Fantasporto 2023: «Bad City», de Kensuke Sonomura

Secções Cinema Fantástico, Semana dos Realizadores e Orient Express

«O presidente da poderosa Gojo Conglomerate manda matar os yakuzas e quase todos os seus opositores. Depois, anuncia que vai concorrer a mayor e que a sua cidade terá mais segurança se for eleito. Uma brigada especial e secreta da polícia, porém, vai investigá-lo. Com excelentes interpretações, especialmente de Hitoshi Ozawa no papel do chefe da equipa policial, este é um dos melhores exemplos do thriller japonês, cheio de ação, mas não descurando a construção das personagens.»

Cláudio André Redondo

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Quem me conhece sabe que eu sou um grande consumidor de cultura japonesa. E um tipo de histórias que muito aprecio são aquelas que envolvem yakuzas, políticos corruptos e vilões a serem desmantelados à base de muita pancadaria por um, ou vários polícias renegados.

Bad City é precisamente sobre isso. Um líder de um conglomerado japonês, que se sente intocável, faz tudo para expandir a sua influência e poder. Um promotor público honesto e de bons valores quer derrubá-lo, mas, face a um sistema corrompido, vê-se obrigado a criar uma equipa especial para o fazer quase à margem da lei, indo ao ponto de recrutar para líder da equipa um ex-chefe de polícia, preso por ser excessivamente violento e ter alegadamente morto um criminoso.

A história, não sendo nada de muito original, oferece reviravoltas interessantes e está bem construída. E as personagens, apesar de se inspirarem claramente nos filmes do género, são originais e únicas desta história, conseguindo quase todas ser cativantes e de certa forma memoráveis.

Aquilo em que creio que o filme mais se destaca de outros do mesmo estilo é nas cenas de ação. As lutas, ao contrário do que é muitas vezes habitual, não foram gravadas com o intuito de serem bonitas. Os golpes não são vistosos, não são sequer agradáveis de ver, sendo muitas vezes sujos e dando a sensação de que vale tudo, incluindo arrancar olhos, para ganhar. Ao mesmo tempo, a forma como as cenas de ação estão gravadas faz com que vê-las seja um verdadeiro deleite. O meu destaque vai para a inicial. Simplesmente brilhante.


Dentro deste tipo de produções, Bad City é um bom filme. Inova muito pouco no género, mas consegue ser diferente o suficiente para se destacar dentro do mesmo. É, sem dúvida, um filme a ver para os fãs desta vertente cinematográfica.


Cláudio André Redondo

Apaixonado pelos livros desde os oito anos. Desde essa idade que sempre se aventurou pela escrita e foi acumulando histórias na gaveta, mas só recentemente começou a contar histórias de terror. É nesse género que encontra, atualmente, o maior prazer de escrever, sentindo por vezes que abriu uma porta para um lugar sombrio de onde figuras negras procuram sair. A gaveta abriu-se, resta saber o que de lá vem.