Locais a visitar: Azinhaga da Bruxa (Beato, Lisboa)

 

Ligeiramente abaixo do nível da estrada paralela, a Azinhaga da Bruxa serpenteia com uma suave inclinação, entre dois altos muros onde o abandono e o desconhecimento tomam o formato de grafitti e lixo perdido entre as ervas daninhas que brotam da calçada irregular. 

O nome instiga a imaginação, e os dois muros que ladeiam a grande maioria da extensão da Azinhaga apenas a intensificam.

Residira ali uma bruxa?

Seria local de práticas negras ou brancas? De sortilégios?

As figuras oficiais da freguesia não possuem informação sobre o assunto, mas o nome tem a sua magia.

Isolada, com movimento apenas no começo e no fim, onde inevitavelmente se cruza com outras ruas e avenidas, a Azinhaga permanece quase sempre sob a sombra dos muros e das árvores das quintas que lhe fazem companhia. O som da cidade é quase inaudível e, em dias ideais, no corredor estreito que forma, o vento parece cantar ladainhas que não pertencem a este mundo.

O nome estranho é tudo o que temos para completar o seu aspeto intrigante. Quiçá terá existido uma bruxa, a Bruxa da Azinhaga, que, entre aqueles muros, teceu o destino de transeuntes menos cuidadosos.

Desafiamos o leitor a desviar-se do seu percurso, numa visita à freguesia do Beato, em Lisboa, ou numa caminhada após o longo dia de trabalho. (Prometemos que, apesar do isolamento, é seguro — já o fizemos. Mas, pelo sim pelo não, vá acompanhado.)

Ignore uma ou outra pintura urbana, os restos deixados por habitantes menos asseados ou aquilo que o vento ali abandonou.

Imagine-se em tempos passados, de noite, regressando a casa, iluminado pelo luar ou aquecido pelo entardecer.

E imagine que a Bruxa da Azinhaga está à espreita, empoleirada no muro acima de si.

Imagine só.