Entrevista à autora Ana Rita Garcia

Vencedora do Prémio Ataegina Conto Original 2024.

«Já me tinha dado um prazer enorme participar no In/sanidade. Já me tinha dado um prazer enorme ver o meu conto na coletânea de contos da Fábrica do Terror. Mas, quando vi Os Acasos Improváveis de Mister Rayleigh impresso na minha mão e vi só meu nome, só eu, foi uma sensação muito boa e viciante, que quero outra vez e mais.»

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Sandra Henriques

Integrou a antologia In/sanidade (Editorial Divergência, 2023), publicou «Colecionadora» no número 6 da revista Palavrar e tem vários contos na Fábrica do Terror. Em 2024, foi a vencedora do Prémio Ataegina para Conto Original, com Os Acasos Improváveis de Mister Rayleigh. Está quase a terminar um romance e a pensar em começar outro. Talvez, esperamos, o livro de estreia de Ana Rita Garcia chegue em 2025.

 

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Rita, obrigada pela tua disponibilidade para esta entrevista. Ganhaste o Prémio Ataegina para Melhor Conto Original em 2024. Sentes que existe uma autora antes da distinção e outra depois? Mudou alguma coisa na tua forma de escrever, de criar?

Antes de mais, agradeço muito à Fábrica do Terror por me darem esta oportunidade de falar contigo e, de certa forma, falar um bocadinho para as pessoas que hipoteticamente possam ler o meu conto, tanto o do prémio Ataegina como os outros. Se sinto que mudou alguma coisa antes e depois do prémio? Mais responsabilidade. Acho que sinto um peso, como se agora fosse obrigada a fazer qualquer coisa melhor ainda do que aquilo que já fiz. Ou a responsabilidade de pôr cá para fora alguma coisa maior em termos de quantidade de palavras e mostrar que mereço, que o prémio foi bem entregue. É um bocadinho aquela pressão que sentimos na escola quando temos um 20 no primeiro período e agora temos de ter 20 o resto do ano, não é? 

Mas, usando a tua analogia, mesmo que não tenhas um 20 no resto do ano, também é tranquilo. Percebo o que dizes, esse peso de «ganhei um prémio, se calhar, daqui para a frente, não posso falhar», já não podes «brincar» a publicar contos. Já tinhas participado noutros concursos ou este foi o primeiro?

Tinha participado em open calls e nem todas foram selecionadas. As que foram, tu identificaste [Palavrar, In/sanidade, Fábrica do Terror], mas, pelo caminho, houve muitos nãos. Claro que isso também é grande parte da vida e da escrita. 

Como é que lidas com a rejeição? Como raramente há feedback, consegues olhar para o conto rejeitado de forma analítica e perceberes o que pode não ter resultado?

No início, levava o não muito a peito. Lembro-me de que, com o primeiro e o segundo, pensei «bem, eu sou mesmo um embuste, não vale a pena continuar a insistir, portanto vou parar com isto». Com o tempo e persistência, melhora. Escrever dá-me muito prazer. Ou seja, apesar de ter recebido os nãos, não parei de escrever, e houve ali uma curva de motivação. Estava a fazer isso só para mim até começar a sentir um bocadinho de orgulho no que estava a escrever e começar a tentar [submeter contos] de novo. Quando voltei a tentar, houve um pequenino sim aqui, depois outro ali, e aos poucos fui sentindo mais motivação para continuar. Mas agora, quando recebo um não, ainda dá um bocadinho aquela raivazinha de «caramba, mas porquê? O que é que não está bem aqui?» e vou olhar outra vez e perceber como é que podia ter feito melhor. Já encaro mais como um desafio a mim mesma do que como encarava antes, que era mais como uma agressão e uma perda total de confiança. 

A rejeição é sempre uma coisa muito «má» no sentido em que passaste dias, horas ou semanas à volta daquele texto. E depois, não recebes feedback. Reescreves esses contos rejeitados ou pões completamente de lado, na gaveta, e não voltas a olhar para eles?

Os que reescrevi e tentei enviar outra vez voltaram a bater na trave. Agora, quando bate na trave, arrumo na gaveta e pronto. Não vale a pena, não é por aí. Hei de ter outras ideias. 

Às vezes, leio coisas antigas minhas e penso «não». Foi uma fase daquela autora, não funcionaria agora. 

Sim, aquilo que sinto, também, é que uma coisa é a energia que pões naquilo que escreves e o que vês na cabeça quando estás a escrever. E aquilo que percebi é que nem sempre a pessoa que lê vê o que tu vês. Portanto, sinto que aqueles contos que de facto passaram e foram aceites e publicados foram contos em que consegui aproximar mais [o texto] àquilo que tinha na cabeça. Às vezes, quando deixei propositadamente coisas mais ambíguas, as pessoas sentiram isso de forma ambígua. 

Já li coisas tuas em vários géneros. Não escreves só num género, mas tens um estilo próprio, ou seja, mais ninguém poderia escrever aquilo a não ser a Ana Rita Garcia. 

Ainda ninguém me tinha dito isso dessa forma, muito obrigada.


Não quero dar spoiler do conto premiado, mas o que é que consegues dizer sobre Os Acasos Improváveis de Mister Rayleigh

É uma aventura passada no final dos anos 1800, numa Coimbra um pouco steampunk, e é um bocadinho ao estilo Júlio Verne. Tudo começa quando as minhas duas personagens principais, uma delas o Mister Rayleigh, se cruzam numa plataforma de comboios, na estação de Coimbra B. 

Porquê Coimbra? Tens alguma ligação com a cidade? 

Foi um acaso. Não tenho uma relação enorme com a cidade, apesar de ser uma cidade de que gosto muito. Visitei-a em várias alturas da minha vida, passei muitas vezes de Alfa Pendular por Coimbra B e sempre achei muita piada ao facto de Coimbra ter duas estações de comboio, Coimbra A e Coimbra B. E diverti-me a imaginar todas as situações cómicas de incompreensão entre duas estações. Claro que isso deve ser extremamente desagradável para as pessoas, mas, na minha cabeça, tinha sempre piada. E, já abrindo mais o leque do que se passa na história, na minha última viagem a Coimbra, fui com a minha irmã de comboio, sem carro. Ou seja, tivemos de andar muito, a descobrir a cidade um bocadinho ao calhas, sem ter necessariamente estudado o percurso. É há uma rua que é crucial na história, a Rua do Quebra-Costas. Achei que a rua era uma pérola da cidade, em termos físicos, geográficos, quase um palco para acontecer qualquer coisa. Para quem não conhece, a rua é toda feita de escadinhas, muito íngreme, ladeada por prédios que parecem encavalitados uns nos outros. Há ali qualquer coisa de cenário de teatro. Quando lá passei com a minha irmã, aquela imagem ficou-me na cabeça. Não foi consciente no sentido de «tenho de escrever uma história que se passa aqui», mas fiquei sempre a namorar aquela rua. Quando comecei a escrever uma história que se passava numa plataforma de comboios, de repente estava em Coimbra.

Não sou geralmente grande fã de distopias, muito menos de distopias steampunk. Não é que não leia, mas não é algo que me atraia por aí além. Mas o que conseguiste com este conto foi precisamente fazer com que eu, por um momento, me esquecesse do ano em que aquilo se passava, porque estava fixada em Coimbra. Esta história podia perfeitamente ter acontecido. Tiveste de pesquisar muito a parte técnica? Porque é uma distopia, mas tem um bocadinho de ficção científica.

O processo foi muito engraçado. Como já leste, sabes que, logo no início, acontece algo àqueles duas personagens. Há um evento muito atípico, e eles são os únicos a testemunhá-lo. Depois, vão tentar descobrir que evento foi aquele, o que é que, de facto, lhes aconteceu. Foi muito giro porque, durante uma boa parte da escrita do conto, não fazia ideia do que lhes tinha acontecido. Foi aí que comecei a mergulhar numa pesquisa que, primeiro, foi histórica: que pessoas estavam vivas na altura, que temas estavam a ser estudados. Claro que também ajudou imenso ter casado com um engenheiro que adora tudo o que é ficção científica. Ajudou muito para tirar dúvidas, ajudou muito para me direcionar. Cheguei a ler artigos de revista sobre o tema, que depois utilizo para explicar o evento. Alguns dos exemplos no texto foram exemplos que o meu marido me deu de forma a conseguir visualizar melhor aqueles conceitos mais complicados da Física. Portanto, sinto que descobri, juntamente com os meus personagens, o que lhes tinha acontecido, porque não havia outra maneira de fazer isto. Estás à espera de um comboio, não há nada de extraordinário. Que haja um acidente, seja o que for, mas não há nada de extraordinário que possa acontecer. E de repente, a história vai desenrolando. 

Já te disse que acho que o conto sozinho funciona muito bem, está contido. Por um lado, a história está contada se a autora não quiser continuar. Por outro lado, gostava de saber o que acontece a seguir. Uma espécie de série de aventuras? Não sei se é algo que ponderas fazer. 

A forma como escrevi o final foi propositada, quis oferecer às pessoas a possibilidade de imaginarem o que lhes aconteceu a seguir. Imaginarem todos os diferentes cenários para os quais podiam ter ido. E, sinceramente, não sei. Neste momento, não sei dizer. Da mesma maneira que não sabia dizer quando comecei a escrever o conto. Algumas pessoas já me perguntaram se vou continuar a história ou se haverá mais aventuras. Neste momento, não está em cima da mesa. Não há um ficheiro escondido no meu computador com uma continuação. Aquilo que posso dizer é que, da mesma forma que descobri o conto e descobri a aventura [à medida que escrevia], não está fora de questão aparecer-me na cabeça uma segunda aventura, uma terceira, ou uma quarta, ou uma série, qualquer coisa. 

Às vezes, é isso. A história aparece, as personagens aparecem, tu vais atrás. Às vezes, corre bem; outras vezes, não. Não há aqui uma fórmula. Sei que, neste momento, a escrita não é a tua vida profissional. Vens de uma área diferente, mas igualmente criativa.

Sim, é uma área que, no papel, é criativa, mas que, no dia a dia, na vida real, é muito enfadonha. 

É por isso que vais para a escrita, é o teu escape? 

Sim, ajuda muito.

E continuas a publicar, pelo menos no Linhas Soltas, o blogue do teu site profissional.

É uma espécie de blogue onde vou pondo alguns exercícios de escrita criativa e que não têm necessariamente lugar numa open call, mas que, mesmo assim, tenho vontade de partilhar. Costumo fazer muitos exercícios de escrita criativa a abrir um livro, tirar uma frase, tirar uma palavra, pôr 10 minutos no cronómetro e ver o que sai. Para a percentagem de coisas que partilho, há milhentas que estão escondidas e que nunca verão a luz do dia. Portanto, só ponho cá para fora aquelas das quais me orgulho minimamente. 

Manténs o blogue de opinião sobre livros? 

Sim, foi algo que tentei explorar, para ver como me sentia. A verdade é que, às vezes, leio livros que me dão muita vontade de fazer uma review; outras vezes, menos. Outras vezes, há livros que dão vontade de fazer críticas mais duras, mas também parece injusto e tenho mais vontade de falar com as pessoas do que propriamente fazer críticas injustas. Portanto, é um terreno que ainda estou a tatear e a tentar ver se funciona para mim ou não. 

Em que próximos projetos estás a trabalhar? 

Tenho um dossier daqueles escondidos numa pasta do computador cheio de ficheiros de ideias, incluindo aquele que está mais próximo de ser concretizado. Mas é daquelas coisas… Acho que falta escrever três capítulos, mas só quando começar a escrever é que vou perceber exatamente quanto falta. Diria que esse meu projeto é aquele que está mais perto de sair. Estavas a dizer que escrevo muitos géneros, e este é muito diferente daquilo que escrevi para o prémio Ataegina. Adorava poder dizer que é realismo mágico, mas está um bocadinho longe disso. É uma história que já trago comigo há dois ou três anos e que gostava de ter tempo para finalizar e para encontrar alguém que queira trazê-la cá para fora.

O primeiro romance de Ana Rita Garcia a sair em breve?

Gostava muito. Sim, é esse o meu objetivo. 

Tens vários contos publicados na Fábrica do Terror. Um deles, «Favorito», foi um dos mais lidos de 2023. Dizes na tua biografia de autora que não escolhes o género quando estás a escrever uma história. 

Exatamente. Quando começo a escrever, nunca sei o que vai sair dali. Só depois de uma frase ou duas é que começa — e isto parece conversa de gente doida — a ter um sentimento de para onde quero ir e que lentamente se vai materializando. Gosto de dizer, quando chego ao fim, que sei aquilo que quero fazer, mas às vezes é com uma revisão ou duas, para aprimorar a ideia que quero trazer para cada conto. 

O exercício ao contrário também é interessante, se bem que é mais cansativo. Quando tens de te obrigar a escrever num género específico, como é o caso de algumas open calls

Foram poucas as open calls em que vi o tema e fui escrever para o tema. Normalmente, vejo o tema e vou ao meu arquivo para ver o que tenho que se pode enquadrar. Apesar de, no dia a dia, ser a maníaca das organizações e da estrutura, e o meu trabalho ter de estar estruturado, em que há um processo para tudo, quando começo a escrever, é exatamente o oposto. Tem de ser natural e tem de sair, e não consigo escrever para um género específico. Mas aquilo que vende é quando conseguimos meter os autores todos nas caixinhas, não é? 

É um dilema. Ou escreves aquilo que queres ou adaptas-te ao que o mercado quer. Faço-te esta pergunta como uma provocação: o que escolherias entre escrever exatamente aquilo que uma editora quer, e publicar dez livros, ou continuar a escrever da forma como queres e só publicares um? E, obviamente, que daqui a umas semanas ou uns meses podes ter mudado de ideias.

Se calhar, vai soar assim, não sei, um bocadinho inconsequente, mas já pensei nisso ou já estive em conversas com amigos que também escrevem e refleti sobre o assunto. Acho que preferia desbravar o mercado editorial às cegas, com uma coisa que escrevi, do que ter um contrato garantido com uma coisa que dizem que vai vender e que não é necessariamente aquilo que sou. Quando começo a teclar no computador, é uma coisa que é minha, reflete aquilo que sou e, acima de tudo, é algo que consigo defender, pela qual me apaixonei. É toda uma relação com aquilo que escreves, que é muito mais íntima do que «agora tens de escrever sobre isto, porque é isto que está a vender». Não duvido que acabasse por escrever qualquer coisa, mas acho que a sofrer bastante no processo e, quando viesse cá para fora, ia sentir «tudo bem, mas isto não sou eu». Ia sofrer psicologicamente bastante com isso. 

O nosso mercado é pequeno. No mercado americano, por exemplo, há muitas editoras independentes, é mais «fácil» encontrar uma casa para as histórias. Alguma vez escreveste ficção em inglês?

Acho que, em 2010 ou em 2009, tentei escrever em inglês precisamente por achar que o mercado editorial português é pequenino. Na altura, era mais pequeno ainda. Sinto que agora houve uma grande diferença, talvez desde a COVID. Não sei se teve alguma coisa a ver com os confinamentos ou com a nova forma de viver, de nos relacionarmos uns com os outros, mas sinto que está muito melhor. Na altura, não era o caso, e sentia que, se escrevesse em português, nunca iria conseguir criar um público ou despertar o interesse das pessoas, então tentei escrever em inglês. Aquilo que eu senti — e claro, isto é uma experiência muito pessoal, não tem nada a ver com o que outras pessoas possam sentir — era que, quando estava a escrever em inglês, não conseguia imprimir sentimento sincero ao que escrevia. Ou talvez me faltasse vocabulário. Se tivesse mais vocabulário, conseguia que fosse uma escrita mais rica? Acho que, no Mister Rayleigh, consegui isso. O que me diverte mais a escrever até é brincar com as palavras. É a música por trás das frases, a língua cantada, é poesia sem ser poesia. E isso, para mim, é mais fácil de fazer em português. Acho que temos muita sorte em ter uma língua tão rica e ter tantos sinónimos. E, às vezes, não são sinónimos, são pequenas nuances que nos ajudam a dar a imagem que queremos transmitir. Agora, vai parecer um bocadinho doido, mas costumo escrever com o dicionário muito perto de mim, porque, às vezes, quero descrever o que está na minha cabeça e não tenho palavras para isso. Tenho de ter a certeza daquilo que estou a dizer. Há toda uma riqueza na língua portuguesa que não consegui ter quando tentei escrever em inglês.

Esperamos pelo teu romance em 2025, já só faltam três capítulos, por isso, está quase.

Vamos ver se as personagens concordam contigo.

Vão concordar, de certeza. Um romance tem, no mínimo 50 000 palavras.

Já estou com 53 000, portanto estou bem encaminhada. [risos] 

Não sei se vai ter realismo mágico à mistura, mas vai ser um livro Ana Rita Garcia, disso tenho a certeza. «Colecionadora», que saiu na Palavrar, é um conto muito triste, mas tudo faz sentido naquela angústia. Porque começas a escrever as coisas de uma forma muito natural, como se só estivesses a contar um episódio do quotidiano, e aos poucos vais desvendando ao ponto de o leitor já estar tão investido naquela personagem que, mesmo que queira parar de ler, porque vai trazer sofrimento no final, já não consegue. Portanto, além do romance, o que é que ainda vais publicar em 2025?

[risos] Fiz um acordo comigo própria de, pelo menos até ao final de janeiro, terminar este romance que tenho em mãos, porque já chega, anda a arrastar-se há demasiado tempo. Preciso de o terminar para poder passar a outra coisa. Uma pessoa anda nas redes sociais e vai vendo open calls, mas, pelo menos até janeiro, vou tentar resistir a essa tentação. Entre janeiro e o fim de junho, [quero] deitar cá para fora uma das ideias, que tenho muito bem estruturada na minha cabeça, para o Prémio António de Macedo. 

Sendo um prémio para romances de ficção especulativa, achas que vais mais pelo terror? Mais para a ficção científica? 

É daquelas ideias que estão aqui na cabeça há muito tempo. É muito difícil pôr etiquetas nisto, mas ficção especulativa com certeza absoluta, no sentido em que vai ter fantasia de certeza, vai ter steampunk de certeza. Ficção científica misturada com aquela fantasia mais arcana. Não tenho a certeza, detesto pôr etiquetas às coisas. Vai ser uma grande mistura de coisas. Na minha cabeça funciona. No papel, não sei. 

Quer dizer que há a grande possibilidade de, em 2025, teres dois romances escritos, pelo menos. Mais livros em nome próprio.

Já me tinha dado um prazer enorme participar no In/sanidade. Já me tinha dado um prazer enorme ver o meu conto na coletânea de contos da Fábrica do Terror. Mas, quando vi Os Acasos Improváveis de Mister Rayleigh impresso na minha mão e vi só o meu nome, só eu, foi uma sensação muito boa e viciante, que quero outra vez e mais. 

Essa é a outra parte boa de ganhar o prémio, além da parte monetária, claro. Tens esse duplo reconhecimento.

É uma iniciativa fantástica da Imaginauta. Ainda para mais, este ano [2024], não só houve a categoria de conto original, mas a categoria de obra publicada [cujo vencedor foi Enquanto o Fim Não Vem, de Mafalda Santos]. E quando foi anunciado o meu prémio, num painel com outros vencedores, [tive aquele momento] «caramba, a Mafalda Santos estava ali sentada». E é incrível e muito surreal, e repito isto várias vezes para tentar convencer-me de que é mesmo real: estive sentada ao lado da Mafalda Santos, a dar autógrafos. 

Obrigada por esta entrevista. Espero que continues a escrever mais terror, nós continuamos a ter as portas abertas.

Acho que é inevitável. Tenho terror nas veias, ele acaba por sair de vez em quando e não há volta a dar. [risos]

 

Nota editorial: 

A versão em áudio pode não corresponder na totalidade ao texto que aqui publicamos. A versão em texto da entrevista foi editada para, entre outros aspetos, limar traços de oralidade e condensar algumas respostas por uma questão de coerência.