Crítica a «Os Horrores de Hawkins», de Matthew J. Gilbert
Sempre que entramos em Hawkins, sabemos que algo medonho nos espera.
Matthew J. Gilbert pegou no universo da popular série Stranger Things e criou uma compilação de contos que vão aterrorizar uma nova geração de leitores. Embora alguns consigam esse efeito melhor do que outros, o leitor dá por si sentado no chão do videoclube, ao lado das personagens, totalmente embrenhado nas histórias que elas alegam ser verídicas.
Recomendado para 12+
Algures entre a terceira e a quarta temporadas da série de culto, o livro inicia com o frenesim de Dustin, Mike, Lucas, Nancy, Max e Erica. Querem chegar ao videoclube a tempo de alugar um filme. Ao entrarem na loja antes de esta fechar, são recebidos por Steve e Robin, mas percebem que um apagão lhes alterou os planos. O que fazer até a eletricidade voltar? Partilhar boatos assustadores, iluminados pelas lanternas, para passar o tempo.
Os temas são variados. Entre um ou outro rumor que ouviram na escola, as personagens relativizam o assunto, recordando várias vezes umas às outras (e aos leitores também) que Hawkins é um lugar onde estas e outras coisas bem piores (como o Mundo Invertido) acontecem com frequência. Já sabemos que assustar este grupo não é tarefa fácil.
O Asilo de Pennhurst ― que albergou o famoso assassino em série Jimmy Ray Cutts ―, a Penitenciária, o Lago dos Enamorados e outros locais mais ou menos conhecidos são cenários de acontecimentos misteriosos e sobrenaturais. Deparamos com um urso de peluche controlado por uma força paranormal, um dado de 20 lados com uma maldição, uma garagem de um exterminador que esconde mais do que esperávamos e perseguições que nos deixam a transpirar até ao seu desfecho. Se o leitor não sabia, fica agora a saber, para referência futura: mergulhar em lagos à noite é uma péssima ideia e rituais em luas de sangue trazem sempre a desgraça.
O livro Os Horrores de Hawkins, publicado em Portugal pela Nuvem de Tinta, do grupo editorial Penguin Random House, apresenta-nos contos interligados entre si pelas personagens. No fim da narrativa anterior, já estamos com um pé na próxima história, e a curiosidade impede-nos de pousar o livro. Para os leitores que não se deixam levar com tanta facilidade, os contos têm o tamanho ideal para serem lidos em vários dias ou noites. Prolongar o terror permite-nos sempre desfrutar das histórias com mais calma.
Se gostam da ambiência de Arrepios de R. L. Stine e se pelam por ver filmes como Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro e séries como O Clube da Meia-Noite, então este livro já devia estar na vossa prateleira. Não é somente para fãs de Stranger Things, mas para todos os leitores ávidos de terror juvenil que apreciem ler contos assustadores de lanterna, debaixo do lençol.
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Marta Nazaré
Marta Nazaré, nascida em Lisboa, a 5 de março de 1981, é formada em Letras e Tradução de Inglês. Dedica-se a tempo inteiro à tradução de livros infantojuvenis e à legendagem de filmes e séries.
Descobriu o terror em tenra idade na papelaria do bairro que vendia a coleção «Arrepios», de R. L. Stine. Ainda hoje, o terror infantojuvenil é o seu género preferido.