«Frankenstiny» no Teatro Villaret

Uma comédia musical para ver em família até dia 17 de dezembro.

Sábados, às 16 h, e domingos, às 11 h, a Companhia da Esquina leva-nos a conhecer um monstro bem diferente do que descrevia Mary Shelley. Quando o jovem Victor Frankenstein herda um castelo na Transilvânia e retoma as experiências no laboratório do avô, a criatura à qual dá vida não é bem o que esperava.  

Fotos: Paulo Miranda

Avatar photo
Marta Nazaré

Recomendado para 6+

***

As cortinas abrem-se para uma aula de Ciências Naturais, lecionada por Victor Frankenstein (Pedro Pernas). Entre fórmulas de matemática complicadas e termos de química aborrecidos, era inevitável que os alunos direcionassem a aula para um tema bem mais interessante: os estudos do avô Frankenstein que visavam «a descoberta da origem da vida». O neto Victor, frustrado, não partilhava da opinião dos alunos. Considerava o avô louco e não compreendia o deslumbramento por teorias que considerava ultrapassadas. Ele próprio tentara encontrar «a centelha do Universo», mas sem sucesso, levando-o a abandonar a carreira de cientista e dedicar-se às aulas. Perdido o entusiasmo pela descoberta, vive triste, gozado pelos seus pares. Valia-lhe apenas a namorada Elisabeth (Zita Milene), uma jovem romântica e alegre, sempre do seu lado, que incentivava Victor a não abdicar dos seus sonhos.


A partir do momento em que Victor Frankenstein recebe a notícia de que o avô lhe deixara um castelo na Transilvânia, o público percebe que a história abandonará o tom de tristeza para enveredar por um rumo mais emocionante.


Mas calma, ainda há uma etapa importantíssima a ultrapassar: convencer Victor a interessar-se pela viagem até à Roménia. Graças à personagem de Zita Milene, que sempre sonhara em ser princesa, embarcamos com o herdeiro e a sua namorada numa viagem até ao castelo, por intermédio de mudanças de cenário bem conseguidas.
Na Transilvânia, o casal é recebido por Igor, o solitário assistente do avô (André Nunes) e Frau Blücher, a assistente pessoal das experiências do avô (Sofia Ramos). Perante o antigo laboratório e o caderno de apontamentos das descobertas científicas de Frankenstein, reaviva-se em Victor a vontade de concluir as experiências do avô. Se é boa ideia ou um desastre eminente, pouco importa ao público, já de tal forma embrenhado na história que está capaz de subir ao palco para ajudar nos preparativos. Depois de ligado o para-raios e de consultado o Borda d’Água, resta-nos esperar (em pulgas) pela tempestade perfeita.

Sem colocar em perigo o elenco ou os espectadores, um curto-circuito dá vida a uma criatura que, pela aparência nada assustadora, é pouco provável que chame turistas ao castelo e ajude na subsistência da família. De baixa estatura, Frankie (Ricardo Raposo) é um monstrinho infeliz que desejava muito ser como os outros monstros — peludo, grande e de meter medo. Será que Maldora (Brienne Keller), a sobrinha de Victor Frankenstein, conseguirá fazê-lo perceber o seu valor? Através do poder da amizade, poderá ela ensinar-lhe que todas as criaturas são importantes no mundo, por mais pequenas que sejam?

Frankenstiny, com encenação de Jorge Gomes Ribeiro (que assina o texto com Pedro Martinho), é uma sequela infantojuvenil divertida da famosa obra Frankenstein, da autora britânica Mary Shelly. Conta com sete músicas originais de Diogo Sotto-Mayor, na direção musical. A cenografia é de Marta Fernandes da Silva e Jorge Gomes Ribeiro, a coreografia de Laura Póvoa, com Rita Olivença nos figurinos.


A peça, que transmite uma mensagem bastante atual de aceitação das diferenças e do elogio da originalidade, conta com o desempenho irrepreensível de André Nunes, Brienne Keller, Pedro Pernas, Sofia Ramos, Zita Milene e Ricardo Raposo. De destacar a química notável entre as personagens, principalmente entre Frankie (Ricardo Raposo) e Maldora (Brienne Keller), o ponto alto do musical.


Podem conhecer esta história de terror científico para os mais pequenos até dia 17 de dezembro, no Teatro Villaret, em Lisboa. As sessões são aos sábados, às 16 h, e aos domingos, às 11 h. Os bilhetes custam 12 euros e podem ser adquiridos online nos locais habituais ou na bilheteira do teatro.

Afinem as vozes, pelo sim pelo não. Antes de as cortinas se fecharem, podem ser convidados a cantar também.