Coleção «A Pequena Loja dos Sustos», de Magdalena Hai

Histórias de sustos e mistérios numa loja pouco ou nada aterradora.

Nina, a pequena protagonista da coleção, sonha em comprar uma bicicleta, mas há um grande entrave: a falta de dinheiro. A única solução seria arranjar um emprego, mas quem no seu perfeito juízo contrataria uma menina de nove anos? Só mesmo o Sr. Chanfrado, o dono da pequena loja de artigos pouco convencionais.

Recomendado para 7+


Marta Nazaré

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É logo no início do primeiro volume da coleção, Procura-se Assistente Sem Medos, que o leitor se torna solidário com a situação difícil de Nina. Atrás do balcão da gelataria preferida da menina, a Sra. Gelatto talvez tenha a solução. Revelada a existência de uma «loja de aspeto muito estranho», com um dono «completamente chanfrado» a ponto de contratar crianças para trabalhar, Nina vê finalmente uma luz ao fundo do túnel. Depois de devorar o gelado, resolve inspecionar o local.


Na montra da loja, no meio de artigos mal-afamados, Nina encontra um anúncio a pedir a ajuda de assistentes. Entrando sem rodeios, a menina esperava tudo menos ver o «vendedor de sustos em apuros», esparramado no chão, com um ataque de riso incontrolável.


Sem se deixar influenciar pela desarrumação, nem pelos itens apavorantes, e muito menos por Patrício, a assombração da loja, a destemida protagonista arregaça as mangas e põe mãos à obra, determinada em encontrar uma solução que ajudasse o Sr. Chanfrado, o dono daquele espaço. Se ele a contratasse depois, podia começar a juntar dinheiro para o que ela mais queria no mundo, uma bicicleta.

Logo percebemos, porém, que a resolução dos problemas nesta loja excêntrica vem sempre acompanhada de contratempos igualmente bizarros: frascos de conteúdo importante teimam em desaparecer, um polvo venenoso chamado McGosma Viscoso parece só querer atrapalhar e aranhas de dentes afiados requerem prudência na altura de negociar.

Em O Mistério dos Dentes Desaparecidos, o segundo volume da coleção, Nina nem sequer consegue comprar um gelado depois de um dia cansativo na Pequena Loja dos Sustos. Assim que entra na Loja dos Gelados, ouve choro, gritos e ranger. Pelo que veio a constatar, o culpado era o Vampiro Lucas, que, por ter perdido a dentadura, não conseguia alimentar-se convenientemente da Sra. Gelatto. E a saga das coisas desaparecidas misteriosamente continua.

Quem gostou da coleção «Mortina», de Barbara Cantini, não pode deixar de espreitar esta série de grande sucesso mundial, inventada por Magdalena Hai e ilustrada por Teemu Juhani. Em Portugal, os dois primeiros volumes foram publicados pela Nuvem de Letras, do grupo Penguin Random House, e traduzidos por Nadili Léon.

Os capítulos curtos desta história bem-humorada, assombrados com personagens engraçadas, trocadilhos inteligentes e ilustrações de grande qualidade, tornam esta coleção de terror fofinho apropriada para leitores iniciantes.

Se objetos sinistros são do vosso interesse e o medo não é algo que vos assista — nem mesmo de animais de estimação pegajosos, aldeias de aranhas, rastos de ectoplasma ou ogres dos dentes —, recomendo-vos vivamente uma visita à Pequena Loja dos Sustos.


Se decidirem seguir o meu conselho e aventurar-se por lá, vejam se descobrem a utilidade das «trevas engarrafadas» ou do «estrume de fada». Para mim, são dois dos muitos mistérios desta loja, tais como os «mapas de tesouro usados». Não duvido das escolhas extravagantes do Sr. Chanfrado, mas, se não dão garantia de tesouro, duvido que um dia se vendam. Mas o «pó dorido para dores de cabeça»… esse, sim, promete ser um campeão de vendas. Já encomendei o meu.