«Imaginário» (2024)
Um filme de Jeff Wadlow.
Amigos imaginários, ursinhos de peluche, retornos à casa de infância… ingredientes básicos de um filme de terror.
Agradecer primeiro, a quem quer que seja que fez a tradução do título: este filme, ao menos, teve uma tradução bastante literal.
Imaginário conta-nos a história de uma família reconstituída que se muda para a casa de infância de Jessica, uma artista gráfica de histórias para crianças. Neste regresso às origens, um amigo de infância reaparece: Chauncey, o ursinho de peluche.
A história é de valor, com a trama bem construída e suficientemente inovadora, mas é a concretização de Imaginário que deixa a desejar. Resume-se assim: as personagens, por um lado, precisavam de maior profundidade, e os atores, por outro, de pararem de fingir tanto — à exceção de Pyper Braun, cujo desempenho como estrela infantil parece prometer um bom percurso profissional. Vocês sabem que eu tenho um soft spot para crianças em filmes de terror, particularmente quando se envolve na história a parte psicológica e o seu desenvolvimento. Também tenho um fraquinho por filmes de pedopsiquiatria, mas, neste caso, para minha desilusão, não houve enfoque suficiente na dinâmica entre o desenvolvimento da psique infantil e o terror: a terapeuta que se vê no trailer só aparece por breves minutos e não tem grande peso na continuidade da história.
Agradeço de coração à Blumhouse, mesmo que o filme não preencha os meus elevados requisitos. Se não fosse assim, tínhamos ainda menos filmes de terror a chegar ao grande ecrã português.
Só me faz comichão que, quanto maior o orçamento, pior parece o filme. Este teve direito a 12 milhões que devem ter sido gastos no CGI.
Imaginário tem boa imagem e até joga bem com temas clássicos: amigos imaginários, casas assombradas, mitologia e a inocência da infância, mas o resultado fica num sólido «aceitável». Não deixa de ser uma opção para passar a sua próxima hora e quarenta e quatro minutos e, quem sabe, não agrade mais ao olho do leitor do que ao meu.
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Maria Varanda
Diz-se que nasceu em Portugal em 1994, pelo menos nesta reencarnação. Quando a terceira visão está alinhada, brotam ideias na sua mente que a inquietam e tem de as transcrever para o papel para sossegar o espírito. Chamam-lhe imaginação, mas se calhar as ideias vêm de outro lado, e Maria serve apenas de meio de transmissão. Procura-se quem queira ouvir a mensagem.