«Fresh» (2022)

Um filme de Mimi Cave.

O perigo das aplicações de namoro e encontros é levado ao extremo neste filme de terror gráfico, que conta com Sebastian Stan e Daisy Edgar-Jones. Dei por mim a salivar em algumas das cenas e aplaudo o filme por isso.

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Maria Varanda

Fresh traz-nos a história de Noa (Daisy Edgar Jones), uma jovem mulher à procura do amor em aplicações móveis de encontros, que é sucessivamente desiludida com a qualidade (ou falta de) dos seus encontros e matches. Steve (Sebastian Stan) é um cirurgião plástico que decide apresentar-se a Noa numa mercearia, e os dois acabam por se envolver numa relação que avança depressa para uma escapadinha romântica de um fim de semana.


O problema é quando Noa descobre o apetite invulgar de Steve.

Escrito por Lauryn Kahn e realizado por Mimi Cave, Fresh é um filme altamente atraente no que toca à sua estética. Desde o modo de filmagem ao contraste das cores de certas cenas, Fresh é uma obra de arte aconselhada para maiores de 18. Usando uma ideia tão comum como o risco das apps de encontros, Fresh adiciona uma pitada de sadismo, depravação e uma dieta moralmente questionável. O resultado não se esquece tão rapidamente.

Pode dizer-se que o filme só acontece por uma série de decisões idiotas por parte de Noa, mas não sejam hipócritas: muitos cometeriam o mesmo erro quando cortejados por um cirurgião plástico charmoso e com sentido de humor (e com a carinha laroca do Sebastian Stan — que a mim não me assiste particularmente, mas posso entender o encanto).

Fresh é sobre o instinto de sobrevivência e a capacidade da manipulação feminina quando a própria vida está em risco. É sobre a amizade e o poder feminino. É sobre a valorização da mulher e a ridicularização da pressão em encontrar um parceiro. É sobre aparências enganadoras. E, na cena final em que quase pensamos estar tudo resolvido, é sobre a idiotice de voltar para trás para ir buscar um telemóvel — se não foi propositado, a decisão da personagem é tão idiota que só a posso encarar como outra forma de crítica à sociedade.

O apetite invulgar de Steve é o que dá origem a todo o enredo e ao esquema que forma a rede de apoio ao filme. Desafio-vos a vê-lo todo sem salivar, mesmo tendo plena noção daquilo que estão a ver (se forem vegetarianos, não conta).

Tem falhas? Claro que sim. Mas preferia que as descobrissem sozinhos. Estou demasiado embalada na estética cinematográfica para me preocupar com essas trivialidades.


Fresh está disponível na plataforma de streaming Disney+, um filme original Hulu, e é a Sessão da Noite mais fresca e sumarenta deste ano (desculpem).