Crítica a «Hood Witch»
A caça às bruxas não é coisa do passado
Em Hood Witch, de Saïd Belktibia, a bruxaria e a religião defrontam-se no mundo moderno.
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16.50 € (com IVA)Em competição para o Prémio Méliès d’argent Melhor Longa Europeia, Hood Witch (Rokya, no título original) é a primeira longa-metragem do realizador Saïd Belktibia, tendo a sua estreia mundial no dia 14 de setembro na Sala Manoel de Oliveira, na 17.ª edição do MOTELX.
Nour (Golshifteh Farahani) é uma jovem mãe que ganha a vida traficando animais exóticos e produtos ilícitos e que, procurando uma vida melhor para si e o seu filho, desenvolve uma aplicação que junta clientes e marabus. No entanto, quando presta auxílio como curandeira a um elemento da comunidade, uma trágica reviravolta leva a que Nour tenha de lutar pela sua vida e pela do filho.
Hood Witch consegue juntar as diversas temáticas espalhadas até agora por diversos filmes presentes no programa do Festival. Junta aplicações de telemóvel, influencers, redes sociais, o poder feminino e a maternidade tudo numa história bem construída e com um ritmo de acontecimentos que capta o espetador.
O filme dá uma refrescante perspetiva à feitiçaria e curandice no mundo moderno, assim como ao fanatismo e à perseguição das crenças que fogem da norma numa caça às bruxas auxiliada pelas redes sociais e pela proximidade de uma comunidade religiosa. Aborda o facto de as crendices de uns serem consideradas pecados e impureza, enquanto as de outros são consideradas religião.
Golshifteh Farahani entrega a alma e o corpo numa representação fantástica da bruxa moderna e de uma mãe disposta a tudo para proteger o seu filho.
Hood Witch não se esquece também de entregar uma boa dose de criaturas exóticas amorosas, heroínas e vilões, o terror de uma perseguição e ostracização e, claro, uma pequena, mas boa, dose de gore.
Para a vossa humilde redatora, que tem um grande interesse nestas áreas, Hood Witch deixa a desejar mais sobre a sua comunidade da bruxaria e curandice moderna. A aplicação que Nour se encontrava a desenvolver acaba, também, por não ter um papel de grande importância, sendo que podia, por si só, dar origem a uma história paralela.
Hood Witch é uma lufada de ar fresco nos filmes que escolhemos para visualização até à data na edição deste ano do festival. O filme volta a passar hoje, dia 15, às 16 h 15, na Sala Manoel Oliveira do Cinema São Jorge, no quarto dia do MOTELX.
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Maria Varanda
Diz-se que nasceu em Portugal em 1994, pelo menos nesta reencarnação. Quando a terceira visão está alinhada, brotam ideias na sua mente que a inquietam e tem de as transcrever para o papel para sossegar o espírito. Chamam-lhe imaginação, mas se calhar as ideias vêm de outro lado, e Maria serve apenas de meio de transmissão. Procura-se quem queira ouvir a mensagem.