«O “Horror” na Literatura Portuguesa»

Um livro de Maria Leonor Machado de Sousa.

Depois de 45 anos, continua a ser uma das obras mais completas e informativas sobre um género literário ainda pouco estudado em Portugal.

Sandra Henriques

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Confesso que a minha descoberta e interesse pelo terror português teriam começado mais cedo se me tivesse cruzado logo com este livro da Biblioteca Breve de Maria Leonor Machado de Sousa. Tenho alguma pena de não o ter lido ainda em vida da autora, porque teria tantas perguntas para lhe fazer. Desconfio, pela sua obra publicada, que o terror (na literatura) seria um tema do seu interesse.


Na contracapa do livro, este resumo: «A melancolia, talvez atávica, que marca desde o início a literatura portuguesa, raramente tomou aspectos lúgubres, que só nos fins do século XVIII são manifestos, por influência de correntes literárias estrangeiras como a escola “gótica” inglesa e a corrente terrífica das baladas alemãs. O fascínio do “horror” e do mistério dominou o nosso Romantismo e sente-se ainda no século XIX em autores como Fernando Pessoa e José Régio».


Já li o livro várias vezes e recomendava-o sempre com a esperança de que fosse a partir daqui que se legitimasse o terror português. Recentemente, deixei de estar preocupada com isso e uso-o como fonte de conhecimento e inspiração para leituras.

O “Horror” na Literatura Portuguesa é um começo para perceber porque é que o género nunca arrancou verdadeiramente em Portugal, pelo menos numa vertente de produção «em massa». E é uma enorme fonte de autores e obras que deram os primeiros (tímidos) passos, inspirados pela literatura gótica produzida no resto da Europa, mas que não foram além dos meros exercícios criativos. Já conhecia os Contos de Álvaro do Carvalhal (a sua única obra publicada postumamente era assumidamente macabra e de «horror») e os Contos Fantásticos de Teófilo Braga, mas estava longe de encaixar autores como Camilo Castelo Branco e Fialho de Almeida como escritores de alguns textos de terror português — em parte porque sempre prestei mais atenção ao que os outros teorizavam sobre eles do que às minhas interpretações.

Editado em 1979, já só se encontram cópias físicas do livro em alfarrabistas, com alguma sorte, e acredito que em bibliotecas. Mas existe esta versão em .pdf, disponibilizada pelo Agrupamento de Escolas de Aveiro, para descarregar aqui.