«O Menu» (2022)
Um filme de Mark Mylod
Todos nós gostamos de comer, certo? Mas quantos de nós saboreiam aquilo que comem?
Bem-vindos a O Menu, um filme de Mark Mylod com argumento de Seth Reiss e história original por Will Tracy. O escritor inspirou-se numa experiência gastronómica durante a sua lua de mel e, em 2019, foram feitas as primeiras divulgações do filme. Este chegou aos cinemas americanos a 18 de novembro, pela Searchlight Industries, e ao grande ecrã português a 1 de dezembro de 2022, com o apoio da NOS Audiovisuais. Eu sei, eu sei, estou um bocadinho atrasada.
O Menu leva-nos a um restaurante prestigiado, numa ilha isolada, onde o chef mundialmente conhecido Julian Slowik (representado pelo espetacular Ralph Fiennes) dispõe uma completa e memorável experiência gastronómica a um grupo restrito de felizardos. O grupo que seguimos inclui Margot (Anya Taylor-Joy) e Tyler (Nicholas Hoult), um jovem casal cuja relação desperta dúvidas desde o início do filme.
Se o incrível elenco não o convencer, convença-se pela história. Se bem que, estando já habituado às minhas particularidades, pode facilmente adivinhar que, tendo a Taylor-Joy, eu não deveria ter de dizer mais nada.
O Menu é uma crítica às experiências gastronómicas de elevadíssimo requinte e ao comportamento, desprezo e desrespeito por aqueles que possuem os meios para a poder vivenciar. É sobre um artista se perder a si mesmo ao tentar agradar ao seu público elitista. É sobre segredos. Sobre a felicidade escondida em tempos e coisas simples. É o regresso, ao fim e ao cabo, aos prazeres da simplicidade.
E mesmo assim, falando de coisas sérias, é um filme leve de apreciar. O ambiente de estranheza e desconforto instala-se rapidamente e acompanha-nos até ao final. Os segredos sórdidos das personagens vão-nos sendo revelados à medida que os pratos são servidos e é com eles que o verdadeiro propósito do menu/obra-prima do Chef Julian Slowik se desvenda.
O suspense faz-se convidado sob a pele do espectador e vai aumentando com cada surpresa, com o desfecho de cada prato, com cada peculiaridade do menu do restaurante Hawthorne, com cada encenação, com o desfecho de cada cena. O humor negro torna-se seu companheiro no sofá, despoletando risadas e sorrisos em momentos inesperados.
O filme termina com o prato mais simples, mas com toda a grandiosidade da gastronomia gourmet de requinte e de um ótimo filme que ultrapassa os limites do seu género.
O Menu é definitivamente o filme para amantes de comédias negras e filmes de terror, thrillers e, claro, comida (seja foodie, gourmet-lover ou só alguém que sabe o que é bom na vida). E que não tem medo de um bocadinho de sangue.
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Maria Varanda
Diz-se que nasceu em Portugal em 1994, pelo menos nesta reencarnação. Quando a terceira visão está alinhada, brotam ideias na sua mente que a inquietam e tem de as transcrever para o papel para sossegar o espírito. Chamam-lhe imaginação, mas se calhar as ideias vêm de outro lado, e Maria serve apenas de meio de transmissão. Procura-se quem queira ouvir a mensagem.