Fantasporto 2023: «Life of Mariko in Kabukicho», de Eiji Uchida, Shinzô Katayama
Secções Cinema Fantástico e Orient Express
«Filme vencedor do Prémio White Raven do Festival de Cinema Fantástico de Bruxelas, é também uma deliciosa rede de histórias que fazem lembrar clássicos do cinema como ET ou Basket Case. Em tom de comédia, seguimos as vidas dos clientes de um café em Kabukicho. Extra-terrestres, uma investigação do FBI, amores estranhos e alguns assassinatos são os temas. O elo de todas estas histórias é Mariko, a dona do café, que também é detetive.»
Life of Mariko in Kabukicho, de Eiji Uchida e Shinzo Katayama, conta a história de Mariko, a jovem proprietária de um bar, onde se cruzam várias personagens diferentes, e que nos tempos livres gere uma agência amadora de detetives. É essa agência que serve de premissa para contar a história dessas personagens, que a procuram com diferentes casos na esperança de que ela as ajude.
O ponto forte do filme são mesmo as personagens que se vão conhecendo, num formato de capítulos que nos dão a conhecer o seu passado, a sua personalidade, o que as move. Personagens quase todas elas bizarras e disfuncionais, e que de certa forma se tornam mais reais por isso.
Este é um filme que toca em diversos assuntos: obsessões e pessoas que tentam sobreviver numa falsa aparência de normalidade, mesmo quando as suas vidas têm tudo de anormal. Para isso, usam-se situações caricatas, a roçar o absurdo, o que ajuda a criar essa estranha distinção de falsa normalidade.
A história em si — ou talvez mais corretamente o conjunto de histórias — aborda diferentes ideias, mas deixa no ar a sensação de que não são devidamente exploradas. Esse é, aliás, a grande crítica negativa ao filme. A ideia e o conceito criado para estas personagens funcionaria muito bem, mas num formato diferente, como uma manga, série anime, ou até mesmo série com atores reais em que cada episódio se centrasse numa personagem diferente, e no fim se percebesse a ligação entre todas elas. No formato de filme, as histórias parecem muitas vezes apressadas, o que faz com que não se estabeleça uma verdadeira ligação com as mesmas, por não nos ser dado tempo suficiente para tal.