Entrevista à tatuadora Suliée Pepper

Falámos com a artista Suliée Pepper sobre o seu começo como tatuadora, a sua inspiração e o seu amor pelo dark.

«Estou aqui para transformar o corpo que você tem no corpo que você é.»

Fotografias: Ricardo Alfaia

Ricardo Alfaia

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Suliée é uma artista «de gema»! Desde a influência do pai na infância, os trabalhos no primeiro estúdio ou as tatuagens freehand em que se especializou, tudo a encaminhou para a arte.

Podes ver os trabalhos da Suliée Pepper (e segui-la) aqui: @sulieepepper

 

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Como começou o amor pela tatuagem?

O amor começou em criança, porque o meu pai era tatuador quando eu tinha cinco anos. Sempre tive contacto com a tatuagem. O meu pai abandonou a carreira, e ele era para ser um dos grandes nomes, porque naquela época eram pouquíssimos os tatuadores que desenhavam. Ele sempre desenhou e pintou, só que não seguiu [a carreira], mas eu sempre tive a ideia de que seria tatuada. Nunca tive a ideia de que seria tatuadora. A minha meta era ser toda tatuada. A vida foi passando e, com 11 anos, pedi à minha mãe para fazer a minha primeira tatuagem. A minha mãe [Dona Lindabel] é uma pessoa incrível e conseguiu me driblar, porque ela nunca me negou. Mostrei para ela o desenho meio tosco que tinha feito e ela me disse «eu acho a ideia ótima, mas acho que você podia pensar melhor, porque você tem tanta ideia maravilhosa, filha. Você desenha tão bem. Amanhã, você pode ter uma ideia melhor, segura até amanhã.» Ela me segurou até aos 19, assim. [risos] Nunca tatuei até aos 19! E, quando tatuei, fiz uma coisa minúscula.

Foste tu que fizeste a tua primeira tatuagem?

Sim. Com lapiseira e motor de carrinho. Tudo errado! [risos] Sem luva, sentada no tapete da sala, vendo sessão da tarde. Antes de ser tatuadora.

Mas talvez isso te tenha dado o amor pelo desenho? 

Desde bebé [que] meu pai e minha mãe me botavam para distrair desenhando, pintando. Então não sei quando aprendi a desenhar. Sempre desenhei. Quando cheguei na escola é que descobri que as pessoas não desenhavam. Isso foi horrível, porque me senti super estranha e deslocada. Foi com o tempo que fui vendo que a expressão de desenhar não era uma coisa tão comum como eu achava. Todo o mundo escrevia, todo o mundo ia no banheiro, todo o mundo bebia água, para mim todo o mundo desenhava. Só que eu cresci desenhando porque o meu pai era artista, então para mim era normal. Eu desenho da mesma forma que aprendi a falar e a escrever. Eu me sustentei com o desenho desde muito nova, porque a minha família teve muitas questões financeiras, então, com 14 anos, vendia desenho para estampa de camisa, fazia «pintuagem», que era desenhar nas pessoas na praia. Sempre desenhei, mas nunca quis ser tatuadora. Porque, na minha cabeça, e da forma que as pessoas falavam, era como se eu me reduzisse a isso. Do tipo: se eu desenho, não tenho outra escolha na vida a não ser ser tatuadora. E eu não queria isso. Então eu tentei vestibular para Informática; sou formada em desenho industrial, sou designer. Queria ser animadora, trabalhar na Pixar, essas coisas assim. Só que, quando dei por mim, estava aqui. Conheci o meu mestre de tattoo [Fabian Penna] num churrasco aos 24 anos. Ele perguntou se eu queria ser aprendiz dele. Conversa de churrasco! [risos] [Na altura], eu só trabalhava e estudava, nem tinha tempo para respirar. Ele disse-me para levar os meus desenhos lá no estúdio e, quando viu os meus desenhos, ficou [surpreendido]. E foi sempre isso, essa questão da surpresa. Por ser mulher e desenhar da forma que eu desenho, a linha que normalmente não é uma linha «feminina». Sempre tive uma linha muito dark. [Fui aprendiz] e, três meses depois, era tatuadora. Foi muito antes do tempo, só que [tinha perdido] o emprego, não tinha como pagar a faculdade, e os três donos do estúdio Versão-02 [Sylvio Az, Fabian Penna e André Ferreira] decidiram que eu ia ser tatuadora [com eles]. E eles sabiam que eu não tinha know how para isso, mas foi para não me perder. Eles me disseram: «você não pode fazer nada maior do que a sua mão fechada». Essa foi a primeira regra.

E quanto tempo é que demoraste até aperfeiçoar a tua arte?

A gente aperfeiçoa até hoje, nunca para. Se um tatuador acha que chegou até um certo ponto, é a hora em que ele acabou. A gente nunca para [de aprender].

De onde é que vem a tua inspiração para essa arte mais dark, do terror?

Isso é muito meu. Até quando faço fofuras, nunca é tão fofinho. Eu via os filmes e queria brincar de boneca dos filmes que via, as minhas Barbies eram sequestradas, assassinadas, era sempre assim. [risos] Quando eu tinha seis ou sete anos, a minha mãe achou [a maquete de] um cemitério debaixo da minha cama. [risos] Com 15 anos, eu frequentava cemitério, à toa, para nada. Eu ia lá para ler, para descansar, para ficar em paz. Então esse lado dark, para mim, sempre foi muito confortável. Sempre vi a luz na escuridão, sempre vi conforto no dark. Para mim, a forma como a gente bota os demónios para fora é uma forma de sintetizar eles e de acalmar eles, para eles ficarem quietinhos ali.

E nesse estilo de tatuagem dark, como lhe chamas, há elementos específicos que gostas de incorporar na tua obra?

[Na tatuagem], eu sou especialista em caveira. Faço muito trash polka, que é um estilo mais agressivo, mas ao mesmo tempo é extremamente gráfico, porque envolve realismo, lettering, pinceladas. É muito ilustração de design que virou tattoo. Isso começou com um casal de alemães, o Volker [Merschky] e a Simone [Pfaff], do Buena Vista Tattoo Club. A primeira vez que eu vi o trabalho deles, eu falei «caraca, é isso». Eu não sabia que podia pôr o meu estilo de desenho, de uma forma mais gestual, mais gráfica, mais pesada, na tattoo. A tattoo sempre foi muito presa. Depois de um certo tempo é que virou isso que a gente vê hoje em dia, de se poder tatuar absolutamente tudo, qualquer forma de linguagem artística. Antigamente, não. Só tinha o desenho de tattoo. Foi com eles que aprendi que me podia expressar da forma que eu gosto. Então, comecei a pegar nesse lado mais dark e usar nesse estilo, que passeia entre realismo, trash polka e aguarela. Ao contrário do que as pessoas pensam, aguarela não é colorida.

E quais são os maiores desafios nesse tipo de tatuagem? Algum tipo de pele em que não funcione, por exemplo?

Se tem uma coisa que eu procurei na minha vida [foi] parar com esse estigma de que existe pele especial para um certo tipo de tattoo. Primeiro, porque isso é um racismo estrutural absurdo. Segundo, porque, da maioria das peles que eu peguei, as melhores peles eram as negras, não eram peles brancas. Ao contrário do que todo o mundo pensa. Você tem de saber pigmentar. Mas, para mim, o maior desafio é sempre o local. Tem locais onde tem uma pigmentação muito chata. A maioria dos desafios são as pessoas. A resistência da pessoa ou a limitação da criatividade. Quando você pode pegar um trabalho em que você botou tudo de seu para fora e consegue colocar isso num cliente, isso é muito raro. É muito raro alguém te dar essa liberdade. Isso é tão bom!

Nos teus trabalhos, achas que a cultura brasileira tem muita influência?

Com certeza. Eu sou candomblecista, é a minha religião. É uma religião brasileira de matriz africana, criada legitimamente no Brasil através das pessoas escravizadas, e é uma religião de resistência. Porque, como cada escravizado foi tirado de lugares diferentes, exatamente para não haver comunicação, cada um deles vinha com um culto de orixá diferente. Então, quando foram para o Brasil, essas pessoas acabaram juntando também as suas crenças. Para haver uma resistência, teve de existir um sincretismo com catolicismo. Inclusive, hoje [13 de junho], é Dia de Santo António e, para muita gente, é dia de Exu também, que é um orixá. Para isso poder acontecer naquela época, era sincretizado naquele santo o orixá que, na verdade, estava a ser cultuado ali, para que pudesse continuar a existir. São religiões que cultuam tanto a ancestralidade quanto as forças da Natureza.

E daí trazes muitas influências para a tua arte?

Total. Muita gente não sabe, mas está tudo intrínseco. Está dentro de mim e dentro dos desenhos. Não quer dizer que eu tatuo coisas que as pessoas [desconhecem]! [risos] É a forma que eu vejo. E eu tento desmistificar muita coisa com os desenhos, então algumas coisas, quando a pessoa entende, eu faço questão de incluir. Dou um exemplo: eu corro muito de padrão de beleza. O que eu possa fazer que traga essa linguagem, tanto dark quanto da minha religiosidade, sem afetar o outro, claro, com a permissão do outro (até porque é a sua pele que vai carregar a minha arte), eu faço, porque acho que a gente precisa dessa linguagem diferente, a gente precisa de sair do mais do mesmo.

Há quanto tempo estás em Portugal? Como foi a transição do Brasil para cá?

Vai fazer nove meses [que moro em Portugal], mas trabalho aqui há dez anos. Conheci o Theo [Pedrada] numa convenção no Brasil e ele me convidou para a primeira convenção dele, o Ink Vibrations, em 2013. Eu vim e foi aí que começou o que eu quis para a minha vida inteira, que sempre falei que ia fazer desde criança, que era viver de arte. O meu sonho era viver de arte pelo mundo. E, graças [ao Theo e ao Tiago de Moraes], comecei.

Foi uma grande diferença vires para a Europa?

Foi. Aqui menos, porque aqui, bem ou mal, a gente é parente, o clima é meio-termo. Você sente que não está em casa, mas fala português. É menos agressivo. Na Noruega, o começo foi difícil, porque é o nosso avesso de tudo: comportamento, clima, vegetação. Ao mesmo tempo que tinha muita coisa que eu amo, tinha coisas que me agridem até hoje, porque é um contraste muito intenso. Aqui, tudo tem um lado bom e um lado mau, e eu tenho a sorte de não ter sofrido o que conhecidos meus sofreram. Porque acho que quem vem numa condição de empregado, de precisar de trabalhar para sobreviver aqui, passa por muita coisa ruim. Aqui, ainda é muito xenofóbico, muito cruel com imigrante. Eu tenho total noção do meu privilégio, sempre fui muito bem tratada, tanto pelos meus amigos portugueses como pelos meus clientes portugueses. O meu trabalho faz as pessoas me tratarem bem, eu tenho consciência disso.

Uma experiência desafiadora que tenhas tido ao fazer uma tatuagem?

Tenho tantas! Mas uma das minhas mais memoráveis foi um coraçãozinho, de um centímetro, no pulso da minha tia-avó, quando ela tinha 95 anos. Ela nunca tinha tatuado e queria ter uma tatuagem. Foi uma das maiores honras que eu tive. A outra foi o meu avô, que tatuou o rosto da minha avó no aniversário de 80 anos! Essas tattoos marcam, são muito especiais.

Já ganhaste prémios com as tuas tatuagens?

Alguns, sim. Tenho 19 anos de tatuagem e, no começo, tem uma beleza muito legal, jovem, da conquista, que, com tempo, se perde. Com tempo, a gente vê que aquele prémio é só um enfeite na parede. Mas tudo aquilo que aconteceu tem muito mais valor. Porque agora todo o mundo que está na fase de competir pelo prémio acha que o final, o prémio na parede, é o prémio. Não é. Aquela tattoo, a correria, o sofrimento, muita gente te joga para baixo. O meu primeiro prémio foi [numa altura em] que eu não acreditava em mim, era a minha primeira convenção, pessoas que eu admirava me botaram para baixo. Eu lembro-me das pessoas que me estenderam a mão naquele momento e foram pouquíssimas. Uma delas foi a Rita [Takanashi], e ela foi maravilhosa, porque todo o mundo ia lá para desestabilizar. Muita gente, hoje em dia, aperta a minha mão e acha que eu não me lembro, mas eu lembro. Essa, sim, foi uma tattoo incrível e inesquecível, porque [os jurados gostaram do meu trabalho]. E isso, para mim, foi o prémio. O prémio nunca foi [só] o troféu. A partir daí, eu percebi que o prémio era a história.

E o teu estilo mudou, entretanto? Tornou-se mais dark?

Eu não sei dizer, porque as minhas primeiras também não eram fofuras. [risos] Eu, hoje em dia, estou mais dark. Mas ainda há muito machismo na nossa área. Se você não tem um trabalho feminino na visão da sociedade, você é desacreditada. Tem muita gente que, até hoje, quando me vê no stand, vem me perguntar se sou eu que estou fazendo a agenda do meu amigo, porque, para muita gente, uma mulher dentro de um stand, para mais com aquele tipo de tattoo, é a mulher do tatuador.

É uma coisa engraçada porque, na Fábrica do Terror, a maior parte dos contos que publicámos são de mulheres. Inclusive, costumamos dizer que «o terror não é para meninas». Acho que não é uma coisa de homens ou de mulheres.

Não, pelo contrário. Acho que se perde muito de arte e de talento no mundo por esse apagamento. Tem muito talento por aí que as pessoas não querem valorizar por vir de uma mulher.

Que recomendações darias a alguém que queira fazer a primeira tatuagem?

Depende muito da idade da pessoa. Porque, quando é muito novo, eu sempre recomendo «gente, não faz agora não, pensa um pouquinho mais». [risos] Se eu tivesse tatuado tudo o que eu quis, desde que comecei a tatuar, Deus me defenda. Já tenho um monte de coisas para cobrir agora, imagina se eu tivesse feito todas as porcarias que quis! [risos] A gente vai tendo mais maturidade, a nossa vida vai mudando, os nossos gostos vão mudando. Os ideais vão mudando. Para a primeira tattoo, pensa bem. Pensa principalmente em algo que é muito mais seu. Às vezes, pode ser uma coisa boba, pode ser um coraçãozinho. Mas pensa bem. Daqui a 10 anos, como é que isso vai funcionar?

Ouvi dizer que fazes as tuas tatuagens freehand?

A maioria dos meus trabalhos, hoje em dia, são freehand.

Quando uma pessoa aparece e confia completamente em ti, como é que sabes do que ela precisa?

O diálogo, a gente tem de conversar. Por isso é que não gosto de adiantar trabalho, de apresentar desenho para ninguém. Eu preciso dessa troca, preciso que a pessoa fale. Às vezes, ela acha que não está falando as coisas, mas eu estou pegando tudo o que ela gosta. Tem muito do ser. Eu preciso que a pessoa fale o que ela sente, o que ela viu, porquê. Eu preciso desse processo com o cliente. Por isso é que eu gosto tanto de fazer freehand, eu gosto que o cliente participe do trabalho. Só que, dependendo do trabalho, dependendo da pessoa, ainda mais quando é a primeira tattoo, dificilmente eu vou fazer freehand. A não ser que a pessoa já acompanhe o meu trabalho, me diga «meu sonho é fazer um freehand seu, Su». Para primeira tattoo, acho difícil, porque a pessoa ainda nem se conhece, nem conhece a [sua resistência à] dor.

Mas já tens pessoas que conhecem o teu trabalho e que querem um original Suliée, freehand

É uma delícia. Fico feliz da vida.

Quais são os teus planos como tatuadora?

Tenho pensado muito nisso. A gente está numa fase de transição muito rápida, muito tensa. A gente está num momento em que a inteligência artificial chegou, e ela está atuando feroz na tattoo. Acho que tem muita coisa ainda para acontecer. Não sei a que ponto a gente vai chegar. Eu não sei até onde isso é incrível, até onde isso vai fazer a gente ser descartável. Confesso que eu temo pelo futuro da tattoo. [Partindo] da visão de uma vida de tatuadora de 19 anos, talvez eu seja da última galera daquela geração roots, a última galera que ainda soldou agulha, que tinha de esterilizar biqueira de aço e lavar, fazer tattoo com lápis cópia. Isso era, até há 19 anos, normal. Em cinco, sete anos, isso foi desaparecendo, entrando os materiais descartáveis. Hoje em dia, a gente tem e está tendo acesso a outros materiais, a outras formas de botar arte. Eu não sei até onde isso nos vai favorecer ou comprometer.

Mas não achas que, mesmo que a inteligência artificial torne as tattoos muito mainstream, que vai ser especial ter uma tattoo de uma Suliée em freehand? Porque isso a inteligência artificial nunca vai conseguir.

Eu espero que você esteja muito certo, de verdade. Porque a nossa maior ferramenta, hoje em dia, é o iPad, e, quando ela foi lançada, eu disse que era o começo do fim. Porque tudo o que é nosso está sendo lido: a forma como a gente fala, como a gente raciocina, os nossos gostos, a nossa forma de criar. Daqui a pouco, vai estar tudo tão automatizado que o estilo Suliée, o estilo fulano de tal, vai estar mais do que lido e sendo reproduzido numa máquina. Então, qual vai ser o futuro da tattoo? Será que vai ser a onda de ser tatuado artesanalmente? Do tipo: «eu fui no alto de uma colina, tatuar com uma bruxona, de 80 e tantos anos que tatua com as mãos»? [risos] [Se calhar vou me tornar] na bruxona da colina que tatua com a mão, que raridade. [risos] Ou vou ter de me adaptar à arte digital de alguma forma, que ainda não sei como vai ser.

Eu acho que pessoas criativas vão sempre arranjar maneira de serem inovadoras, porque a máquina vai sempre copiar.

Sim, a gente espera.

Existe alguma tatuagem de terror, ou dark, que nunca fizeste, mas gostavas de fazer?

Acho que seria fechamentos grandes, inteiros. É muito difícil alguém topar fazer o corpo todo. Mas era uma coisa que gostava de fazer. Fazer uma pessoa inteira, cabeça, pescoço, tudo.

Se chegar alguém ao pé de ti que quer uma tatuagem de terror, mas não se encaixa no teu estilo…

Totalmente fora? Eu passo para os meus amigos, na boa.

Há muito respeito na comunidade, não há?

Sim e não. Quem é amigo tem muito respeito. Existe muito desrespeito também. [risos] De norma, de ética. Se não é o seu estilo, você passa para quem faz, porque, para ser especialista em algo, você não pode ser bom em tudo.

Quais são as tuas fontes favoritas de referência e de inspiração?

Nossa, eu sou a pessoa mais aleatória do mundo para referência. Muita referência minha vem de música, inclusive. Às vezes, eu estou escutando uma música, paro, presto atenção na letra e imagino o desenho. E eu sou a pessoa mais eclética do planeta. Eu ouço de samba, funk a música francesa.

É tudo arte! Os artistas deixam-se inspirar por tudo.

Os artistas deixam-se inspirar absolutamente por tudo. Muitas das manchas que eu faço em tattoo é quando estou limpando a pessoa ou do jeito em que caiu a tinta no papel. A inspiração está em todo o lugar, o tempo inteiro. Só tem de ser doido o bastante para entender os sinais. Levo isso como lema da minha vida: eu estou aqui para transformar o corpo que você tem no corpo que você é.