MOTELX: Crítica a «The Seed», de Sam Walker
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Uma chuva de meteoros única serve de motivo para unir três amigas de infância numa casa de luxo, isolada no deserto Mojave, onde planeiam fazer um livestream para aumentar os seguidores de uma delas no Instagram. Entre muito álcool e drogas recreativas, a chuva de meteoros traz-lhes uma surpresa: algo estranho (e alienígena) aterra na piscina, enquanto todos os telemóveis deixam de funcionar.
Sam Walker estreia-se nas longas-metragens com este filme de ficção científica, terror e a quantidade ideal de comédia, com uma abordagem original à temática da vida alienígena e ao modo como esta interage com os humanos. Diedre, Charlotte e Heather veem o seu retiro modificado quando o extraterrestre (cuja forma física fica muito aquém do clássico humanoide cinzento) usa os seus poderes de manipulação para tomar o controlo.
A qualidade das atrizes permite-nos muito rapidamente criar simpatias (e animosidades) com as três personagens, assim como estar a rir no início do filme e a contorcer o rosto com o incómodo das cenas que se seguem.
O modo como a manipulação alienígena é expressa cinematograficamente, num misto de cores, do belo e do feio, do sensual e do asqueroso, de prazer e medo, é sem dúvida um ponto artisticamente além do bem-sucedido. Passa a mensagem, deixa-nos desconfortáveis, receosos, enojados enquanto nos deixa a pensar: «uau, que lindo». Visualmente, o filme está cheio de cores vivas, contextos soalheiros e muito glamour, apesar de estarmos a falar de terror, vísceras, sementes alienígenas e o domínio do mundo (e de o extraterrestre parecer ter sido rejeitado do elenco dos Marretas). Que o inferno congele se o terror não consegue ser bonito.
As ligações entre o último ato e o primeiro respeitam as regras subentendidas da escrita, fechando o ciclo e não deixando pontas soltas. O argumento está bem constituído, a eliminação das hipóteses de fuga é satisfatoriamente justificada e as nossas personagens são mais do que caras bonitas, com personalidades, ideias e comportamentos fortes e determinados. E bónus: são todas mulheres.
Para quem gosta do terror que se esconde para lá da nossa linha atmosférica, The Seed é a escolha acertada de 2022 como o derradeiro filme de terror (alienígena) de verão.
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Maria Varanda
Diz-se que nasceu em Portugal em 1994, pelo menos nesta reencarnação. Quando a terceira visão está alinhada, brotam ideias na sua mente que a inquietam e tem de as transcrever para o papel para sossegar o espírito. Chamam-lhe imaginação, mas se calhar as ideias vêm de outro lado, e Maria serve apenas de meio de transmissão. Procura-se quem queira ouvir a mensagem.