Entrevista ao realizador Fernando Alle

«Houve bastante sofrimento a fazer o Mutant Blast, mas não trocaria isso por nada neste mundo»

Apesar de Fernando Alle não se considerar uma estrela do cinema de género português, eu lembro-me bem do burburinho entre os fãs de terror quando se soube do Mutant Blast, o filme português coproduzido pela Troma (com um cameo do próprio Lloyd Kaufman).

Nesta entrevista, conversámos sobre a vida dos filmes, a luta de fazer cinema de género em Portugal e o que se podia fazer no futuro, com muita leveza e sentido de humor. Alle aproveitou também para, de coração aberto, dar conselhos aos futuros cineastas portugueses, baseados na experiência de fazer a sua primeira longa-metragem.

FOTOS: RITA UMBELINO

Sandra Henriques

O nosso livro está à venda!

Tu não és propriamente um «estranho» no cinema de género português. Não sei se te reconheces como tal.

Não muito. [risos] Se calhar, não sei. Ainda sinto que estou na luta. No outro dia, apareceu o meu nome como uma das perguntas [do concurso da RTP] Joker, mas não fazia parte das perguntas fáceis. Se fosse um dos famosos, apareceria logo nas primeiras perguntas! [risos] Então, ainda não estou lá! [risos]

E a pessoa ao menos acertou na resposta?

Não, nunca tinha ouvido falar de mim. A pergunta era «qual foi a primeira longa-metragem do Fernando Alle?» e a pessoa falhou redondamente.

Começas com a curta-metragem Papá Wrestling, em 2009?

Sim, [antes disso] tinha feito duas curtas em contexto escolar, acho que não contam. Por isso, faz mais sentido considerar como primeira a curta que levei a cabo pelos meus próprios meios, sozinho. Também porque foi a que teve uma vida. Fiz outras duas curtas-metragens, uma delas chegou a passar no MOTELX, a outra passou no Fantasporto, mas passaram em dois festivais e morreram aí. O Papá Wrestling teve imensas visualizações no YouTube, esteve em mais de 30 festivais, ganhou prémios. Então, foi assim a minha primeira curta-metragem com vida.

Quando é que começas a fazer cinema de terror? Tu tens um estilo muito particular, mas não sei se o consideras como cinema de terror, se é esse o teu objetivo.

Não, eu até acho que sempre foi um bocado por onde tenho caminhado. Não quer dizer que não possa fazer um drama romântico, não tenho preconceito com nenhum género. E o facto de saber que existe um preconceito contra o género faz com que sinta a necessidade de provar aos outros que não é só terror, que também sei fazer outras coisas. Sinto um bocado de medo de ser posto numa caixa, porque obviamente o terror é visto com menos respeito do que outros géneros. Só é bom se for antigo, respeitam os filmes de terror antigos. Mas, hoje em dia, qualquer coisa que se faça… E também com a comédia. As pessoas com uma mente mais elitista respeitam o Chaplin, o Buster Keaton, os Irmãos Marx, mas depois, se calhar, não respeitam uma comédia do Seth Rogen. Só a título de exemplo.

E como é que chegas à Troma? Ou como é que a Troma chega a ti?

Quando fizemos as curtas-metragens, uma delas passou num festival em Espanha, e ele [Lloyd Kaufman] era convidado lá e trocámos contactos. Eles distribuíram o Papá Wrestling e o Banana Motherfucker em DVD nos Estados Unidos, isto já há 10 anos (2012), e perguntaram-me se eu tinha interesse em fazer um filme. Ofereceram-me meio tostão e eu, ingenuamente, pensava que, se se consegue fazer uma curta-metragem por 1000 €, uma longa-metragem é 10 vezes mais trabalho, logo, deves conseguir fazer por 10 000 € ou 15 000 €. Mas não. Dá 100 vezes mais trabalho. [risos] Quando estamos a fazer uma curta-metragem, vamos filmar cinco dias e é muito mais fácil arranjar os atores, a equipa. No caso do Mutant Blast, como tínhamos pouco dinheiro para pagar às pessoas, e elas tinham as suas vidas e trabalhos, filmámos maioritariamente aos fins de semana, e isto é uma coisa impensável. As pessoas, quando vão filmar um filme, estão três semanas, um mês e meio, o que for. Fazer um filme assim às mijinhas implicou todo um tipo de circunstâncias que acabam por ser desgastantes para fazer uma longa. É por isso que é preciso dinheiro, condições. Às vezes, vejo entrevistas de pessoas já bem-sucedidas a dizer: «ah, hoje em dia, com as câmaras que há, uma pessoa consegue fazer um filme com um telefone». Se calhar, sim, mas fazer um filme é muito caro, precisas de ter cabeça para isso também. Se uma pessoa trabalha muito, chega ao fim de semana e, se calhar, quer estar a descansar. Fazer este filme foi uma demanda enorme, porque é uma longa-metragem com imensos efeitos especiais, com zombies, uma ratazana gigante, uma lagosta gigante, um golfinho, e é tudo um aparato enorme.

Mas nesse argumento de que, hoje em dia, se pode fazer um filme com um telemóvel, esquecem-se de tudo o resto: pagar equipas, etc.

Exacto! Há equipas para pagar! Se fores pagar 1000 € a cada membro da equipa e tiveres uma equipa de 20 pessoas, já são 20 000 €. E é um bocado a luta. Tenho coisas a reclamar do ICA e também tenho coisas a agradecer, porque foi graças a eles que tive oportunidade de fazer o Mutant Blast com as condições que tive. O dinheiro foi pouco, mas, para mim, foi muito bem-vindo. Continuo agora com projetos e a tentar submeter, mas sempre sem grandes esperanças. Como estamos a lidar com um género pouco respeitado, gostava que houvesse um júri que olhasse e dissesse: «eu não gosto de terror, mas isto está bom». Se o projeto está bem fundamentado, está bem escrito, recusa-se por causa do gosto pessoal? É a tal questão de o subjetivo não se sobrepor ao objetivo, senão estamos a limitar tudo à política de gosto. Não sei qual é a solução, nenhuma solução agrada a toda a gente. Por exemplo, no ano em que o Mutant Blast ganhou, foi quando houve mudanças nas regras do júri, e até acho que foi dos anos mais benéficos para o cinema português. Foi o ano em que foi aprovado o meu projeto, o Variações. No ano seguinte, foi aprovado o Listen. Acho que foi mais justo nesses dois anos. Agora, já é diferente outra vez. Não sei mesmo qual seria a solução. Talvez concursos anónimos, em duas fases. Na primeira fase, um argumento anónimo; na segunda fase, apresentava-se o resto do projeto, o currículo, o orçamento, etc.

Achas que, com a abertura das plataformas de streaming às produções portuguesas, alguma coisa vai mudar? 

Pelo que sei da Netflix, eles estão mais interessados em séries do que em fazer longas-metragens. Mas acho que seria bastante positivo arranjar uma coprodução com uma dessas plataformas e lançar o filme nos cinemas cá e nas plataformas de streaming no resto do mundo. Há muitos filmes que fazem assim, e eu acho que é o que faz sentido. Acho que, no caso do Mutant Blast, o filme não teve tanto sucesso nos cinemas, mas acho que é possível ter esse sucesso. Acho que esse público existe.

O que achas que esteve na origem desse «insucesso»? 

O filme foi distribuído de forma independente. Contactámos certas distribuidoras que não queriam sequer ver o filme. É uma coisa que acho estranha, porque pensas: «mas então esta distribuidora distribuiu este filme português e depois não quer sequer ver isto». Convidámos uma série de distribuidoras para ir ver o filme ao ICA, e não percebo por que é que alguém não há de dizer «olha, vamos ver, vamos conhecer», mesmo que não estejam abertos a novas distribuições, porque podem já ter esgotado o orçamento do ano e há sempre uma data de pormenores que temos de aceitar. Se eu estivesse à frente de uma distribuidora, se não tivesse planos para distribuir mais filmes, mas me enviassem um e-mail com um convite para ir ver o filme, se calhar ia ver só para me dar a conhecer. Tivemos muitas portas fechadas, que eu sinto [que ainda acontece muito] aqui em Portugal e muito menos no estrangeiro, o que me causa alguma angústia.

E não é por falta de público, porque nós sabemos que há público para o terror em Portugal.

Exacto, e é possível captar essa gente. Nós estreámos no cinema, e houve pessoas que são fãs de terror e que conheciam a Troma, mas que nem sabiam da existência do filme. Só ficaram a saber depois, e não tínhamos como ter cartazes no metro, nos autocarros, foi uma comunicação bastante digital, a contar com os cartazes no cinema e que passassem os trailers à frente dos filmes. Alguns dos cinemas aceitaram ficar com o filme, mas depois não passaram os trailers e foi uma luta. Acho que o filme tem tido mais vida do que outros filmes portugueses que, às vezes, têm dezenas de milhares de espectadores. O que é bom. O filme está disponível na RTP Play e tem tido bastante sucesso, porque as pessoas têm ido ver e está grátis! [risos] Não há desculpa nenhuma para não ver. Acho que é bom, porque as pessoas estão cada vez mais a descobrir o filme, e porque, quando o filme estreou, eu não fazia curtas-metragens há quase 10 anos. Agora, se fizer um segundo filme, sinto que o Mutant Blast foi um chamativo para o próximo. O trabalho do Mutant Blast foi para promover o seguinte, por isso espero não demorar muito a fazê-lo.

E já estás a trabalhar no próximo?

Projetos não me faltam. [risos] Se conheceres algum milionário… [risos] Estou a escrever agora um filme e quero filmar no próximo ano. Inclusive, estou a estudar a possibilidade de fazer uma campanha de crowdfunding para complementar o orçamento. Tenho sempre um bocado de receio porque, se for pedir dinheiro a uma produtora por e-mail, se recebo um «não», ninguém sabe. Se lanço um kickstarter e aquilo faz 10 euros, é uma vergonha, uma humilhação pública. Tem de ser muito bem preparado, muito bem promovido, mas é algo que estou a estudar. Porque se não aparecem — pelo menos aqui em Portugal — grandes oportunidades, temos de as criar.

Vai ser de terror?

Sim, por acaso já é o terceiro argumento que escrevi [desde o Mutant Blast]. Escrevi outro, mas é demasiado caro e não consigo fazê-lo com pouco dinheiro. Então, em nome da minha boa saúde mental, vou fazer aquele que é mais simples. Vai ser um slasher, é isso que posso adiantar.

Até lá, vais sempre contando com amigos que te ajudam a fazer os filmes.

Sim, há sempre um grupo de pessoas com vontade de fazer e que acreditam nos projetos que fazemos, mas também acho que era bom termos condições para todos. Não é só porque as pessoas estão dispostas a fazer de graça que vamos fazer de graça. Principalmente quando estamos a falar de uma longa-metragem. As pessoas têm de receber. Acho que os filmes têm de ter uma certa estrutura. Eu olho para o Mutant Blast e não acho que o filme seja um filme amador, mas, em termos de estrutura, não havia uma estrutura profissional. E há um lado disso que eu não quero perder. Não tínhamos hierarquia, e eu gosto desse espírito de as pessoas estarem a fazer um filme juntas e não haver hierarquia.

Isso também ajuda ao espírito do próprio filme. E nota-se isso bem nos teus filmes, não sei se te apercebes disso, se é propositado.

Eu acho que isso está lá. Acho que os filmes têm alma. Acho que se nota quando num filme está lá o coração das pessoas todas.

Consideras o Mutant Blast um filme de zombies anti-zombies?

No caso desse filme, parece que, a meio, se perde o interesse nos zombies e se começa a ganhar mais interesse nas personagens, principalmente na lagosta, e isso foi um bocado o que aconteceu comigo. Quando tive a ideia, em 2011/2012, os zombies ainda não estavam na moda. E à medida que fui escrevendo, quando comecei a pôr a ideia mesmo em papel, já estava a pensar o que é que há de novo para fazer com zombies? Havia o Walking Dead e uma data de filmes de zombies, por isso inventei esse artifício da bomba nuclear que traz mutantes à mistura e que torna o filme mais interessante. Acaba por ser um bocado o meu «já passei a minha fase de zombies, já cresci, já estou noutra». O filme é quase uma carta de despedida aos zombies.

Não farias um filme de zombies outra vez?

Talvez, não sei. A questão é o que é que de novo pode ser feito. Se eu faria um filme de zombies normal? Talvez, não diria que não, mas teria de fazer sentido. Já foi feito tantas vezes. O que é que de novo poderia dar aos espectadores? Ser um filme de zombies em português não é original o suficiente.

E os fãs de terror são bastante exigentes, também.

Sim, mas acho que, no caso do meu estilo, nem é isso. Por exemplo, no caso do Sam Raimi, do Evil Dead, ele próprio admite que o filme deve mais aos Três Estarolas do que ao cinema de terror. E eu sinto que o meu cinema deve mais ao Tom & Jerry, porque, quando estamos a falar de bananas assassinas ou gajos a esmagar uma cabeça de zombie, parece que essas personagens não são feitas de osso, são feitas de papel, com a facilidade com que são esmagadas. É um bocado a lógica dos desenhos animados que levavam um tiro de caçadeira e ficavam com a cara só enfumaçada, uma lógica mais surrealista, sem respeito pelas leis da física. Por isso, se fosse a definir o meu estilo, acho que seria mais de comédia do que de terror. Os meus filmes nem sequer tentam assustar. O que não quer dizer que, um dia, não queira fazer um filme desses.

Se pudesses dar um conselho a alguém que esteja a começar a fazer cinema agora em Portugal, o que é que dirias?

Não deem ouvidos às pessoas que dizem que é fácil fazer filmes, mas, se forem jovens, é altura de aproveitar, é altura de abusar dos amigos, é altura de pedir favores até mais não e conseguem fazer um filme, se tiverem o coração nisso, se estiverem dispostos a sacrificar muitas noites de sono. E também é importante que tenham uma base de apoio de uma equipa. O meu conselho é arranjarem um grupo, uma família de cinema, com uma pessoa que tem interesse em fazer som, uma pessoa que tem interesse em fazer música e que pode ser o compositor do filme, um amigo que quer muito ser ator. Isso pode ajudar muito a fazer um filme. Sinto que também não podem ser só realizadores. Tem de ser uma família cinematográfica em que cada um gosta de estar na sua área.

O cinema em Portugal ainda é muito de guerrilha, não é?

Quem realmente gosta de fazer, arranja maneira. Houve bastante sofrimento a fazer o Mutant Blast, mas não trocaria isso por nada neste mundo. Quem é que gosta de estar a sofrer? [risos] Se qualquer aspirante a realizador estiver a ler isto e sentir que é isto que gostam de fazer, não desistam. Só tenham a noção de que é tudo muito complicado e que fazer filmes leva muito tempo e dinheiro.

A maioria faz curtas-metragens que passam nos festivais e depois desaparecem.

A minha questão é essa. Onde é que estão os filmes desses realizadores todos que passam curtas-metragens no MOTELX? Curtas-metragens boas, de que o público gosta, que às vezes vão a outros festivais. E não se vê as longas dessas pessoas. Isso tem de mudar.

A perceção que nós aqui na Fábrica temos, de realizadores de algumas curtas que até ganharam prémios, é que nunca mais trabalharam em cinema. Ou que não os conseguimos encontrar.

Mas essas pessoas podem estar aí na luta, porque, se formos bem a ver, eu fiz o Mutant Blast há quatro anos. Parece que estou há quatro anos sem fazer nada. [risos] Mas não é verdade. Sim, se alguém for ao IMDB e vir que fiz um filme em 2019 e que o próximo filme sai em 2023, pensa: «esta pessoa esteve quatro anos sem fazer nada». É essa a impressão que dá. «Porque é que esta pessoa não fez um filme logo a seguir?» Eu teria feito, se houvesse dinheiro. Acho que é possível que essas pessoas estejam aí na luta. Conheço muita gente que está mortinha por filmar e não consegue. Aliás, até há outras questões, porque o Mutant Blast, por exemplo, é um filme série B, que sustenta o facto de ser baixo orçamento. Se quisesse fazer um filme verdadeiramente assustador, precisava, se calhar, de um orçamento maior, o monstro não pode ser feito de papel e látex, tem de ser uma coisa mais realista. É a questão da adaptabilidade do género do filme. Agora, por enquanto, estou bem neste género. Por exemplo, escrevi um argumento de um filme de ação há dois anos e não me passa pela cabeça fazer esse com baixo orçamento, porque a linguagem do filme não pede isso.

E vou dar mais um conselho [aos jovens cineastas]: não cortem o filme na ideia. No caso do Mutant Blast, escrevi o filme ingenuamente a achar que as coisas iam ser fáceis de fazer, e não foram. O filme tem uma ratazana que aparece em dois minutos de filme, mas demorou anos a ser construída. Se, quando estava a escrever, soubesse que a ratazana ia demorar anos, teria cortado a ratazana do filme, e é das cenas mais engraçadas, onde as pessoas mais riem. Por isso, é bom uma pessoa escrever sempre a ideia. Depois, logo se vê. Não mutilem o filme logo ao início. Faz mais sentido cortar ou modificar depois do que logo na génese. Não acho que o filme deva sair prejudicado.

Como é que sentiste, na altura, que foi a receção dos críticos ao Mutant Blast?

Tenho uma história engraçada [sobre isso]. Tivemos uma sessão no ICA para os críticos, antes de o filme estrear nos cinemas. Um deles esteve o tempo inteiro a rir-se, mas deu-lhe uma má classificação. Ou seja, parece que ele gostou, riu-se, mas não pode dar uma boa classificação a isto. É absurdo. É quase lógica de escola: não posso fazer isto senão não sou cool.

E provavelmente pesa na decisão dos espectadores em ver o filme.

Eu acho que pesa. Não estou a dizer que teria muitos mais espectadores, mas, na altura, senti-me muito insultado. Porque estamos a fazer um filme, dá uma trabalheira do caraças, e depois vai lá alguém e mente! Gostou do filme, mas diz que o filme é mau quando a sua reação natural foi rir! Estamos aqui a lutar contra tanta coisa para fazer um filme diferente que obviamente foi uma grande mágoa o filme não ter o sucesso que queríamos. E depois temos mais uma dificuldade que é os críticos mentirem. É não ligar a isso!

O filme também esteve no MOTELX ON TOUR. Como é que foi a receção do público aí?

Ninguém tinha visto o filme, mas duas pessoas já tinham ouvido falar do Mutant Blast. Ou seja, são pessoas com predisposição para irem ver o filme, pessoas que estão longe de Lisboa e que tiveram interesse. Esse público existe e eu acho que há muito snobismo. «Isto é de nicho, isto não vai ter sucesso.» Só que não acredito que isso seja verdade. Acho que há pouco público português, mas acho que há dois fatores que contribuem para isso: não conhecerem e não irem por medo. Não estão para arriscar 7 € no cinema para ver um filme de terror português. O filme agora está disponível na RTP Play. Se as pessoas estão desconfiadas, o que perdem é um clique. É importante que se comece a fazer, que se comece a fazer bem. O cinema de terror português ainda não é uma marca, comparado com um filme de Hollywood. Se há portugueses suficientes para ir ver um filme de terror de Hollywood, não me digam que o terror é nicho! A questão é criar uma marca de terror português.

E cinema, para mim, é vida ou morte. Eu tenho de vingar no cinema, é a única coisa que eu quero fazer, a única coisa que me dá gosto. Não há mundo nenhum em que tenha feito o Mutant Blast e vá agora desistir ou ter um emprego «normal».