MOTELX: Crítica a «Satan’s Slaves 2 – Communion», de Joko Anwar
Secção Serviço de Quarto
Segunda sessão: 12 de setembro, às 23h45 (Sala 3)
Nos anos 80, a Rapi Films produziu um filme que se tornou um clássico indonésio; em 2017, o mundo pôde ver o remake de Satan’s Slaves tornar-se um sucesso de bilheteira, anunciando uma sequela. É desta que falamos. Satan’s Slaves 2: Communion dá continuidade à história da família de Rini, Bondi e Toni, agora residentes num complexo de apartamentos à beira-mar em Jacarta. Mesmo que não conheça a prequela, o prédio e os arredores deixam logo claro que nada de bom vai acontecer.
O início da longa-metragem é marcante, com uma cena que sustenta a história seguinte: um jornalista é chamado para testemunhar a descoberta macabra de cadáveres encontrados em adoração em frente a um altar.
Anos mais tarde, após a descoberta de antigas sepulturas no descampado anexo ao edifício onde a família de Rini agora reside, a trama intensifica-se. Na iminência de uma inundação devido a uma tempestade que se aproxima, o complexo habitacional é amaldiçoado com um acidente de elevador para o qual o enredo até então tentou preparar o espectador. Tentou, mas não há como preparar para a cena que marca o verdadeiro início do descalabro. Houve quem gritasse na sala, mesmo advertido pelo suspense que envolvia a cena. Não é para fracos de estômago.
Após o dito incidente, as personagens veem-se retidas num edifício já rodeado com a subida das águas do mar e na presença de inúmeros cadáveres. Talvez a cena mais psicologicamente marcante seja os cuidados pós-morte que se prestam e a vigília dos corpos sem família sobrevivente.
Na porção final, Satan’s Slaves 2: Communion é marcado por um ritmo mais acelerado que peca apenas na cena final do filme, onde o modo como é exibida deixa um pouco a desejar pela instabilidade da imagem e pouca claridade de um clímax que é revelado discretamente, a meio do filme, ao nosso jornalista inicial através de uma entrega. A cena de fecho do filme parece prometer um Satan’s Slaves 3, mas não sei até que ponto os fãs estarão dispostos a mais uma sequela.
Pondo de parte essa questão final (e que depende da subjetividade de cada espectador), o trabalho de Joko Anwar é, sem dúvida, um ponto alto no cinema de terror indonésio que promete sucessos vindouros.
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Maria Varanda
Diz-se que nasceu em Portugal em 1994, pelo menos nesta reencarnação. Quando a terceira visão está alinhada, brotam ideias na sua mente que a inquietam e tem de as transcrever para o papel para sossegar o espírito. Chamam-lhe imaginação, mas se calhar as ideias vêm de outro lado, e Maria serve apenas de meio de transmissão. Procura-se quem queira ouvir a mensagem.