MOTELX: Silent Night, de Camille Griffin

Secção Serviço de Quarto

Maria Varanda

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Adoramos quando a estreia de um realizador em longa-metragem é tão bem conseguida como o trabalho de Camille Griffin em Silent Night.


A comédia negra inglesa traz-nos uma celebração natalícia entre amigos e família (até aqui, tudo normal) enquanto esperam a chegada de uma nuvem de gás tóxica e mortal que promete aniquilar toda a vida humana.

Apesar de sabermos que a morte das personagens é iminente, a dinâmica familiar e as suas idiossincrasias conseguem deixar-nos em constante risota. O terror, porém, está sempre presente em segundo plano, a sussurrar baixinho, a aninhar-se na nossa nuca, a ganhar terreno — está no fim da vida humana, no pacto e nas decisões governamentais, na desigualdade das classes, no receio de estar só e de morrer sozinho, no temor que os pais têm pelos filhos e na indiferença de tudo, dado que o fim é tido como certo.

O final é irónico, mas é também injusto, dado que a derradeira reviravolta (de todo não expectável e muitos aplausos por isso), apesar de ser uma crítica ao poder das decisões governamentais sobre a vida (e fim de vida) dos indivíduos, deixa sem colo o que será a personagem mais amada pela maioria dos espectadores.


Os papéis tão bem representados por atores e atrizes de renome como Keira Knightley, Matthew Goode, Lily Rose-Depp e o filho da realizadora, Roman Griffin Davis, são essenciais à ligação imediata que a realizadora consegue entre os dois lados do ecrã, unindo a ficção e o espectador numa hora e meia de comédia negra.