Recomendações de livros para ler em maio
Novos lançamentos, Stephen King e misturas de géneros.
Uma autora que foi traduzida pela primeira vez para português, um livro de contos e um livro para os que gostam de vários géneros.
Começando por novos lançamentos, foi publicada pela Barca, chancela de terror da Vírgula d’Interrogação, a primeira tradução, realizada por Ana Santana, de um livro de Agustina Bazterrica: Cadáver Requintado.
É uma distopia de terror onde um vírus contamina os animais, tornando o consumo da sua carne letal para os humanos. Isto faz com que o canibalismo se torne na solução para o problema, o que leva à transformação das fábricas de criação de animais para consumo em fábricas de criação de seres humanos para consumo. A sociedade fica dividida, e há seres humanos que nascem já nestas fábricas e que são criados como animais, para serem comida para os seres humanos que continuam a ser vistos como pessoas. É uma história com temas fortes, gráficos, mas necessários para transmitir a urgência de um problema que, por mais distópico que seja, ainda tece muitas ligações à sociedade em que vivemos. Não será um livro para todos, podendo até para os fãs de terror, por vezes, ser desconfortável, mas é um livro ao qual vale a pena dar uma oportunidade.
Neste meu regresso às recomendações de livros, não podia faltar um de Stephen King (para nos irmos preparando para o novo livro que vem já no final deste mês!).
Mais Sombrio, lançado há um ano com tradução de Rui Azeredo e José Remelhe, é um livro de contos (alguns quase podiam ser considerados novelas, mas já sabemos como é o autor, não é verdade?), daqueles que sabem bem ir lendo a pouco e pouco. É um daqueles livros com histórias tão diferentes que há contos para todos os gostos. Mistério relacionado com extraterrestres? Tem. Policial? Sim. Experiências relacionadas com sonhos? Pelo menos, dois. Procuram a sensação de ler o Shining? Sim, fantasmas e espíritos não faltam. Querem voltar a visitar um outro livro do autor? Sim, há uma sequela. Contos mais curtos com aquelas reviravoltas de deixar o queixo caído no final? Também. Tiveram uma vontade súbita de ler um conto sobre turbulência? Claro que também há.
Passando agora para a minha recomendação de um livro com uma pitada de terror para os que gostam de vários géneros: Bunny, de Mona Awad, traduzido por Manuel Alberto Vieira.
É um livro mais dentro do género de dark academia, na procura pela crítica ao elitismo de certos ambientes académicos, através de exageros de caracterização, de comportamentos de personagens e da forma de funcionamento da dinâmica académica, tendo alguns traços do que consideraria terror. Neste caso, a história é centrada numa rapariga, Samantha, aluna de um mestrado em Escrita Criativa numa universidade muito exclusiva. Contudo, não se identifica com as colegas (apenas outras quatro raparigas), que, ao contrário de Samantha, são ricas e se comportam de forma muito estranha. Acabamos por perceber porquê quando decidem convidar a nossa protagonista para a sua própria versão de um workshop, que acaba mais por parecer um culto. Surpresa, surpresa: envolve coelhos.
Já leram algum destes livros?
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Madalena Feliciano Santos
Madalena Feliciano Santos nasceu em 2001, em Lisboa. A partir do momento em que leu The Shining, nunca mais largou o terror, estreando-se como autora na antologia Sangue Novo, em 2021, com o conto «Sonhei com uma Linha Vermelha». Frequenta o Mestrado em Tradução da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, a trabalhar, sobretudo, sobre a tradução de literatura de terror.