O Grande Terramoto de Lisboa, 1 de novembro de 1755

«Terá sido Deus? As placas tectónicas? Os «Miri Nigri»?»

Todos nós, pelo menos aqueles que não adormeceram nas aulas de História, já ouvimos falar do grande terramoto de Lisboa, ocorrido no dia 1 de novembro de 1755.

De Liliana Duarte Pereira

É um acontecimento que conhecemos como desolador, mas que nos é distante, como um infortúnio ultrapassado. A verdade é que voltará a acontecer, só não sabemos quando.

Assumindo este facto como uma verdade absoluta, é importante munirmo-nos de informação sobre eventos sísmicos, de forma a reagirmos perante este fenómeno. Foi com esta premissa que nasceu o projeto Quake, uma experiência temática que nos leva numa viagem pela Lisboa de 1755 e que, através de um simulador, replica os abalos ocorridos naquele fatídico dia. Sim, os nossos órgãos internos achocalham-se como sinos de igreja, mas esta nova atração é uma forma segura de sentir o fenómeno natural mais assustador que alguma vez aconteceu na capital portuguesa. O que está por vir nenhum de nós sabe ao certo.

Numa altura em que o maior terror vinha de as pessoas atirarem os seus próprios dejetos pela janela, gritando «água vai!», ninguém poderia prever que, no Dia de Todos os Santos, Lisboa seria devastada por um sismo de magnitude estimada entre os 8,5 e os 9 (escala de Richter). Em desorientação, muitos foram aqueles que se juntaram na rua à beira Tejo, totalmente alheios ao que viria. Fortes réplicas do sismo fizeram-se sentir, enquanto as entranhas da cidade eram consumidas por vários fogos. E, como uma desgraça nunca vem só, cerca de 60 a 90 minutos depois, Lisboa foi atingida por um tsunami com ondas de aproximadamente 5 metros de altura.

A água entrou sem pedir licença, arrastando tudo e todos, ficando «resvés Campo de Ourique». Estima-se que tenham morrido cerca de 10 mil pessoas. Tendo em conta a data, muitos consideram o terramoto e tudo o que lhe antecedeu como um castigo divino. Terá sido Deus? As placas tectónicas? Os «Miri Nigri»? Vamos considerar todas as hipóteses. Mais vale estarmos atentos aos feriados religiosos, às atualizações sísmicas, ler o conto «O Elefante e o Cavalo», de David Soares (em a A Sombra sobre Lisboa — Contos Lovecraftianos na Cidade das Sete Colinas) e o livro Apocalipses – Os Vários Fins do Mundo da História de Portugal, de Joaquim Fernandes.

 


Quake é uma experiência útil para miúdos e graúdos, para turistas e nacionais —  especialmente para os habitantes de Lisboa, não esquecendo, no entanto, os residentes de Almada, que não devem contar que a Nossa Senhora do Bom Sucesso os proteja novamente do tsunami.


Assim, mantenham o foco em regras importantes: mais vale prevenir do que remediar, sigam os conselhos básicos de sobrevivência e treinem para correr muito na direção oposta a Cacilhas.