Fantasporto 2023: «Stone Turtle», de Woo Ming Jin

Nova sessão: 3 de março, às 23 h 00, na sala 2

«Zahara, uma refugiada sem nacionalidade, vive numa ilha remota na Malásia, a vender ovos de tartaruga no mercado negro. Um dia, chega um homem, Samad, que diz andar a estudar as tartarugas e lhe pede ajuda. Zahara e Samad vivem então uma história cheia de duplicidade e engano. Uma história sobre o passado, o presente e os fantasmas que trazem. Prémio FIPRESCI no Festival de Locarno.» 

Stone Turtle é uma longa-metragem malaia com Woo Ming Jin envolvido na escrita, realização e produção. Transmite-nos a história de Zahara, uma habitante de uma ilha remota e deserta da Malásia que trafica ovos de tartaruga e cujo passado sinistro vai sendo desvendado ao longo de um ciclo de repetições e viagens no tempo misteriosas.

A cena de abertura cria de imediato expectativas bastante elevadas que o filme cumpre apenas no grau incrível de confusão e perplexidade em que deixa o espectador no final da sua hora e meia.

Existem imagens lindíssimas, contraste de cores, um bom desempenho do elenco e uma dose satisfatória de folclore da Malásia durante este loop de vingança e violência em que as personagens estão presas, mas é esse mesmo loop que torna o filme menos entusiasmante. A história repete-se, os meios mudam, mas o fim permanece. Talvez simbolizando o quão a vingança não significa justiça.


Apesar disto, esta história complexa esconde cenas de violência tremenda, assim como injustiças sociais e contrastes entre a sociedade em que vivemos e a sociedade que observamos no ecrã — todos esses motivos passíveis de deixar o espectador perdido em dilemas morais.