livro, explorar o medo do desconhecido (ligado à Natureza).

Curiosidades sobre o primeiro volume da coleção, O Cuquedo:

  • Desde o primeiro volume que o ilustrador Paulo Galindro desafia os leitores a encontrar segredos que escondeu nas ilustrações. Todos os livros da coleção, desde aí, contêm segredos! Alguns são fáceis de encontrar, afirma o ilustrador, mas outros ainda hoje permanecem por descobrir.
  • Recebeu uma Menção Especial no Prémio Nacional de Ilustração em 2008.
  • É recomendado pelo Plano Nacional de Leitura para crianças do pré-escolar, entre os 3 e os 5 anos. Destina-se à leitura em voz alta e trabalho na sala de aula.