42.ª Edição do Festival Internacional de Cinema do Porto regressa ao Rivoli

Fantasporto chega ao Rivoli de 1 a 10 de abril

 

Depois da realização, em 2021, de um grande Fantasporto no fantástico e icónico Hard Club, mesmo em frente ao Douro, este ano, e devido ao facto de o cinema Batalha não ter ainda terminado a sua recuperação, o Fantasporto volta à sua sede desde 1998 — a sala de visitas da cultura na cidade, o Teatro Rivoli.

 

O fantástico

Filmes fantásticos como os japoneses Baby Assassins, um êxito de bilheteira no Japão; Ms Lupin, emergente da conhecida manga japonesa com o mesmo nome, e que evoca o famoso ladrão Arsène Lupin; xxxHolic, uma antestreia mundial que sai de outra das mais conhecidas mangas, com a participação de atores e atrizes da primeira linha do cinema asiático; ou até The Mole Song, do nosso conhecido Takashi Miike, vão entrar em confronto com, por exemplo, Ox-Head Village, também em antestreia mundial, fruto do exímio trabalho do vencedor do Fantasporto de 2021, Takashi Shimizu.

xxxHolic (2022), de Mika Ninagawa, em estreia mundial no Fantasporto 

Grande ano também para a ficção científica, não fosse o futuro uma das maiores preocupações do momento, com a China a apresentar Annular Eclipse, e Taiwan, 2049: Hedgehog Effect, ou até a Alemanha com outro dos filmes mais esperados desta edição, uma sofisticada The House, ficção científica que apresenta uma reflexão sobre o poder e a tecnologia, mostrando como o futuro não será necessariamente mais livre.

Vai voltar também a secção ANIMA-TE, que nos traz cinema de animação de enorme qualidade. Filmes que colocam à vista desarmada a sua versatilidade em obras de grande fôlego de ficção científica, como Vortex, Dawn of the Sovereignty, do francês Michel Rousseau, ou o chinês Chicken of the Mound. A ver também a nova anime japonesa The Laws of the Universe – The Age of Elohim, de Isamu Imakake.

Um dos grandes temas é o aproveitamento mediático do espaço digital. Um dos melhores exemplos disso é Follow Her, de Sylvia Caminer, dos Estados Unidos, um prodigioso trabalho de argumento e realização. Há ainda obras que refletem outros temas de contemporânea importância, como a alienação social (com o já referido Baby Assassins ou o húngaro Soul Park) e a transformação da paisagem (com o húngaro Eviction e o britânico Barbarians, onde brilha gente que passou por Game of Thrones, ou com Jacinto, uma história de segregação que lembra Easy Rider, um filme galego vencedor do Prémio do Público em Sitges). O cinema filipino continua a estar presente no Fantas com um potente drama social.

 

Escape from Mogadishu (2021), de Ryoo Seung-Wan

O fantástico mais clássico

Há ainda incursões no fantástico mais clássico com o extraordinário Sometimes in the Dark, de Carmine Cristallo Scalzi, que nos chega de Itália; Entombed, de Kjell Hammerø, da Noruega; The Unburied, da Argentina; Night at the Eagle Inn, do americano Erik Bloomquist; Alchemy of the Spirit, de Steve Balderson, ou ainda The Exorcism of God, do nosso conhecido e premiado Alejandro Hidalgo. Até um filme como o caso de Duyster, dos belgas Thomas Vanbrabant e Jordi Ostir, que fala da Inquisição numa perspetiva histórica, é exemplo do horror que acompanha determinadas épocas do nosso passado.

 

Sometimes in the Dark (2021), de Carmine Cristallo Scalzi

Também há lugar para histórias de amor e humanidade, com o candidato coreano aos Óscares, Escape from Mogadishu, uma super-produção sobre os massacres na Somália; ou com o filme russo Vladivostok, uma história de paixão com argumento do premiadíssimo Karen Shaknazarov; ou ainda com o drama das crianças casadas pela família no extraordinário filme Saralish, uma coprodução entre Afeganistão e Irão, uma estreia que muito honra o Fantasporto como montra do cinema mundial.

Chegando ao cinema português, surge-nos a antestreia da longa-metragem Amelinda, de Miguel Gomes, num registo cheio de imaginação cinéfila. Além disso, diversas curtas-metragens, que vão desde o cinema experimental ao fantástico e ao drama, competem pelo Prémio de Cinema Português.

 

Os clássicos

No que respeita aos clássicos, destaque para a exibição de A Praga, de Mojica Marins, um restauro recente da obra perdida e recuperada do mestre brasileiro do horror, que já foi homenageado no Fantasporto. Destaque também para as comemorações dos 70 anos de Singin’ in the Rain, de Gene Kelly e Stanley Donnen, e dos 80 anos de Casablanca, dois marcos da história do cinema, a ver em ecrã grande.

Para rematar, dois dos filmes-charneira das décadas de 70 e 80. O fabuloso THX1138, de George Lucas, a perfazer 50 anos desde a sua estreia, e Blade Runner, de Ridley Scott, um dos filmes icónicos do Fantasporto, que celebra 40 anos de produção.

Como curiosidade: 58 países enviaram filmes para seleção, e 28 países estão presentes na selecção final: Afeganistão, Alemanha, Argentina, Bélgica, Brasil, Croácia, China, Coreia do Sul, Croácia, Espanha, Estados Unidos, Filipinas, França, Hungria, Irão, Israel, Irlanda, Itália, Japão, Lituânia, México, Noruega, Países Baixos, Portugal, Reino Unido, Rússia, Taiwane Venezuela.

Casablanca (1942), de Michael Curtiz