«Imaculada» (2024)
Um filme de Michael Mohan.
A TODAS AS PESSOAS QUE FORAM VER IMACULADA PELA SYDNEY SWEENEY: EU AVISEI-VOS.
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25.00 € (com IVA)Eu não sei mesmo o que se passa este ano com a ideia das freiras, mas eu só vejo vestes pretas e brancas em todos os cantos do terror. Nada contra, afinal o mundo religioso e da clausura pode ter bastante de assustador, mas vejam lá se investem as moedas em coisas inovadoras.
Uma jovem e devota noviça americana é convidada para fazer parte de um convento em terras italianas dedicado ao cuidado das irmãs em fim de vida. Lá, descobre que a religião esconde segredos obscuros.
Um clichê nesta apresentação, eu sei, especialmente quando vemos que a freira é uma mulher com o fascinante semblante de Sweeney — há mulheres lindas em todo o lado, mas Hollywood continua a achar que teremos mais empatia se a freira for jeitosa. Uma coisa é certa: aumenta o mercado de espectadores.
Imaculada parece ter investido na direção de atores — isso ou o elenco teve a capacidade de se autogerir com a perícia de um realizador exímio. As personagens têm camadas (como as cebolas) e parecem reais: há jovens dedicadas à religião, jovens mais pragmáticas, amizades, risadas, e sente-se a sensação de dever no cuidado às irmãs mais velhas apesar de esta questão apenas ser usada para contextualizar o convento. Percebe-se isso como importante ao longo do filme, o que, por si só, daria uma película inteira. Percebe quem souber o que faço fora do vosso ecrã.
Escusado será dizer que as imagens do filme são lindas, desde as paisagens ao modo muito estético como certas cenas foram filmadas. O filme também não nos esconde o terror corporal, com algumas imagens bem incorporadas no desenrolar natural da história e no comportamento das personagens. Outras, nem tanto. Muitos irão enrolar-se na cadeira, outros sentirão a bílis na boca, os mais fortes vão aplaudir as escolhas subtis (vá, subtis até à cena final). Para os que ficarem desagradados: a porta é a serventia da casa.
Imaculada perde no desenrolar do clímax, desfiando um pouco da sua congruência e perdendo o ambiente slow burner no valor de choque do fim. Os sustos também são muito à base dos sobressaltos, como seria de esperar num filme mainstream, e Imaculada teria ganho muito se não quisesse agradar às massas.
O filme conseguiu reimaginar, de certa forma, o terror do hábito religioso. E isso, para mim, foi uma surpresa.
Pena tentar fazê-lo ao enaltecer as formas curvilíneas da Sydney Sweeney em todas as cenas possíveis, mas um aplauso à jovem atriz pela corrida sem sutiã; há de ter doído. Gostava de vos poder contar mais sobre como penso que Imaculada conseguiu inovar um pouquinho, mas infelizmente, se falarmos do porquê, irei revelar demasiado — e tenho um emprego a manter.
Não posso garantir que a minha opinião não mude com uma segunda visualização, preciso de mais tempo para digerir o bom e o mau deste filme. Uma coisa, no entanto, é certa: sugiro que o vejam em dias de semana, quando a plebe comum está a trabalhar ou nas aulas: Imaculada tem a sua quantidade de sangue, mas a sala de cinema onde vi o filme arriscou-se a ter muito mais. E à mente iluminada que ainda se atreveu a responder em sala «isto não é terror», respondo-lhe: «senhor, pode não meter medo, mas o terror é transversal e você tem uma mente incapta».
Imaculada não é o filme de terror de 2024, não está sequer na lista para possíveis concorrentes, mas as expectativas eram tão baixinhas, e o sentimento que já corria era de tão pura desilusão, que acabou por mostrar muita coisa interessante escondida nos seus valores de choque, nudez disfarçada e freiras malignas.
Imaculada estreou nos cinemas portugueses em março de 2024.
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Maria Varanda
Diz-se que nasceu em Portugal em 1994, pelo menos nesta reencarnação. Quando a terceira visão está alinhada, brotam ideias na sua mente que a inquietam e tem de as transcrever para o papel para sossegar o espírito. Chamam-lhe imaginação, mas se calhar as ideias vêm de outro lado, e Maria serve apenas de meio de transmissão. Procura-se quem queira ouvir a mensagem.