«The Night House» (2020)
Em Portugal, está disponível para streaming na Disney +
O filme de hoje é filho do meu amor e devoção pelo MOTELX, do ano em que decidi ir sozinha — um passo de coragem para uma introvertida e um passo mais que bem recompensado. Bem-vindos à Sessão da Noite. Bem-vindos a The Night House.
É verdade que tenho uma longa lista de filmes favoritos e não vou pedir desculpa por isso. É uma coisa boa, se pensarmos sobre o assunto: significa que o mundo do cinema ainda vai acertando nas suas apostas. Essa lista cresce inevitavelmente no mês de setembro, mesmo que tenha estagnado nos meses anteriores.
David Bruckner trouxe-nos, em 2020, uma longa-metragem sobre como o sofrimento e o trauma nos perseguem toda a vida e como essas batalhas são travadas em silêncio, no secretismo até de quem nos é mais próximo. The Night House conta-nos a história de Beth (Rebecca Hall) que, após o suicídio inesperado do marido Owen (Evan Jonigkeit), se depara com os segredos que ele escondia.
The Night House (idioticamente traduzido para Segredo Obscuro) não é um filme sobre terror sobrenatural, apesar de poder apresentar-se assim para alguns espectadores e de ter, no seu enredo, algumas sugestões para lá do natural. O filme, na realidade, apresenta um terror psicológico através do qual acompanhamos a força da depressão e de traumas passados e atuais, em conjunto com as descobertas que Beth faz sobre os segredos de Owen e os motivos por trás das suas horrendas ações.
Rebecca Hall representa o papel de jovem viúva em todo o seu potencial máximo, desde a tristeza e sofrimento ao sarcasmo e ironia, até à raiva da perda e da posterior descoberta.
Evan Jonigkeit representa um papel duplo: o de esposo falecido, em eterno sofrimento protetor autoproclamado da esposa, e o de… bem… Nada, não se preocupem…
Há profundidade nas personagens, interligações de enredo, muitos segredos e traumas que nunca nos deixam estar sozinhos. E há, acima de tudo, aquela atmosfera de suspense crescente enquanto Beth procura pela casa, pela cidade e na outra margem do lago os segredos que o marido deixou em tentativas de proteger a esposa. The Night House é uma menção à depressão e às forças obscuras que pesam sobre as nossas decisões e é, também, para os que apreciam temas mais palpáveis, uma abordagem completamente diferente à «casa assombrada».
Não querendo dar mais spoilers do que os estritamente necessários, convido-vos a descerem a longa escadaria e a atravessarem o lago de barco. Espero por vocês na outra margem, em The Night House. Temos muito que conversar.
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Maria Varanda
Diz-se que nasceu em Portugal em 1994, pelo menos nesta reencarnação. Quando a terceira visão está alinhada, brotam ideias na sua mente que a inquietam e tem de as transcrever para o papel para sossegar o espírito. Chamam-lhe imaginação, mas se calhar as ideias vêm de outro lado, e Maria serve apenas de meio de transmissão. Procura-se quem queira ouvir a mensagem.