Os Livros Malditos

Não leiam este artigo. O seu conteúdo pode trazer-vos problemas gravíssimos!

Antes de saírem deste artigo, deixo-vos um conselho: quando passarem pela secção infantojuvenil de uma livraria ou supermercado e virem um livro com advertências na capa, não deixem que a curiosidade vos leve a abri-lo. Podem nunca mais conseguir voltar.

Marta Nazaré

Na verdade, não estou aqui para falar-vos de exemplares escondidos de olhares curiosos, em prateleiras de difícil acesso numa biblioteca. Nem tão-pouco dissertar sobre obras proibidas que, em tempos, escaparam à censura ou evitaram a fogueira. Ao invés, os livros que encontrei estão bem à vista de todos e à mão de semear. Tenho fortes suspeitas de que se trata de um plano maquiavélico sem precedentes. Portanto, é melhor ficarem por aqui na leitura para não terem tentações. Antes de saírem deste artigo, deixo-vos um conselho: quando passarem pela secção infantojuvenil de uma livraria ou supermercado e virem um livro com advertências na capa, não deixem que a curiosidade vos leve a abri-lo. Podem nunca mais conseguir voltar.

Ainda aqui estão? Decidiram continuar a ler este artigo por vossa conta e risco, foi? Bem, então, antes de prosseguirmos, é meu dever informar-vos de que estas obras são um perigo para a saúde pública. Quem decidir fazer uso delas põe em risco tudo e todos os que o rodeiam. Não se deixem enganar pelo aspeto inofensivo destes livros e pelo que dizem oferecer-vos em troca. Uma vez abertos e lidos, podem aprisionar-vos para sempre e levar-vos à loucura. Mas, quando o mal está feito, a única forma de escapar é mesmo solucionar todos os enigmas sem nos desviarmos do caminho. A salvação depende de chegar ao fim.

Ainda querem arriscar? Acham que conseguem ser mais espertos do que um livro infantil? Muito bem. Admiro a vossa coragem. É por saber que são leitores destemidos que decidi escrever este artigo. Deixo-vos, então, com informações preciosas, tudo o que consegui reunir até agora, para vos auxiliar na vossa demanda. Boa sorte.

Coleção Não Abras Este Livro,

de Andy Lee, Jacarandá

Recomendado para 4+

Se querem mesmo aventurar-se no mundo dos livros malditos, é por esta coleção que vos proponho começar. Porquê? Porque as consequências de abrirem estes volumes não recaem sobre vocês, mas sobre um ser rechonchudo e azarado chamado Sr. Azul. Ele não é realmente bafejado pela sorte, coitado. Os vários encontros com bruxas, duendes, feiticeiros e outras criaturas trouxeram-lhe maldições que estão diretamente ligadas ao virar das páginas dos livros onde reside. E quanto mais lemos, mais as desgraças do Sr. Azul se agravam. Sendo uma criatura tão simpática, tenho pena do seu infortúnio, mas confesso-vos que é impossível resistir a virar mais uma página.
A coleção Não Abras Este Livro já conta com seis volumes traduzidos para português. Apesar de ter bombardeado a editora com cartas e e-mails na tentativa de impedir a publicação de mais livros, zelando pelos interesses do meu amigo Sr. Azul, as notícias não são animadoras. Infelizmente, temo que muitos mais estejam para vir.

O Livro Maléfico,

de Magnus Myst, Editorial Presença

Recomendado para 10+

Na contracapa, a própria editora alerta que este livro, criado pelo poderoso Magnus Myst, não estava destinado a publicação. Alguém cometeu um erro! O seu interior está repleto de mentiras, enigmas impossíveis e até monstros! Mas como podemos nós resistir quando, logo nas primeiras páginas, somos aliciados com um «prémio máximo», o Amuleto Negro? Basta realizarmos dez tarefas. Coisa pouca, não é? E digo-vos que este não é um amuleto qualquer! Quem o possuir tornar-se-á o senhor máximo do Universo, com poderes maléficos sobre todas as criaturas. Dava cá um jeitão, não dava? Então, lancem-se à aventura, se têm coragem. Sigam à risca as indicações deste livro com um estranho sentido de humor. O objetivo é chegar ao fim do jogo. Se não conseguirem, ficam presos no Labirinto da Loucura para sempre. Mas na companhia do Simon, da Pia e do Oggbert. Bem, podia ser pior.

 

O Pequeno Livro Malvado,

de Magnus Myst, Edições ASA

Recomendado para 7+

Quando um livro de aspeto ameaçador pede para ser aberto e, depois, diz que quer ser nosso amigo, é caso para desconfiar. Mesmo sendo mais pequeno do que os livros comuns, não deixem que o tamanho vos engane. É um livro perigosíssimo! Mas, se são daqueles leitores que estão fartos de livros bonzinhos, este não só é o livro ideal como também detém o Feitiço da Maldade. Pelo que pude apurar, o livro diz que roubou o feitiço a um livro maior (suspeito que foi ao Livro Maléfico) e está disposto a partilhar esse conhecimento com quem queira servir de cobaia. Sim, leram bem. Se pretendem arriscar, aviso-vos de que terão de aprender a mentir e de que serem bem-comportados não compensa. Se falharem a decifrar os enigmas, o destino é ficarem presos nas masmorras do livro. Há enigmas muito, mas mesmo muito, difíceis. Confesso-vos que nem teria conseguido sair de lá se não tivesse enganado o livro e feito batota. Não me orgulho disso.

 

Gravity Falls: Não Pintes Este Livro! Está Amaldiçoado!,

da Disney, Dom Quixote

Recomendado para 10+

Visitar cemitérios é só por si uma atividade arriscada, pois habilitamo-nos a encontrar vampiros e almas penadas. O que não estamos à espera de encontrar é livros abandonados. Foi isso que aconteceu a Dipper. Abriu o livro que encontrou quando chegou a casa, e a tinta puxou-o lá para dentro, aprisionando-o. A sorte dele é ter uma irmã abelhuda que lhe mexe nas coisas. Encontrando o livro em branco no quarto de Dipper, Mabel resolveu começar a desenhar nele. Não esperava era encontrar o irmão preso nas suas páginas. Para o salvar, ela terá de pintar. É aí que entra a ajuda do leitor.

Se seguem as aventuras de Dipper e Mabel, de Gravity Falls, sabem que os gémeos Pines se metem sempre em encrencas assustadoras. Neste livro mágico de colorir, quanto mais pintamos, mais problemas começam a surgir. Posso garantir-vos que há uma cor que ajudará a resolver esta trapalhada, só têm de a encontrar.

Nota da editora-chefe: pondo em risco a sua integridade física e mental, a autora teve de ler os livros até ao fim para recolher material para este artigo. Se escapou sem consequências graves ou maldições de maior, está ainda por determinar.