Máscaras artesanais «Crooked Crow Masks»
Charlotte mistura influências nativo-americanas com a cultura tradicional portuguesa
Charlotte, uma mulher de descendência nativo-americana, é a mente por detrás de Crooked Crow Masks. Veio para Portugal em fevereiro de 2020 para assistir ao Carnaval de Trás-os-Montes e do Douro, com especial interesse pelos tão famosos e peculiares Caretos, procurando novas ideias para o negócio já então estabelecido no Alasca. Coincidindo com o início da pandemia, acabou por assentar em Portugal, onde abriu um segundo estúdio e permanece atualmente.
As suas origens nativo-americanas permitem-lhe abordar temáticas de grande pesar e sofrimento, com humor, coragem e um sentido de otimismo que diz ser característico de um povo que tanto sofreu ao longo dos séculos. Também as máscaras e o humor eram usados por esses povos, e é com eles que Charlotte trabalha de um modo moderno e peculiar.
A cultura local tem também a sua influência neste insólito. A artesã fala-nos de como os animais, os espíritos e a cultura portuguesa — também ela uma mistura de diferentes influências que tão bem se assimilaram numa só — a inspiram à criação de novos trabalhos. Faz parte dos seus planos explorar a nossa arte tradicional no que toca à criação de máscaras com produtos biodegradáveis e locais, como o algodão, o cabedal e a ráfia, afirmando que teria muito interesse em trabalhar com artesãos locais que dominem estas artes.
As peculiares obras criadas pela artesã variam entre o adorável, o assustador e o animalesco, e são muitas vezes uma mescla dos três. As suas máscaras podem possuir mais do que uma expressão, revelando as suas facetas sob diferentes ângulos de luz. A multitude de expressões e interpretações que Charlotte consegue incluir numa só criação confere ao seu utilizador (maioritariamente atores para produções cinematográficas ou de fotografia) uma maior amplitude de desempenhos e permite contar dezenas de diferentes histórias.
Ao trabalhar em cada novo projeto, Charlotte tenta encontrar o espírito de cada máscara, seja através de memórias de pessoas específicas, da natureza e dos animais ou do mundo em redor.
Atualmente, está a trabalhar numa série de máscaras que retratam o modo como as crianças imaginam certos monstros. A artesã considera importante e divertido tentarmos aceder ao terror fora da influência da cultura pop — aquele que vem de um nível inconsciente, pessoal e coletivo, explorando a linguagem dos sonhos e dos medos mais profundos e o poder da imaginação.
As máscaras mais aterradoras são um modo de Charlotte expiar os seus demónios ou experiências menos positivas. Pode assim usar a memória de alguém abusivo ou as suas próprias lutas na criação de uma máscara, deixando sempre espaço para a interpretação e imaginação do espectador, considerando aqueles que veem as suas obras como participantes no próprio projeto de criação — é quem olha que as interpreta e cria a arte, ao processar o que estão a ver.
As suas vendas incluem máscaras para o Carnaval, a pedido do norte da América para o Halloween, mas grande parte dos seus trabalhos são para projetos cinematográficos, teatro, ópera, fotografia, música entre outros. Charlotte teve o prazer de ter algumas das suas máscaras utilizadas em fotografias, em colaboração com @munmonster e @mothmeister, e diz-nos que esses trabalhos estão entre os seus favoritos.
Favoritos ou não, todas as máscaras possuem uma história; podem encontrar muitas delas na página do Instagram Crooked Crow Masks, onde Charlotte nos mostra maravilhosos e fantasiosos cenários em cada uma das suas criações.
Se o leitor tem um projeto em mente que seria completo e enriquecido com uma destas fabulosas máscaras, ou se simplesmente procura aprimorar o seu próximo disfarce festivo, recomendamos-lhe o novo insólito da Fábrica do Terror.
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Maria Varanda
Diz-se que nasceu em Portugal em 1994, pelo menos nesta reencarnação. Quando a terceira visão está alinhada, brotam ideias na sua mente que a inquietam e tem de as transcrever para o papel para sossegar o espírito. Chamam-lhe imaginação, mas se calhar as ideias vêm de outro lado, e Maria serve apenas de meio de transmissão. Procura-se quem queira ouvir a mensagem.