MOTELX: Crítica a «Inexorable», de Fabrice du Welz
Secção Serviço de Quarto
De José Maria Covas
Não há nada mais idílico do que uma família feliz e realizada. Porém, quando uma jovem desamparada é acolhida por Marcel, um escritor bem-sucedido do qual conhece todas as obras, a caixa de Pandora é aberta para uma tragédia oculta do passado. Desde o início, a pergunta é: até que ponto realmente conhecemos os nossos familiares?
Um chalé isolado numa floresta belga foi habilmente usado por Fabrice du Welz para encurralar cada vez mais as personagens, de maneira a encararem os seus medos ou proteger os seus segredos a todo o custo, com resultados desastrosos.
Este filme, ao misturar elementos de Orphan e Misery, não só demonstra a necessidade de qualquer pessoa de ser amada, mas também testa a nossa capacidade de perdoar. É deste modo perfeito para evitar bloqueios de escrita quando se tenta descrever o inominável.
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José Maria Covas
José Maria Covas, desde que nasceu a 26 de setembro de 1998, sempre tentou compreender a realidade em seu redor e contribuir para a sua evolução. Licenciou-se em Ciências Biomédicas na Universidade de Coventry e seguiu para um mestrado em Medicina Regenerativa na Faculdade de Medicina e Veterinária da Universidade de Edimburgo. Os seus poemas, contos e guiões conjugam o mistério e o estranho da literatura e cinema com o ocultismo e surrealismo das suas viagens, criando, no processo, o seu próprio universo artístico, que eternamente explora a condição humana.