Livro recomendado: «Nosferatu: 100 Anos de Terror»

A obra junta os trabalhos de académicos e artistas.

Com coordenação de Claudia J. Fischer e edição de Alexis F. Viegas e Patrícia Sá.

A Fábrica do Terror tinha acabado de abrir portas e já estava a aceitar o convite para ser parceira de comunicação do evento Nosferatu: 100 Anos de Terror, no dia 22 de junho de 2022, no Cinema S. Jorge, em Lisboa. Mais do que a comemoração do centenário do filme de Murnau, marcámos presença porque defendíamos (e continuamos a defender) que o género do terror deve ser visto, debatido, estudado e esmiuçado de todos os ângulos possíveis (e impossíveis). Mas disso já falei antes quando entrevistei os organizadores do evento.

Alexis F. Viegas e Patrícia Sá — com a visão e cabeça fresca das gerações mais novas que vêm (e devem) abanar as estruturas e com o apoio das instituições e das pessoas que cedo perceberam este potencial e lhes deram espaço para serem disruptivos — sabiam que o diálogo sobre o terror, que artistas e académicos desenvolveram durante mais de duas horas no palco do S. Jorge, teria de continuar. E continuará, nas páginas deste livro que partilha o mesmo nome do evento.

O livro está dividido em duas partes: a primeira, reservada aos ensaios académicos e a uma entrevista que o Alexis e a Patrícia tiveram a amabilidade de me fazer (e onde explico por que é que o «meu» Halloween é um filme coming of age e não um slasher); a segunda, dedicada a todos os trabalhos artísticos que foram apresentados no evento e que incluem contos, ilustrações, banda desenhada, filmes e música.

É um livro que não exclui leitores de ficção e não-ficção, apreciadores e não apreciadores do género, académicos e meros curiosos. Parecia impraticável fazer-se um livro que fosse compreendido e aceite por todos, dentro e fora das artes e do mundo académico (ambos têm bastante em comum, afinal), mas ele existe.


Leiam-no com a leveza e mente aberta de quem tem nas mãos um livro que pode (e vai, tenho a certeza) trilhar caminho.


Inclui os ensaios

Nosferatu, Eine Symphonie des Grauens: Uma História de Espectros (Tiago Ramos),

Horror, Terror, and Fear in a “New Age” (Elisabete Lopes),

Queering the Vampire and Illness: A Brief Introduction to Queer Studies and the Vampire (M. Francisca B. B. de Alvarenga) e

A Putrefacção Inevitável: Subsídio para uma Ontologia do Vampiro (Ponderando Nosferatu de Friedrich W. Murnau) (David Soares).

Inclui também 14 obras artísticas, criadas por Ana Catarina Rodrigues, Andreia Esteves, Andreia Torrang, Bianca Burlacchini, Veronica Zagal e Íris Virgílio, J. M. Dias, José Maria Covas, M. J. Lima, Madalena Cardoso, Maria J. Silva, Pedro Lucas Martins, Reviravolta Produção Audiovisual, Paulo Silva e Rui Alex, Samir Karimo, e Susana Silva.

Da esquerda para a direita: Patrícia Sá, Alexis F. Viegas e Claudia J. Fischer