MOTELX: Crítica a «Ashkal», de Youssef Chebbi

Secção Serviço de Quarto

Cláudio André Redondo

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Ashkal conta a história de dois investigadores da polícia que se cruzam com um caso de estranhas mortes de imolação por fogo, onde as vítimas se despem, se incendeiam e morrem sem se mexer.

O filme mistura elementos de paranormal com o clima de tensão que se viveu na região durante a revolução tunisina. Pode mesmo dizer-se que terá sido essa a maior fonte de inspiração, já que a revolução foi desencadeada por um jovem que pegou fogo a si mesmo como forma de protesto, e as grandes lutas das personagens são sobre as suas posições em relação ao que estava a ocorrer. Ao mesmo tempo, porém, também é essa a maior fraqueza do filme. Fica a sensação de que se pretendia transmitir várias mensagens, mas que algumas se perderam no meio de uma história que, apesar de interessante, pode parecer um pouco confusa, especialmente para quem não estiver ao corrente do que se passou no país.


O realizador faz um excelente uso da imagem para contar a história, tirando partido dos espaços liminares do estacionamento, onde se passa a maior parte do filme, e das chamas que são muitas vezes usadas para iluminar as personagens.


Destaque para o momento em que se vê pela primeira vez o vilão, durante uma reza, potenciando todo o enquadramento escolhido. Ashkal é um bom filme que talvez peque por não ser um pouco mais explicativo, tendo em conta que a história é muito mais impactante quando se tem o conhecimento do que ocorreu.

O realizador: Youssef Chebbi