«Happy Death Day», um filme de Christopher Landon
Bem-vindos a mais uma SdN de conforto.
Se gostam de rever o mesmo filme, ou a mesma série, vezes sem conta, não se preocupem: não são loucos
Eu nem quero ouvir dizer «Ó Maria, outro filme com mais de seis meses?». Mordam a vossa língua. Quando trabalharem 35 horas num serviço emocionalmente esgotante e tiverem de fazer em sete dias um relatório de mestrado que devia ter sido escrito em três meses, podem criticar-me. Estes têm sido tempos de extrema importância para a regulação emocional e, sendo hoje o dia do Enfermeiro, e com conquistas profissionais que me chegam fora do mundo desta coluna, nada melhor do que falarmos sobre saúde mental.
E não, não se ralem, não vem mais um filme da categoria «saúde mental e terror». Vem uma lição sobre como o facto de ver o mesmo filme, ou a mesma série, dezenas de vezes é, verdadeiramente, uma estratégia de regulação emocional. Parabéns, você não é louco. Só estava a precisar de se regular, e nada melhor do que a familiaridade e o aconchego de um filme do qual sabe o enredo todo e, cereja no topo do bolo, gosta bastante.
Eu tenho vários, confesso, porque se pode tirar a rapariga do fangirling, mas não se tira a fangirl da rapariga, e os caríssimos espectadores já tiveram de levar umas ensaboadelas com as minhas imensas pancas cinematográficas.
Hoje, levam com outra. SURPRESA.
Essa surpresa é Happy Death Day (HDD), ou Feliz Dia para Morrer. O primeiro ponto positivo deste filme é que a tradução do título em português foi nada mais do que a sua tradução direta, motivo pelo qual estendo um agradecimento ao responsável pelo marketing.
HDD é um filme de 2017, que me pesa dizer já foi há oito anos, pela mão do realizador Christopher Landon, responsável também por filmes como Freaky e We Have a Ghost. Está classificado para maiores de 14 e encontra-se na categoria de terror para adolescentes — a adolescente que ainda vive em mim aprova, mas a adulta também.
O filme acompanha Tree (Jessica Rothe) quando a jovem estudante universitária fica presa num loop, tendo de reviver o dia da sua morte até descobrir o assassino.
A premissa é simples, mas a história está bem construída, mostrando que a simplicidade também pode ser genial. Há camadas neste filme, há ficção científica, há desenvolvimento de carácter, uma carrada de mortes — todas elas diferentes —, há reviravoltas. Acima de tudo, há risadas, mostrando que a comédia negra é uma aposta quase sempre certa.
Um bom filme não é só feito de uma boa história, e HDD tem um bom elenco que o suporta, com os seus atores (Israel Broussard, Ruby Mondine) a encarnarem os papéis de estudantes universitários de forma bastante verídica, apesar de, na altura em que o filme foi feito, estarem quase todos na casa dos 30. Qual é o skincare, o cirurgião plástico ou a versão de hifu que usam é uma coisa que também gostava de saber.
Não consigo de todo explicar-vos o entusiasmo que sinto sempre que vejo HDD. Há uma quantidade de detalhes cuja partilha seria dar spoilers, portanto, acho que são discussões para ter numa outra ocasião. Mas recomendo seriamente este filme para quem quer um momento de terror mais suave, descontraído, e adicionar uns sorrisos a essas caras sisudas.
O filme tem uma sequela, HDD 2U, mas informo, lamentavelmente, que é uma sequela que não devia existir.
Um extra é que, neste dia do Enfermeiro, há uma enfermeira entre as personagens…
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Maria Varanda
Diz-se que nasceu em Portugal em 1994, pelo menos nesta reencarnação. Quando a terceira visão está alinhada, brotam ideias na sua mente que a inquietam e tem de as transcrever para o papel para sossegar o espírito. Chamam-lhe imaginação, mas se calhar as ideias vêm de outro lado, e Maria serve apenas de meio de transmissão. Procura-se quem queira ouvir a mensagem.