A Arte de Petra Fernandes (P3tra)
Petra Fernandes (P3tra) apresenta-nos diversas ilustrações onde o terror, literal ou metafórico, é o elemento principal.
«Para mim, a arte é vida. Porque, enquanto vivemos, criamos e nem damos por isso. Criar é não forçar uma intenção, é ser livre. É viver. E eu vivo criando.»
Os rabiscos começaram cedo. No auge dos anos 90, quem ficava indiferente aos desenhos do Dragon Ball? Aí, foi aprimorando os traços que a levaram aos dias de hoje, como artista autodidata.
Nasceu e cresceu no concelho de Oeiras. Só mais tarde, em fase adulta, se mudou para o concelho de Sintra, onde reside atualmente. Depois do ensino secundário, experimentou a área de Gestão, frequentando o ensino superior no curso de Gestão Hoteleira. Nessa altura, rapidamente percebeu que a sua felicidade e realização profissional passavam pelas artes visuais. Desde então, tem sido nesse sentido que tem traçado o seu percurso.
É uma artista plástica, cujo trabalho reflete uma extrema sensibilidade. Tem uma curiosidade incessante pelo mundo, especialmente pelas pessoas e os seus comportamentos. Daí a sua preferência pelos retratos.
Experimentou várias técnicas e temas, a arte figurativa foi vincando as tendências e necessidades expressivas. A sensibilidade como absorve o mundo desde tenra idade, conduziu a sua arte à rigidez e perfecionismo do realismo durante anos, uma tendência que procurou romper a partir da pandemia de Covid-19. Desde essa altura, tem investido na pesquisa e prática da sua técnica e narrativa autoral.
Os mugshots são a sua eleição, permitindo-lhe fugir às regras rígidas do real e colocando rusticidade nas pinceladas. Intriga-lhe o que reside na psique humana, que distúrbios e terrores possa esconder uma simples fotografia de registo criminal, seguindo assim uma narrativa mais crua, violenta e dramática.
Em 2021, investiu na formação e tornou-se tatuadora. Encontrou ali uma forma de expandir o espectro da sua arte, abrindo um novo caminho para a criação tendo como tela a pele humana.
Completou o curso de Expressão Artística e Plástica, com a conceituada artista brasileira Estela Luz, entre 2022 e 2023, o que a ajudou ainda mais na desconstrução da ideia do perfeito.
Aos 35 anos, em outubro de 2023, teve a oportunidade de expor o seu trabalho pela primeira vez, numa exposição coletiva, na Casa Museu Silvestre Raposo, em Vila Nova de São Bento, Serpa. A obra eleita foi Ablepsia, a personificação de um terror social, a cegueira de sentidos nos dias que correm.
Além das artes visuais, é escritora e autora. Gosta particularmente de contos de terror, histórias breves e assustadoras que realcem o seu lado mais obscuro, a par com algumas ilustrações. Em julho de 2023, foi publicado o seu conto «Predador» na Fábrica do Terror, juntamente com a ilustração Possessão.