Locais a visitar: Lapa de Santa Margarida (Portinho da Arrábida)

Antes da construção da ermida, nesta gruta, eram feitos rituais de origem pagã, relacionados com a água e com a espiritualidade.

A caminho do Portinho da Arrábida, escondida numa gruta a cinco metros do nível médio do mar, encontramos uma misteriosa ermida.

No início do outono, o «casal da Fábrica» aproveitou o bom tempo para revisitar a Serra da Arrábida, mais propriamente a Lapa de Santa Margarida.

A caminho do Portinho da Arrábida, entre a Praia de Alpertuche e a Praia do Portinho, encontramos esta gema escondida. Se há uns anos era mais desconhecida (na nossa primeira visita, não vimos vivalma), desta vez cruzámo-nos com vários visitantes.

Dentro de uma gruta a cerca de cinco metros do nível médio do mar, escondida no meio das rochas entre estalactites e estalagmites, encontra-se uma pequena ermida, assente em duas colunas e com um altar no meio. Parece que, antigamente, o altar era adornado por três imagens: a da Nossa Senhora da Conceição, a de Santo António e a de Santa Margarida. De momento, já não é possível encontrar estas imagens, no entanto, o altar está coberto de ofertas a Santa Margarida (velas, imagens, flores, figuras religiosas, etc.).

Reza a história que esta ermida terá sido construída entre os séculos XVII e XVIII, enquanto lugar de culto cristão, sendo Santa Margarida a padroeira das mulheres grávidas. Há quem afirme, porém, que nesta gruta, já antes da construção da ermida, eram feitos rituais de origem pagã, relacionados com a água e com a espiritualidade.

Há duas lendas associadas à construção desta ermida. A primeira refere que, a partir da Lapa, seguia um profundo túnel que acabava no Convento da Arrábida. A segunda menciona um grupo de marinheiros cristãos que, fugindo de piratas, encontrou refúgio nesta gruta, tendo construído a pequena capela como agradecimento por terem sobrevivido.

Para mim, é uma gruta misteriosa, um pouco claustrofóbica no início (não aconselhável a quem sofre desta fobia!), mas que termina numa vista lindíssima para o mar. A ermida, com o seu ar abandonado, cheia de velas e fotografias, juntamente com o escuro e com o constante som das ondas contra as rochas, cria um perfeito cenário para um filme de terror. Aproveitando esta atmosfera, Manoel de Oliveira incluiu a gruta e a ermida no filme O Convento, com John Malkovich e Catherine Deneuve.

Com o chegar da noite, a lapa poderá ser palco de alguns «feitiços e rituais», não sendo aconselhável a visita a pessoas menos corajosas — e, convenhamos, não será seguro descer até à ermida sem o auxílio da luz do dia.

Mais uma vez, não vimos fantasmas, nem espíritos, mas o ambiente dentro da gruta, com todo o misticismo em volta da ermida, e com as teias de aranha a adornar as paredes, tem qualquer coisa de sobrenatural.