Ricardo Alfaia sobre o livro «Os Melhores Contos da Fábrica do Terror – Vol. II»
Estamos, sem dúvida, a assistir ao nascimento de uma nova geração na literatura portuguesa de terror.
Poderão sentir-se mais atraídos por um estilo do que por outro, poderão ter preferência por um tipo de história, mas uma coisa é certa: nenhum destes contos vos deixará indiferente.
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«Os Melhores Contos da Fábrica do Terror – Vol. 1»
16.50 € (com IVA)Começar um texto sobre um livro em que fui responsável pelo design e pela paginação (e, ainda por cima, onde tenho um conto meu publicado) é um desafio. Por um lado, sinto que há um conflito de interesses; por outro, quero manter a objetividade necessária para quem vai ler a minha opinião. Por isso, escrevo simplesmente aquilo que sinto.
Primeiro, um imenso orgulho pelo trabalho que fizemos. O Pedro Lucas Martins é, além de um grande escritor, um editor excecional. Todos os autores deste livro o podem comprovar. Foi, como no ano passado no Volume 1, um trabalho de cooperação e de respeito mútuo entre autores e editor.
Sinto também uma grande felicidade ao dizer que são 54 autores (sim, 54) que se dispuseram a fazer parte desta antologia (tenho a sensação de que quebrámos um recorde nacional). Entre eles, há tanto principiantes como autores de renome. Sem querer tirar valor aos restantes, gostava de salientar a participação de alguns autores premiados nacionais:
Primeiro as senhoras:
Sandra Henriques (Prémio EACWP Internacional, 2021);
Liliana Duarte Pereira (Prémio Adamastor – Conto, 2022);
Laura Vasques de Sousa (Menção Honrosa no Prémio Novos Talentos FNAC, 2024);
Maria Varanda (Prémio Adamastor – Conto, 2023);
Ana Rita Garcia (Prémio Ataegina, 2024).
E depois:
Pedro Lucas Martins (Prémio António de Macedo, 2018, entre outros);
Nuno Gonçalves (Prémio António de Macedo, 2023; Grande Prémio Adamastor, 2024);
Nuno Ferreira (Grande Prémio Adamastor, 2020, e Prémio António de Macedo, 2023).
Nuno Amaral Jorge (Prémio Adamastor – Conto, 2024);
M. Catarino (Prémio António de Macedo, 2024);
E, claro, o Grand Seigneur do horror português,
David Soares, que conta com inúmeros prémios.
É bom saber que estes autores nos respeitam e confiam em nós o suficiente para publicarmos os seus textos. Textos que tornaram esta antologia possível. Este terceiro livro físico da Fábrica do Terror.
E como é este livro, perguntam?
Este é um livro para se ir apreciando aos poucos. Com calma. Um, dois ou talvez três contos por dia. Permitir que as palavras e os mundos criados pelos 54 autores se instalem na nossa imaginação. É um convite para mergulhar em diferentes atmosferas e explorar os recantos sombrios de cada narrativa. É e não é uma leitura rápida. Vale a pena reler os contos, prestar atenção às nuances cuidadosamente inseridas, que numa primeira leitura podem passar despercebidas.
Cada conto é um universo à parte, uma janela para uma dimensão distinta que merece ser explorada ao seu próprio ritmo. Por isso, tentei criar um layout que proporcionasse espaço suficiente para que cada história brilhasse por si só, sem ser ofuscada pelas próximas. É um livro que nos convida a parar e refletir sobre a sociedade e a natureza humana. Alguns contos fazem-nos perguntas filosóficas, outros questionam a racionalidade do indivíduo ou até mesmo a do leitor.
Poderão sentir-se mais atraídos por um estilo do que por outro, poderão ter preferência por um tipo de história, mas uma coisa é certa: nenhum destes contos vos deixará indiferente.
Notei ao ler os contos, aquando da paginacão, que é um livro de terror com pouco sangue, o que revela a intenção dos autores de se desviarem dos clichês habituais. Não esperem encontrar as típicas cenas de mulheres a correr aos gritos por estradas desertas, um exemplo que costumo usar para ilustrar a minha antipatia com muitos filmes de terror convencionais.
Aqui, o susto é mais sofisticado; vem devagar, rasteja pela nossa mente, despercebido até ao momento em que percebemos o que realmente está a acontecer. É um terror que prefere o florete ao machado, e é na delicadeza desse toque que a nossa imaginação encontra espaço suficiente para florescer e completar o quadro.
Estamos, sem dúvida, a assistir ao nascimento de uma nova geração na literatura portuguesa de terror. Juntos com os mestres do género, esta nova leva de escritores está pronta para romper preconceitos e mostrar ao mundo a qualidade da escrita em Portugal. Estão aqui a provar que o terror pode ser elegante, envolvente e, acima de tudo, uma experiência literária de alto nível.
Com este livro, fica evidente que o terror português está aqui para ficar, e promete conquistar até os leitores mais céticos (como eu).
Os Melhores Contos da Fábrica do Terror – Vol. 2
«Os Melhores Contos da Fábrica do Terror – Vol. 2»
Os Melhores Contos da Fábrica do Terror – Vol. 2 é a segunda antologia de contos de terror em português publicada pela Fábrica do Terror. Esta…
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Ricardo Alfaia
1969 (Maternidade Alfredo da Costa, Lisboa) > Évora > Lisboa > Évora > Nuremberga > Ingolstadt > Weichering > Santa Cruz.
Empregado de mesa > cozinheiro > condutor > barman > casamento > assistente de fotografia publicitária > filho > fotógrafo > gerente de restauração > designer gráfico > filho > filha > web designer > autor > cofundador da Fábrica do Terror.
«O Homem planeia, e Deus ri.»